Paranoia e Iluminação
Sozinho.
E relaxado, deitou-se para repousar.
A cabeça, no travesseiro, os olhos fixos no teto de um quarto pequeno e abafado.
Teimoso, o sono não vinha.
Naturalmente brotaram pensamentos sobre si mesmo;
Situações e decisões importantes, ocorridas à época, nas quais errara ou se omitira.
Durante essa auto-análise sentiu-se um pouco amedrontado.
O sentimento de culpa foi vagarosamente se instalando.
Insegurança.
A respiração ficou rápida e superficial,
os olhos arregalados,
pernas e braços tremiam com relativo ímpeto,
ansiosos...
A conclusão estava certa e dentro dela não cabiam escusas.
O erro jazia em seu interior e a sua correção perpassava pela reconstrução do seu ego.
O conjunto das idéias o apavorou cada vez mais.
O encadeamento lógico do raciocínio era perfeito.
Ele havia cometido um grande erro, isso virou um fato.
Inconscientemente invocou:
“Meu Deus, como eu pude fazer isso?”
“Meu Deus, como eu pude não me preocupar?”
Agora, aconteceu, tudo já estava realizado.
Não havia caminho de volta.
Fraquejou.
Olhos úmidos
A falta de controle sobre a mente era absoluta.
“Será que não levo a vida de acordo com o que esperam de mim a minha família, parentes próximos e meus amigos?”
“Até onde vai minha culpa?”
Levantou-se
Apoiado no parapeito
Olhou o horizonte adiante
Olhou para trás
O quadro branco na parede adjacente
Silêncio
Pegou o pincel
Acalmou-se
Reconstruiu ali toda idéia concebida
Acerca de tudo que enfrentava naquele instante
Reassumiu o controle da mente
Trabalhando mais lentamente, no quadro,
suas idéias foram se descontaminando
Revertera uma situação muito adversa
Deitou
Dormiu
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