http://www.makepovertyhistory.org Usina de Pensamentos: " 'Cause we're tripping billies "

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sábado, 10 de outubro de 2009

" 'Cause we're tripping billies "


Lembro-me exatamente onde estava quando o celular tocou: no supermercado. Estava comprando qualquer coisa, não me lembro o que, na verdade não importa. Aqui em Goiânia, fazer compras no super chega a ser um lazer. Ou melhor, PRECISA ser.

Enfim, quando atendi era um amigo, falando sobre a vinda da Dave Matthews Band ao Brasil. Eu já tinha visto na internet que eles viriam para dois shows: um em Manaus e outro em São Paulo. Ambos seriam shows de festival, e isso - não sei exatamente porque - me desanimou um pouco a fazer a viagem. Não tenho dúvidas de que valeria a pena mesmo assim. Mas eu queria mesmo era ver um show completo e exclusivo da DMB. Isso valeria o risco. Sim, o RISCO. Explico.

Pra quem não sabe, ou não me conhece, estou entre aqueles malucos que largou tudo pra estudar pra concurso público. E hoje, uma escolha desse calibre significa deixar de lado, por algum tempo, muita coisa. Também, obviamente, significa abdicar de quase tudo que requeira algum investimento financeiro mais "pesado". Melhor dizendo, significa que você vai ter que abrir mão daqueles programas que "dependem" de grana pra acontecer. E além disso requer tempo, determinação e, claro, muito estudo. Beleza...

Pois é. Meio atordoado entre as gôndolas do super, não estava entendendo muito bem porque o meu amigo tanto falava da DMB. Depois fui ligando os pontinhos. Ele descobrira que a DMB faria, sim, uma apresentação exclusiva no Rio de Janeiro, no aterro do Flamengo:

- Aterro do Flamengo? - perguntei.
"Será que vai ser um show aberto?" - pensei. Ninguém sabia ainda a resposta para essa pergunta.
- Que dia é o show?
- Dia 30 de setembro. Faltam mais de dois meses - respondeu ele.
- Ué! Cai que dia da semana? O show de SP parece que é num sábado, né?
- Pelo jeito, é na terça mesmo, bicho...
- Terça??? Foda, hein?!.
- Pois é. E ae? Anima? Vamo pro Rio? - arriscou ele.
- Hã? Tá falando sério? Não bicho, sem chance, tô sem grana... Só estudando e tal. Aquelas coisa, tu sabe bem como é!
- Cara, se você quiser ir tem que me falar agora pra gente comprar Ingresso VIP, parece que é na frente do palco. O ingresso normal é muito longe... E a diferença de preço não compensa... Se precisar passa no meu cartão, porque só Itaucard tá passando os VIPs... E é limitado! Vamo lá!
- Caralho... Foda bicho! Valeu demais! Mas preciso resolver lá em casa e com a minha namorada, beleza? Assim que puder te retorno a ligação.

Voltei voando pra casa. Quando liguei pra minha namorada ela também ficou muito animada pra ir ao show. Mas eu, particularmente estava muito cético. Eu nunca tinha ido ao Rio e também não conhecia ninguém que morasse lá para dar um apoio por alguns dias. Além disso, não estava planejando gastar grana em uma viagem desse porte naquela época. Teríamos que alugar um apê, pagar passagem de avião, deslocamento, alimentação e, claro, pra pelo menos uma cerveja na beira da praia... Só fiquei tranquilo porque sei que pra fazer esse planejamento (com baixo orçamento) a minha mulher é craque! Então, deixei tudo na mão dela.

Mas mesmo assim nossas estimativas mais otimistas não conseguiam fechar um orçamento de menos de mil reais pra cada! Estava muito complicado... Mas eu queria muito que desse certo! E precisava tomar a decisão rápido. Perguntei em casa se alguém tinha o tal cartão "especial" pra eu tentar parcelar o meu ingresso e o da minha namorada. Peguei o da minha mãe. Por um motivo qualquer o site não quis aceitar. Liguei pro meu amigo. Falei que não dava o cartão da minha mãe não passou e que estava complicado mesmo.

- Então eu passo aqui no meu cartão e desconta depois no que for pagar das passagens!
- Ué, cara! Por mim, pode ser... Tenta aí, se der certo a gente vai, na doida mesmo! - falei, de forma bem inconsequente.
Uns quinze minutos depois chega uma mensagem no meu celular, mais ou menos assim:

"FEITO!!! DMB aí vamos nós!!! Rio, nos aguarde..."


