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segunda-feira, 24 de novembro de 2008

1001 Discos - 0005


The Pharcyde
Bizarre Ride II the Pharcyde
(1992)

Rimas bem temperadas

Criatividade e ousadia. Essas duas palavras ecoaram em minha mente após ouvir esse disco pela primeira vez. Virtudes essenciais para quem se arrisca ao sucesso. Sim, porque todo sucesso é fruto de um risco.

Foi exatamente isso que o grupo de hip hop "The Pharcyde" fez em "Bizarre Ride II". Antes de qualquer coisa, só abro um parênteses antes que digam que minha redação ficou redundante: tudo o que está escrito sobre o álbum "The Chronic" do Dr. Dre se aplica perfeitamente a esse disco do Pharcyde. E vice-versa.

Os dois são discos de rap e hip hop, são contemporâneos e guardam algumas semelhanças e poucas diferenças, bem sutis. O mais interessante a se fazer, então, é pontuar essas diferença entre os discos. Ainda que em "The Chronic" a batida seja boa, tenha suingue e que exista, através dos samples, a influência da música soul negra dos anos 60 e 70, quase tudo no disco é feito de forma eletrônica. É justamente nesse ponto que o "Bizarre Ride II" sai um pouco na frente, na minha opinião.

A primeira faixa "4 Better or 4 Worse (Interlude)" é um prenúncio de algo que poderia ser absolutamente espetacular. Vejam bem, PODERIA SER. Por que "poderia ser" e não "é"? A MÚSICA TEM 0:44 SEGUNDOS!!! Escute e tire suas conclusões. Mesmo assim, não é por ser curta que podemos tirar o crédito do álbum. Isso pode servir como lição em analogia à nossas vidas: "...short but sweet for certain...". A partir daí, o "Bizarre Ride II" segue a fórmula do "The Chronic" e podemos até dizer que com menos competência.

Mesmo com apoio samples muito bem selecionados (James Brown, Donald Byrd, Sly & the Family Stone, The Meters, Quincy Jones, Jimi Hendrix, Roy Ayers and Marvin Gaye) fazendo a base, o grupo "The Pharcyde" faz o rap, mas com muito menos vibração do que Dr. Dre no "The Chronic". Em algumas faixas, para ser bem franco, parece o Gabriel (o Pensador) cantado em inglês. Tem balanço, os músicos são bons, a música pode até ser boazinha, mas você boceja. Isso na primeira impressão, talvez com tempo, ouvindo mais vezes você pegue a "vibe" da música, é até natural que isso aconteça.

No entanto, o aspecto mais interessante do "Bizarre Ride II" não se restringe somente à primeira faixa. Escutando o disco pela primeira vez fiquei com uma idéia de "altos e baixos" na minha cabeça. Como assim?

Porque, se não bastasse essa primeira faixa ser linda, excelente e CURTA, o álbum como um todo é montado de forma tal, que ele intercala diversas músicas dessas mais comuns, do tipo "Gabriel, o Pensador", com outras músicas "lindas, excelentes e CURTAS também". Trocando em miúdos, o disco tem algumas músicas com alguma qualidade e diversas "VINHETAS" brilhantes pululando aqui e acolá. O que exatamente tem de tão bom nessas "vinhetas"?

Elas são tocadas totalmente por uma banda, com instrumentos acústicos. Conforme eu dizia anteriormente, o "The Chronic" é praticamente todo eletrônico, enquanto que o "Bizarre Ride II" talvez por sua tendência mais jazzística conseguiu acertar em cheio nesse escalonamento acústico-remix-acústico de suas faixas.

Inclusive, isso eu não poderia deixar passar, esse som e essa última característica em particular, lembram muito uma ótima banda que meu "cumpádi Robson" me aplicou: o Liquid Soul. Outro contraponto que eu gostaria de fazer entre o "The Chronic" e o nosso álbum tema é o seguinte: por que que, se desconsiderarmos as "vinhetinhas", o "The Chronic" fica esmagadoramente superior ao "Bizarre Ride II"?

Pensando um pouco sobre isso não demorei muito a concluir a idéia. O "Bizarre Ride II" é muito mais voltado pro jazz enquanto que o "The Chronic" pega uma base mais soul. Isso não significa que o ESTILO musical "soul" seja melhor que "jazz". Um comparação assim não tem o menor fundamento. Acontece que, com o "rap", o "soul" parece fazer um CASAMENTO mais harmonioso, porque dá um certo ânimo, vigor, dá um ar mais descontraído e bem humorado, ou seja, eles se complementam bem. Enquanto que com o jazz, a mistura parece, às vezes, ficar relativamente insossa e você, após ouvir duas ou três músicas, na quarta já fica achando que vem por aí somente "mais do mesmo", com toda a razão.

Os destaques do disco, portanto, dentro do meu particular universo musical, ficam com todas essas faixas curtinhas, mas muito bem tocadas, executadas e gravadas, a saber: "4 Better or 4 Worse (Interlude)", "It's Jiggaboo Time", "If I Were President" (essa, que poderia ter sido musica tema da campanha do Obama), "Pack the Pipe (Interlude)", "Quinton's on the Way (Skit)". Das outras faixas, destaque para "Passin' Me By" que tem um sample brilhante de "Are You Experienced?" do Jimi Hendrix, que encaixou muitíssimo bem na música.

Como é possível notar, não faltou ousadia para o "The Pharcyde" na compilação dessa obra. Eles fizeram uma verdadeira salada musical, uma salada requintadíssima, mas que, como toda "salada", corre também o risco de ficar sem graça com muito mais facilidade.



Bizarre Ride II the Pharcyde
Studio album by The Pharcyde
Released November 24, 1992
Recorded 1991–1992
at Hollywood Sounds
(Hollywood, California)
Genre Alternative hip hop
West coast rap
Length 56:41
Label Delicious Vinyl
Producer J-Swift, L.A. Jay, SlimKid 3

1. 4 Better or 4 Worse (Interlude)
2. Oh Shit!
3. It's Jigaboo Time (Skit)
4. 4 Better or 4 Worse
5. I'm That Type of Nigga
6. If I Were President (Skit)
7. Soul Flower
8. On the D.L.
9. Officer
10. Ya Mama
11. Passin' Me By
12. Otha Fish
13. Quinton's on the Way (Skit)
14. Pack the Pipe
15. Return of the B-Boy

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1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

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qui. ago. 13, 09:03:00 PM

 

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