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sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

1001 Discos - 0016


Jane's Addiction
Nothing's Shocking
(1988)

Voltando da Ressaca


Jane's Addiction é uma banda de rock alternativo formada em Los Angeles no final da década de 80. Musicalmente não considero essa década tão rica quanto a década de 70 e principalmente a de 60, apesar de saber que, claro, existem inúmeras "pérolas" que são belas exceções a essa regra. No entanto, isso não significa que o som do Jane's Addiction seja pobre. Aguardem os próximos capítulos, ops, ou melhor, "parágrafos" e vocês entenderão. Pelo menos, assim espero.

Essa regra da década de 80 em relação às outras passadas é ainda mais válida se focarmos apenas o cenário pop/rock e alternativo, em vez de abranger a música como um todo (que incluiriam, por exemplo, jazz, bossa nova, tropicália e outros gêneros mais regionais). Acredito que umas das razões para isso seja o próprio volume de "novidades" criado espontaneamente nessas décadas anteriores.

Esmagada pela imensa e avassaladora criatividade artística provinda das duas décadas passadas, a década de 80 tendeu mais ao minimalismo do que qualquer outra coisa. O punk, por exemplo, entre várias outras coisas tenta de certa forma negar aquele virtuosismo, todo aquele espetáculo colorido característico do psicodelismo do pop/rock dos anos que antecederam.

É claro que existem inúmeras fusões e tudo acorre de forma muito mais amorfa e menos homogênea do que seria conveniente para qualquer análise. Mas essa tendência existia de fato. Além disso, está expresso explicita e implicitamente em várias bandas, álbuns e músicas dessas décadas, principalmente no lado alternativo do rock de 80.

Uma forma de expressão mais minimalista significa uma banda compondo as músicas de forma mais simples, e/ou usando menos instrumentos, acordes mais simples, algo muito comum sobretudo em músicas mais voltadas para protesto, para contestação de algo. Isso porque nesses casos geralmente se valoriza mais o conteúdo (lírico/poético) do que a forma (musical).

Esse minimalismo é uma resposta a tudo que vinha sendo criado no mundo do "showbusiness" dos anos anteriores. De certa forma, a década de 80 é como que uma "ressaca" das décadas anteriores. Não exatamente no sentido pejorativo do termo. Mas, como consequência histórica, algo que ocorreu naturalmente, não há dúvidas.

Bandas de hard-rock se proliferavam aos milhares e dominavam o mercado. Todas bastante influenciadas por Led Zeppelin, Balck Sabbath, Deep Purple, entre vários outros, mas com aquela (triste) cabeleira característica da época. O "Hair Rock" de bandas como Quiet Riot, Mötley Crüe, Ratt, Helix, W.A.S.P., Night Ranger, Twisted Sister, Stryper, Warrant, Cinderella, Poison davam o tom de todas as baladas da época. O lado alternativo do rock era comercialmente nulo na época, salvo raras exceções.

Nesse cenário, juntamente com o surgimento e maior amadurecimento da MTV americana surge a banda Jane's Addiction. O som dessa banda é bem diferente de tudo o que vinha sendo produzido na época. Algo que pode ser definido como um post-punk com suingue de soul-funk (Há!!! Rimou!). Esse é mais um caso de uma banda que abriu o caminho do "funk-metal" para outras como Red Hot Chili Peppers, Faith No More, Soundgarden, Alice In Chains, entre outras.

No entanto, isso não é, ainda, o maior destaque desse álbum. Para mim, o ponto alto desse disco tem um nome. Ele é Dave Navarro. O guitarrista, que posteriormente chegou a integrar o próprio Red Hot Chili Peppers, realmente arrebenta nesse disco. Toca demais. Não há dúvidas que ele influenciou toda uma geração de guitarristas entre eles os gigantes Tom Morello, Slash e todos os guitarristas surgidos a partir da década de 90. Não há dúvida alguma de que todos eles tem uma "pitada" de Dave Navarro.

Apesar de ter sido nesse post o meu primeiro contato significativo com a banda Jane's Addiction eu já conhecia bem o estilo do D. Navarro por sua passagem pelo R.H.C.P., no álbum "One Hot Minute" - um disco muito subestimado da banda californiana, diga-se. Esse disco inclusive mereceria um post inteiro só pra ele, pois tem lugar cativo na minha galeria de favoritos.

O álbum "Nothing's Shocking" traduz muito bem tudo isso que foi escrito nesse post até agora. A começar pelo seu título. O cenário da época estava tão saturado que nada mais chocava, nem ao público, nem a ninguém. É um álbum dos precursores do "funk metal" por isso tem bastante peso, mas já com algum suingue.

Musicalmente, o disco não é tão cru quanto um álbum de punk, mas tem vocais que são claras referências à esse estilo musical. A bateria é muito bem arranjada, mas tem um timbre que me irrita um pouco. Inclusive, talvez seja esse o grande motivo desse ter sido um dos álbuns mais difíceis que me deparei para analisar. Confesso que demorei um pouco pra aceitar os vocais e esse som de bateria (convenhamos, parece som de bateria daqueles teclados infantis "Casio"). O grande salvador da pátria foi novamente o fone de ouvido que colocou a guitarra bem na minha cara e aí, então, caiu a ficha (e, com ela, se foram os meus dentes).

Destaques, para a pesada "Ted, Just Admit It...", a engraçada "Standing in the Shower... Thinking", "Mountain Song", a radiofônica "Jane Says" e o despretensioso jazz de "Thank You Boys". Todas as outras faixas também tem excelentes arranjos de guitarra que compensam de sobra qualquer investimento feito nesse disco.

Depois desse álbum, não teria como ser diferente, a banda decolou. Não obstante, conseguiu voltar os holofotes da mídia novamente para o lado alternativo do rock e, em meio a um conflito "conceitual" que pairava sobre a cena underground, desenvolveu algo musicalmente novo, original e muito rico. Mais um daqueles casos em que a reunião de excelentes músicos se traduz em um grande álbum.



Nothing's Shocking
Studio album by Jane's Addiction

Released August 23, 1988
Recorded 1987-1988 at Eldorado Studios in Los Angeles, California
Genre Alternative rock
Length 45:13
Label Warner Bros. Records
Producer Dave Jerden, Perry Farrell

All songs written by Perry Farrell except where noted.

1. "Up the Beach" - 3:00
2. "Ocean Size" (Avery/Farrell/Navarro/Perkins) - 4:20
3. "Had a Dad" - 3:44
4. "Ted, Just Admit It..." (Farrell/Navarro/Perkins) - 7:23
5. "Standing in the Shower... Thinking" - 3:03
6. "Summertime Rolls" (Avery/Farrell/Navarro/Perkins) - 6:18
7. "Mountain Song" - 4:03
8. "Idiots Rule" - 3:00
9. "Jane Says" - 4:52
10. "Thank You Boys" - 1:01
11. "Pigs in Zen" - 4:30

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2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Fala velhote!
Pelas andanças, acabei encontrando uma página onde um frânces faz algumas compilações de raridades (muita coisa brasileira) que ele possui e disponibiliza.

Ele criou ótimos 'cds', especial os de 'sambossa', jazz e funk. Uma boa audição para os entreatos do teu projeto =)

Ainda não desbravei tudo, mas deve ter muita coisa boa!

http://food4funk.blogspot.com/

Abraço

Luiz

sex. jan. 23, 04:34:00 PM

 
Anonymous Anônimo said...

mirror: http://lix.in/-58ee15

qui. ago. 13, 08:55:00 PM

 

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