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Estávamos com os ingressos na mão. Não sem um "porém": os quatro ingressos comprados eram, naturalmente, "meia-entrada" mas a minha namorada NÃO tinha a maldita carteirinha de estudante! E constava no regulamento da empresa que promovia o show que a carteirinha - por si só - não bastava. Era preciso providenciar um comprovante de matrícula e não só isso, mas também de pagamento da mensalidade daquele mês na instituição de ensino.

Na época ela não estava estudando e nenhum dos colégios que entramos em contato topou fazer um esquema "por-fora". Para garantir que tudo desse certo só restou uma saída: ela precisava se matricular em uma universidade. Mas pra fazer a matrícula ela precisava passar no vestibular. Para evitar qualquer transtorno, tomamos mesmo esse caminho "mais longo". Alguns dias depois ela agendou o vestibular (gratuito) em uma universidade particular e foi fazer a prova.

O resultado saía na hora e ela passou nesse vestibular. Fez a matrícula, pagou a primeira mensalidade e aí então fomos fazer a carteirinha, dessa vez sem qualquer intercorrência.

(Ah, importante!!! Menos de uma semana depois, ela alegou "motivos particulares" e desistiu do curso e o dinheiro usado pra pagar a matrícula e a mensalidade foi devolvido INTEGRALMENTE).

Só então começamos a olhar lugar para ficar. Hotel? Pousada? Apê? Fazer um bate-e-volta de mochilão do aeroporto para o show? Precisávamos planejar minimamente a viagem. Mas o ponto mais crítico pra nós seria mesmo aquele: o show cairia numa terça-feira. E todo mundo trabalha na terça. E na quarta seguinte. E, claro, na segunda, que antecede o show. Não coincidia com nenhum feriado, nem folga de ninguém, nem nada.

Éramos dois casais. Tirando eu, que perderia apenas algumas "preciosas" horas de estudo, os três malucos que me acompanhariam possuíam responsabilidades e deveres a cumprir nos seus respectivos empregos naqueles dias. Não dava pra jogar tudo pro alto. E isso foi, de fato, uma parte delicadíssima discutida entre nós quatro enquanto decidíamos os detalhes do nosso destino.

Eu, particulamente, queria aproveitar pra conhecer um pouco o Rio, já que seria a primeira vez na cidade, pelo menos uma volta no calçadão, uma cerveja na Lapa, qualquer coisa diferente eu estava ansioso por fazer. Isso claro, se tudo encaixasse dentro do nosso "limitado" orçamento. Mas se lá já estávamos, não tinha porque não aproveitar um pouquinho. Isso era consenso. Entretanto, pra aproveitar bem é lógico que precisaríamos de tempo, e pra ter esse "tempo" precisávamos ir com certa antecedência e isso naturalmente significava ter que ir alguns dias antes, e isso ia de encontro à intenção do meu amigo. Com razão.

Ele já perderia serviço na terça e na quarta, estava complicado faltar também na segunda. Pra ele, naquele momento seria melhor se fôssemos na segunda depois do expediente. Nesse ponto, a viagem quase desandou. Foi complicadíssimo resolver, mas acabou que ele generosamente cedeu e falou que resolveria com o chefe "gente-fina" dele. Sairíamos mesmo no domingo. Ainda bem.

Mas, enquanto pesquisávamos na Internet sobre os lugares disponíveis com preço legal pra ficar no Rio, recebi um e-mail "bomba" desse meu amigo. Se não me engano, na nossa contagem regressiva, faltavam 41 dias para o show do Rio. A correspondência continha exatamente essas palavras:

" Velho....
caralho....

Acabo de ler que o
Leroi morreu!!!!
Caralho velho, puta que pariu!!!
Olha essa morte rondando tudo!!!

E agora?!?!?!? "


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Isso estourou como uma verdadeira "bomba atômica" dentro da minha cabeça. O grande LeRoi faleceu. Aquilo era triste, triste muito muito triste. Fiquei um tempão paralisado, em estado de choque. Aquele dia não prestou pra mais nada...

