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sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

1001 Discos - 0019

Michael Jackson
Thriller
(1982)

O Ápice do Equilíbrio

Uma das boas coisas que acontecem ao se fazer essa imersão pelos 1001 discos são as belas redescobertas que nos esperam pelo caminho. Isso mesmo. É uma maravilha redescobrir algumas pérolas que estavam lá no fundo do baú. Pois foi essa a minha sensação ao sentar para escutar o álbum de hoje.

Para mim, sentar e ouvir "Thriller" com todas suas nuâncias e em todos os detalhes foi como fazer uma regressão. Apesar de ser um fã declarado das músicas do Michael Jackson, na verdade não tenho parado para escutar seus álbuns mais antigos. Tinha escutado o "Dangerous" a um tempo atrás e volta e meia eu coloco o "Invincible" pra rodar aqui.

Mas, por mais estranho que possa parecer, quase não escuto os álbuns clássicos desse artista fenomenal. Simplesmente por falta de hábito. "Off the Wall", "Thriller" e "Bad" não faziam parte da minha coleção (de mp3). Pois então, estou tratando de preencher essa lacuna o mais rápido possível.

Por isso eu posso dizer com toda tranquilidade: é um prazer enorme poder escutar um álbum que represente tão bem o significado da palavra "qualidade". A construção desse álbum se deu de forma absolutamente impecável. Não há uma única nota fora do lugar. Ao mesmo tempo, as músicas não soam nem um pouco artificiais, como até seria de se esperar. É um álbum que não perde a vibração nem um segundo. Aliás, vibração ele tem de sobra. MESMO.

A sequência Thriller > Beat It > Billie Jean > Human Nature é qualquer coisa. De arrepiar. Talvez essa seja a melhor sequência de quatro músicas de um disco pop. Quatro incríveis hits enfileirados no mesmo disco. Hoje isso até poderia representar um enorme disperdício em termos de mercado. Cada uma dessas músicas em um álbum diferente já seriam chamariz suficiente para vender outras dezenas de milhões de cópias de cada álbum que as contivesse, sem dúvida alguma.

Para quem nasceu antes de 1985 qualquer uma dessas quatro músicas dispensam comentários. Nessa época, em que a rádio e a televisão se preocupavam ainda mais com a cultura em si, principalmente na área musical, Michael Jackson reinou de forma absoluta, foi soberano. Sua fusão da disco music, com funk, pop, r&b e elementos sutis do rock criou um estilo perfeitamente adaptável ao rádio. É leve, tem balanço, suingue e não satura o ambiente, fato que pode acontecer, às vezes, com o rock.

No entanto, é sobre as outras músicas, "menos" conhecidas, que vou tentar esquadrinhar algo aqui. Porque elas merecem
tanto destaque quanto os badalados hits já citados.

Pode parecer redundância, mas a música de abertura "Wanna Be Startin' Somethin" tem tudo que uma "música de entrada" precisa para criar o clima do álbum como um todo. Ouça você mesmo e repare bem. Preste bastante atenção em todos os detalhes da "intro" dessa música. Três batidas na caixa e a entrada "aparentemente" atravessada. O baixão segurando um groove "pesado" o tempo todo, basicamente o mesmo groove na música inteira. Quando entra o arranjo de guitarra, repare na vocalização ao fundo. É muita criatividade. Isso pra não falar na interpretação "insana" da letra e em toda a capacidade vocal de Michael Jackson. Canta demais. Os arranjos vocais são espetaculares. São várias camadas, vários elementos gravados interpoladamente que se intercalam com arranjos incríveis de metais e com a guitarra, com seu timbre notável.

Depois, para "descansar" um pouco de toda essa vibração, você curte uma onda mais disco e r&b "Baby be Mine". Relativamente menos "frenética" do que a anterior, ela não fica para trás em termos de qualidade. A "intro" dessa música também é muito peculiar, por ser somente com a bateria. Mas é na melodia que está o segredo dessa canção. A capacidade de Michael em fazer melodias marcantes está evidenciada ali. E mais uma vez, ele canta muito, não precisaria nem ficar repetindo isso, mas vale muito a pena reparar esse detalhe nessa música especificamente.

