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quinta-feira, 6 de agosto de 2009

De cabeceira - I - Livro do Desassossego


Livro do Desassossego
(Fernando Pessoa)


O que é um livro? Não, não quero saber o que está no dicionário nem na enciclopédia não. O que é, PRA VOCÊ, um livro? Pra mim, pensando brevemente, um livro é aquele companheiro que nunca vai faltar com você. Aquele amigo de verdade que mesmo quando tudo estiver complicado ele vai estar ali com total disponibilidade pra você. Um livro não depende diretamente de energia elétrica para ser desfrutado. Para entender o que estou falando sugiro uma breve experiência: pegue um bom livro, coloque debaixo do braço e saia para lê-lo na tranqüilidade de um parque. Sim, eu sei, é complicado, a vida moderna é uma constante correria, não há espaço nem mesmo para um "pobre" livro. Tudo bem. Que tal, então, aquela idéia de "menos TV e mais leitura"?

Ninguém fica ligado na tomada 24 horas por dia. Tire um tempo do seu dia - quinze minutos ou meia hora - e leia. Ah! Leia UM LIVRO! Escolha um bom livro e se concentre para entrar e conseguir captar o "espírito" do escritor. Não é tão difícil assim, vai...

Hoje existe livro pra tudo nessa vida. Livro que te ensina a caminhar, que te ensina a estudar, que te ensina a criar um bebê, que te ensina a ter um relacionamento ou a desmanchá-lo, que te ensina a fazer o sexo mais animalesco ou então a ser um total asceta, enfim... Só não aprende algo quem tem preguiça ou total desinteresse sobre tal assunto. Até aí nenhuma novidade.

Quando tomei contato pela primeira vez com o Livro do Desassossego a minha reação não foi simplesmente de um imediato interesse. Antes disso, foi de uma total identificação com a forma que ele é escrito. Até porque eu sempre gostei de Fernando Pessoa, mas confesso que tenho certa dificuldade em absorver algumas de suas poesias. Esse livro é em prosa e a identificação, portanto, aparece desde a estrutura do texto. Já até comentei isso com algumas pessoas, se hoje eu pudesse escolher um livro que eu gostaria de ter escrito, sem sombra de dúvidas seria esse. Esse livro sou eu, destrinchado por Fernando Pessoa e seu heterônimo Bernardo Soares.

Praticamente tudo que está ali está exposto de forma tão bela e simples que é difícil não se encantar e se identificar. A redação em português de Portugal é singela, viva e tem uma sonoridade tão natural e harmônica que certos trechos merecem ser lidos em voz alta apenas para que possamos perceber as diferentes nuâncias do nosso idioma moderno atual para aquele do início do século passado.

A forma como o personagem enxerga a vida, o tédio, a solidão, a natureza, as relações entre as pessoas é bem distinta da que estamos acostumados a ver mundo afora. Nos filmes geralmente há uma preocupação com o "happy end". Assim como na maioria dos livros "best-sellers" e não há nada de errado nisso. No entanto, existe uma alternativa pra isso tudo, sobretudo pra quem não enxerga a vida de uma forma tão romantizada como em uma "novela" ou como num filme "hollywoodiano". As pessoas não são obrigadas a serem "felizes". É questão de escolha.

Pois é. O guardador de livros Bernardo Soares escolheu viver assim. Sozinho. Solitário. Infeliz? Procure o livro. Leia. E tire as suas conclusões.

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