Um "caminhão" de coisas passava pela minha cabeça. "Como pode? O LeRoi?". "Como a banda reagiria?". Lembrando que o LeRoi era membro fundador da banda e indispensável para o perfeito funcionamento na "engrenagem" da banda nos palcos. "DMB sem saxofone, é possivel???". "Será que "o outro" saxofonista toparia seguir na banda?". "Qual será o futuro da banda?". E já bem ansioso tentando antecipar demais as coisas, confesso que cheguei questionar: " Caramba... Será que algum dia eles vão conseguir lançar outro disco?".

O LeRoi era um dos músicos que eu mais admirava (e que a cada dia que passa parece que admiro mais e mais). Na época, acompanhava as notícias pela internet e os sites relacionados não atualizavam qualquer informação sobre o show. Um dia li que a DMBrasil faria uma homenagem a ele com balões brancos durante o show. Nesse dia, resolvi fazer também a minha pequena homenagem particular ao Roi. Imprimi uns trinta ou quarenta cartazes com o nome do LeRoi. Aproveitando a ideia, não resisti, e imprimi também um cartaz com os dizeres "CARTER FOR PRESIDENT" e outros com as letras D, M e B bem grandes. No entanto, as informações que saíam pela internet ainda eram poucas e desencontradas. Não havia nem confirmação e nem qualquer suspeita de cancelamento da perna sul-americana da turnê.

Só fui ficando mais otimista conforme os sites foram confirmando as presenças especialíssimas do guitarrista Tim Reynolds, do trompetista Rashawn Ross e do incrível saxofonista Jeff Coffin nos shows pelo Brasil.

Precisávamos agilizar nossos planos. Decidimos alugar um apê em Copa, encostado na Atlântica, aparentemente não ficaria tão distante assim do local do show e seria conveniente para, se o sol contribuísse, pegar pelo menos um dia de praia. Encaixava no orçamento de todos e Copacabana parecia ser muito bem servida de opções para alimentação. Nem precisaria gastar muito com táxi. Nossa idéia era mais ou menos essa mesmo. Ninguém fazia questão de "ir pra balada" ou mesmo "fazer passeios turísticos" no Rio naqueles dias.

Nosso voo saiu de Brasília (bem mais barato do que saindo direto de Goiânia) às 14 horas do dia 28 de setembro do ano de 2008.

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Chegamos no Galeão às 17 horas daquela tarde de domingo de tempo bem fechado, com muita chuva e vento forte. Ligamos para a responsável pelo apê para acertar e pegar as chaves. Entramos em um táxi, pegamos a Linha Vermelha fomos em direção a Copacabana. Acho que o clima daquele momento contribuiu para que eu ficasse ainda mais "assustado" com as dimensões daquela cidade. Como diz uma música do Lenine: " Você já foi até o Rio, nego? Não? Tem que ir, tem que ir."

A cidade é muito grande e também incrivelmente heterogênea. É muito curioso. E a minha primeira impressão não foi lá das mais agradáveis. Tempo nublado, muita chuva, trânsito (mesmo no domingo) intenso... "Cidade maravilhosa? Onde?" - eu pensava, olhando enquanto cruzávamos rapidamente pelos subúrbios e depois os imensos túneis da cidade.

Para chegar ao nosso apê passamos pela Avenida Atlântica. Na praia ventava ainda mais forte. E tudo estava muito deserto. Achava estranho aquilo. Aquele Rio de Janeiro não existia nem de forma remota na minha imaginação. Mas tudo bem, eu estava mesmo um pouco apreensivo. O que me tranquilizava era que pelo menos estávamos num bom apartamento (ou seja, tínhamos onde ficar) e depois , com calma, resolveríamos o que fazer pela cidade. A gente poderia sair e procurar algo pra comer e, se desse, quem sabe tomar uma cerveja num boteco qualquer. Ainda estava cedo.

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O tempo necessário para organizar as coisas no apartamento foi suficiente para que a chuva lá fora desse uma diminuída. Quando saímos rumo à avenida N.S. de Copacabana ainda chovia um pouco e ventava muito. Encontramos um supermercado que tinha uma pizzaria dentro, com pizzas cujos preços estavam bem interessantes. Todos estavam com fome e comemos ali mesmo. Aproveitamos e fizemos as compras para o café da manhã.