Daí caimos em uma balada "The Girl Is Mine". Uma simples balada? Hahaha. É... Muuuuito simples. Afinal, uma parceria com Paul McCartney não é nada de mais, não é mesmo? Basta ligar e ele vem atendê-lo. Pois está ali. Michael Jackson e Sir Paul McCartney juntos. A partir daí dá para se ter uma idéia do quão bela é a música. Não há nada que precise ser retocado numa música como essa. Linda.

Bom, como se tudo isso não bastasse, é daí pra frente que o disco realmente "acontece". Seguem "Thriller", "Beat It" e "Billie Jean", das quais qualquer coisa que eu fale, por mais "mínimo" que possa ser o detalhe, estarei chovendo no molhado. Mas, sendo agora um crítico mais severo, a faixa-título"Thriller" é a música que mais destoa do álbum como um todo. Ela tem balanço legal, mas só, e todo esse clima cansa antes mesmo de a música acabar. E aquela voz esquisita de "zumbi" no final não encaixou nada bem na música, na minha opinião.

Mais adiante no disco, passando reto sobre as obrigatórias "Beat it" e "Billie Jean", nos deparamos com a bela "Human Nature". O que dizer, então, de uma melodia que encantou até Miles Davis? Aliás, eu conhecia essa música mais pelo trompete do jazzista do que pela inconfundível voz do Michael. Imperdível.

Daí pra frente, o disco segue sua excelente toada. É um disco facil demais de se escutar, é tão bem feito que agrada facilmente a qualquer ouvido, e qualquer restrição que se possa fazer a esse disco será mais pessoal em relação ao Michael do que estritamente técnica, relacionada à musica ali contida.

Em suma, uma obra-prima do pop. Reúne todos os elementos que um disco precisa para arrebentar nas paradas de sucesso. Não é à toa que na própria página na Wikipedia os reviews desse disco formam uma verdadeira constelação, uma via-láctea de toda a crítica.

Uma pena que, desse álbum em diante, a carreira e a vida pessoal de Michael Jackson passaram a tomar um rumo "ladeira abaixo" e, apesar de ainda conseguir emplacar alguns bons discos, nada foi comparável ao sucesso obtido no início dos anos 80. Prova de que o ápice do equilíbrio está, realmente, a um passo do desatino.



Thriller

link

Studio album by Michael Jackson
Released November 30, 1982
Recorded April 14 – November 8, 1982
Westlake Recording Studios
(Los Angeles, California)
Genre Pop, rock, R&B
Length 42:19
Label Epic (EK-38112)
Producer Michael Jackson
Quincy Jones

All songs written and composed by Michael Jackson, except where noted.
# Title Length

1. "Wanna Be Startin' Somethin'" 6:02
2. "Baby Be Mine" (Rod Temperton) 4:20
3. "The Girl Is Mine" 3:42
4. "Thriller" (Temperton) 5:57
5. "Beat It" 4:19
6. "Billie Jean" 4:54
7. "Human Nature" (John Bettis, Steve Porcaro) 4:05
8. "P.Y.T. (Pretty Young Thing)" (James Ingram, Quincy Jones) 3:58
9. "The Lady in My Life" (Temperton) 4:59

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3 Comments:

Blogger Luiz Alfredo said...

Pudera, além de tudo, o produtor é o inigualável Quincy Jones, que trabalhou seja produzindo seja arranjando (o cara é um puta arranjador e compositor) com gênios como Ray Charles, Ella Fitzgerald e um qualquer chamado Sinatra hehhe

sex. fev. 06, 03:02:00 PM

 
Blogger Gabs said...

Pois é... Se eu fosse escrever tudo o que cerca esse disco em termos de qualidade não terminaria esse texto em menos de uma semana!!! Tem o Quincy (muito bem lembrado), Eddie Van Halen (em Beat it), Jeff Porcaro (excelente baterista e arranjador), os videoclips, as danças características, os exorbitantes números que cercam as vendas desse disco, etc, etc, etc. É tanta coisa que você se perde facilmente! Procurei me ater mais ao conteúdo musical do que aos personagens envolvidos. Porque afinal trata-se de um disco que estruturalmente beira a perfeição.

sex. fev. 06, 03:26:00 PM

 
Anonymous Anônimo said...

mirror: http://lix.in/-4fc645

qui. ago. 13, 08:52:00 PM

 

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