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quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Santa Catarina: tragédia esperada



" A mídia tenta não mostrar a causa verdadeira desse drama de SC: a verdadeira "tragédia" brasileira em questões ambientais. As pessoas associam questões ambientais como se se restringissem a florestas, bichinhos, peixes, áreas protegidas, e coisas assim. Fica evidente que as questões ambientais são profundamente determinantes da história humana, e história humana está profundamente associada com a experiências ambientais de populações inteiras.

No caso de Santa Catarina (e esta situação se repete Brasil afora), a origem de tudo está na burrice de se desmatar encostas e topos de morro, construir nestas encostas, esquecer das várzeas dos rios e lá construir muito e encher de gente. Muitas obras (rodovias, por exemplo)
públicas são construídas em locais inadequados, aparentemente por falta de opção, mas também pela arrogância de engenheiros que ainda acreditam que a meta humana e de sua profissão é dominar a natureza, subjugar as dificuldades impostas pelo meio natural, impor e nada mais.
Junte-se a isso tudo a memória curta da população e dos governantes (estes mais interessados em fazer média, dissimular, etc). O resultado é que montamos aos poucos uma enorme armadilha para nós mesmos.

Quem viu imagens da tragédia pode facilmente perceber o contexto nos locais de deslizamentos e de enxurradas devastatdoras. Todas ocorreram em locais onte encostas estavam sem florestas, ou o topo dos morros estava ocupado.

Nenhum canal de televisão que eu asssti teve uma única palavra no sentido de apontar estes problemas. A culpada de tudo foi a chuva. No canal GloboNews assisti a uma conversa entre jornalistas, e um deles, da revista Época (não me recordo o nome), culpava os meteorologistas, que não foram capazes de avisar as pessoas sobre as chuvas. Alegou que em outros países as pessoas são geralmente retiradas antes de catástrofes como esta. Uma visão míope demais para alguém que trabalha com informação e tem a responsabildiade de informar bem o público, porque isso também tem a ver com educação da população (o brasileiro talvez seja um dos povos mais desinformados do mundo, cheio de concepções erradas e mitos e crenças não verdadeiros). Este jornalista talvez nunca parou para pensar que tragédias como estas acontecem em países sub-desenvolvidos, mas às vêzes acontecem também em países desenvolvidos (veja casos da Itália, França, Inglaterra, etc, comparando-os com Bangladesh, Peru, Brasil, vários paises do sudeste e sul da Ásia....e etc). Em todos os problemas estão relacionados com uso inadequado da terra.

As catástrofes naturais sempre são problemas maiores quando ocorrem em conjunção com decisões erradas pelos humanos. Mirem-se no exemplo do Japão, hoje o país com maior proporção de florestas no mundo. Lá, as florestas foram replantadas séculos atrás por conta de sábia decisão de um imperador. As pessoas vivem nos vales, em alta densidade demográfica (por falta de espaço, e ainda usam cada metro em produção de alimentos). Por outro lado, as enconstas e montanhas são livres de construções e são dominadas por florestas que ajudam a conter a água e a terra.

É preciso coragem para voltar atrás e repensar o uso da terra em Santa Catarina. Aproveitar o trauma coletivo e transformá-lo em oportunidade para aprendizado coletivo. O momento é agora, e os governantes tanto na esfera Federal como na Estadual e na Municipal precisam fazer de tudo para que, num futuro que promete, novas e piores tragédias não voltem a ocorrer. Re-planejar meticulosamente o uso da terra, transformar em leis coisas que realmente ajudem a evitar problemas como o que se abateu sobre os catarinenses, independentemente de serem ecologistas ou desmatadores, ricos ou pobres, loiros ou morenos, moradores de encostas ou de fundos de vale, tementes a Deus ou descrentes, ateus ou à-toas, empresário ou consumidor.

Os cenários de mudanças climáticas sugerem um acirramento de fenômenos com o El Niño, e aumento de eventos climáticos extremos, como dilúvios como este que ocorreu semana passada. Então, os cenários estão prontos, resta a nós decidir se investimos nossa inteligência de forma preventiva ou vamos apenas nos limitar a dar condições para alimentar a mídia no futuro com mais espetáculos macabros como este. Mas acho que o Brasil não entende estas coisas, ou temos em nosso DNA uma inércia, uma preguiça e falta de ousadia que afunda a todos no dia a dia....

Então, como ser otimista???? Se não for agora, com este trauma coletivo, não será nunca que veremos uma mudança de mentalidades.

Difícil ser otimista...ruim ser pessimista...mas nunca se deve deixar de ser realista. Acho que tudo vai continuar como antes.... "


Comentário à coluna "Santa Catarina: tragédia esperada"
Créditos: O Eco

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Sugestão de leitura: Quem são OS RÉUS no drama catarinense?

1 Comments:

Blogger Walker said...

interessantíssima esta postagem. enquanto todo mundo exarceba na compaixão, piedade e outras 'humanidades', enfim alguém racional para mostrar que este efeito também tem uma causa.
parabéns.

qui. dez. 04, 03:52:00 PM

 

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