Ainda era cedo e resolvemos emendar uma cervejinha em um bar qualquer. Depois que saímos para caminhar percebemos que na verdade já estava anoitecendo porque o calçadão continuava deserto. Sentamos no primeiro bar da Atlântica que encontramos aberto, a mais ou menos duas esquinas do nosso apê.

Tomamos ali alguns chopps mas eu ainda estava um pouco incomodado (isso pra não assumir que estava "perdido"). Não estava entendendo direito como funcionava "aquele" Rio de Janeiro. Ainda assim estava gostando da experiência, aquela "falsa" sensação de liberdade. Não demorou muito pagamos a conta e, na volta para casa - já levemente alcoolizados - passamos num buteco bem "copo-sujo" e cada um tomou uma dose da pior cachaça que já experimentei na vida.

Cheguei no apê doido pra ouvir DMB pra esquentar os motores pro show, mas na correria para o embarque, quem disse que eu lembrei de pegar os CD's pra ouvir nessas horas? Tivemos que nos contentar com os canais de rádio da TV a cabo. Escutamos pop, rock, samba, tango, mambo, salsa, heavy-metal e várias músicas dos anos 80. Ficamos assim até a alta madrugada, bebendo mais e mais e curtindo e dançando até cair.

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Acordamos cedo no outro dia, muito por conta do sol, numa manhã inexplicavelmente linda. Queríamos aproveitar ao máximo aquela "segunda-feira" de praia. O dia estava aberto, aquele céu azul, olhamos o calçadão pela janela e já apresentava algum movimento. Rebatemos a ressaca com um bom café da manhã e fomos caminhar no "famoso" calçadão.

Aí sim pude entender um pouco do que "É" o Rio de Janeiro. Ou pelo menos de uma pequena parte dele. Em plena segunda-feira, galera indo trabalhar, passando pela praia, um trânsito maluco em meio àquela paisagem exuberante. Fomos caminhando até o Leblon e eu fui conhecendo e reconhecendo o porquê de algumas paisagens serem, com total justiça, dignas de cartões postais.

Quando já fazíamos a caminhada de volta para Copacabana a minha namorada me diz que está com o Mp4 dela na bolsa. Era a melhor notícia que eu poderia receber naquele momento. Pedi, e ela me deixou estender a caminhada por mais alguns metros escutando algumas músicas. Coloquei os fones e "play" no modo randômico. Caiu na música "One Sweet World" (do Piedmont Park, minha versão favorita).

Passei em frente ao Copacabana Palace e de longe deu pra ver uma agitação enorme, mas mesmo assim continuei "marchando". Naquele momento aquela paisagem me bastava. Aquela música me bastava.

Pronto! Eu estava "espiritualmente" preparado para o show do dia seguinte.

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A terça-feira foi um pouco mais "light" até porque todo mundo precisava "economizar energia" para a tão esperada hora. E o dia estava mais nublado também. Fizemos uma caminhada leve e tomamos uma água-de-coco bem gelada debaixo de um coqueiro, com pé na areia. Almoçamos por ali mesmo e fomos para casa descansar e nos preparar para o show.

Antes de partir rumo ao local do espetáculo, fizemos uma sessão de fotos bem legal com os cartazes que levamos e, então, embarcamos no táxi rumo ao Vivo Rio. Não chegamos ali muito cedo, visto que a fila para entrar já fazia algumas curvas. Ingressos e carteirinhas na mão, entramos sem qualquer complicação.

Na entrada, uma loucura para comprar as camisetas oficiais da Turnê Sul-Americana. Eu queria muito muito uma, mas se eu comprasse ficaria sem dinheiro pra voltar de táxi ou então pra almoçar no dia seguinte. "Não estava ali pela camiseta mas pela banda, pelo show que estava para acontecer" - pensei sozinho. E aquilo de fato não me afetou porque eu estava muito ansioso para ver a entrada da banda.
Antes da DMB pisar no palco distribuímos alguns dos cartazes com o nome do LeRoi para a galera que estava por ali.

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Às 21 horas e 35 minutos do dia 30 de setembro de 2008 a Dave Matthews Band entra no palco. Logo de cara, na "intro" de Bartender eu levantei o meu pequeno cartaz do Carter e - para a minha surpresa e dos meus amigos - ELE VIU o cartaz e acenou pra mim. Foi um instante muito especial do show pra mim, com menos de dois minutos de banda no palco...

E eles seguiram tocando aquele setlist fantástico que todos os fãs que lá estavam hoje devem saber de cor... Em Stay or Leave (que Dave dedicou a LeRoi) outro momento marcante pra mim. Todo mundo que estava com o cartaz do Roi levantou os braços e ajudou a realizar a minha "idealizada" homenagem ao nosso grande saxofonista. Confesso que quase chorei nessa hora.

O show ia rolando e eu estava em êxtase. E #41 foi mesmo o clímax da noite. Os balões brancos dançando ao som da daquela incrível jam de "Sojourn of Arjuna" que só a DMB é capaz de fazer.Depois, com direito a um tease de "Garota de Ipanema" no sax. As palavras nunca obterão sucesso para descrever algo como o que acontecia naquele momento. Milagre? Mágica? Talvez...

No intervalo do bis eu já estava exausto, mas ainda queria ouvir diversas músicas. Mas eu não aceitaria ir embora sem ouvir "Two Step". Aí então eles voltaram, tocaram "Burning Down the House" com uma enorme vontade e um gás inexplicável e fecharam com uma das melhores versões de Two Step que já ouvi na vida.

Quando acabou eu estava quase vesgo de tão cansado. Mas gritei, gritei e aplaudi muito aquela banda. Daí eu levantei o cartaz do Carter muito alto para que ele visse e desse outro "tchazinho" pra mim.
Ele viu. Deu o tchauzinho. E JOGOU UMA BAQUETA pra mim. Mas eu tava segurando a porra do cartaz e não consegui pegar a baqueta.

E o mundo inteiro desabou na minha cabeça nessa hora. Eu não acreditei e pensava: "Não é possível, que falta de sorte... Foi por pouco, muito pouco... POR QUE EU NÃO JOGUEI A PORCARIA DO CARTAZ PRA LONGE???". Eu gostaria muito de ter aquela baqueta.

Isso durou apenas alguns segundos. Logo em seguida, percebi que algumas pessoas à minha volta (que não os meus amigos) reconheceram que ele tinha jogado a baqueta pra mim. E, não sei bem porque, começaram a se manifestar dizendo: "O cara jogou a baqueta pra ele...". "É eu vi, foi pra ele, o menino que tá segurando o cartaz...". Foi então, com um sentimento de vertigem, que virei pra trás e vi uma garota segurando uma baqueta e dizendo mais ou menos assim:

- Quem é o rapaz?
- Sou eu. - respondi totalmente sem jeito, mostrando o cartaz todo detonado pra moça.
- Toma. É sua.
- ??? [...] !!!
- Só deixa eu tirar uma foto com a baqueta? - foi a "exigência" que ela fez.

Eu quase ajoelhei agradecendo o gesto daquela moça. Não dava pra acreditar. Sou fã do Carter há tanto tempo e nem nos meus maiores sonhos eu poderia imaginar que no meu primeiro show da DMB, saindo de Goiânia no maior aperto, chegando numa cidade enorme como o Rio eu conseguiria sair com uma recordação tão importante daquela noite fantástica.

Depois eu fui "recobrando" a consciência, e vi a camiseta e o crachá da DMBrasil da garota. Acho que nunca serei capaz de demonstrar a enorme gratidão que tenho por sua generosidade e sensibilidade.

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Na saída do Vivo Rio eu queria mesmo ir direto para casa. Eu não sentia fome, nem sede, não sentia mais nem o cansaço, de tão exausto e feliz que estava ao mesmo tempo. Naquele instante se passava um turbilhão de emoções na minha mente. Na verdade, só queria guardar aquela baqueta em um lugar seguro, admirá-la um pouco, e ficar lembrando de cada momento daquela noite especial.

Mas a verdade é que todos estavam com muita fome e caímos pra uma pizzaria na Lapa. Comemos duas pizzas enormes, deliciosas e fomos pra casa, felizes e satisfeitos, sabendo que teríamos uma longa história pra contar... Uma história que poderia não ser contada e que provavelmente cairia no esquecimento num futuro não muito distante... Ou então, uma história que, se fosse contada, teria um lema muito parecido com o que diz a música "Tripping Billies". Isso mesmo, a dos
"Caipiras Viajantes":

"Eat, drink and be merry, for tomorrow we die..."

Ou melhor, traduzindo para o nosso bom português:

"Coma, beba e seja feliz, pois amanhã morreremos..."


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