o amor, a morte e as paixões (Ato III - As Paixões)
Ato III - (As Paixões)
O contexto
De um lado o Goiás, time de futebol com boa estrutura e bastante dinheiro mas que nacionalmente nunca conseguiu demonstrar de forma concreta essa sua força e potencial.
Do outro o São Paulo, com estrutura, dinheiro e que vinha da conquista de três títulos nacionais de forma consecutiva, o último destes em cima do próprio Goiás, em um jogo realizado no Distrito Federal.
No campeonato atual o Goiás vinha mal, havia perdido várias partidas seguidas, mas "misteriosamente" tinha jogado bem e empatado o jogo anterior com o vice-líder Flamengo fora de casa, com o Maracanã abarrotado com mais de 80 mil pessoas.
No papel, tanto o time do Goiás como o do São Paulo eram bons times, com jogadores consagrados e experientes mesclados com boas jovens promessas.
O Goiás estava com "força máxima", ou seja, todos os titulares disponíveis já o São Paulo não poderia escalar alguns jogadores importantes, suspensos por conta de cartões e pelo Tribunal Desportivo.
Em termos de objetivos dentro do campeonato, a motivação do Goiás para esse jogo deveria ser nula já que, no pior dos casos, uma derrota não mudaria a sua posição na tabela e, por outro lado, a vitória também não seria suficiente para colocar o time na briga pelo título ou para classifica-lo entre os quatro melhores para a Copa Libertadores.
Para o São Paulo, líder do campeonato, a vitória era essencial, uma vez que a distância para o vice-líder era mínima. Além disso, estava mais do que claro que o jogo do vice-líder Flamengo seria uma molezinha, porque ele enfrentaria o desmotivado Corinthians que, assim como o Goiás, também não almejava mais nada nesse campeonato e não faria questão alguma de dificultar as coisas, para dar chance à quarta conquista consecutiva do título pelo rival São Paulo.
O jogo
O jogo, portanto, era Goiás contra o São Paulo, penúltima rodada do Campeonato Brasileiro de 2009.
O estádio era o Serra Dourada. O São Paulo, atual tricampeão brasileiro, campeão já seis vezes no "acumulado" do torneio, tentava se manter na briga para levantar o caneco pela sétima vez e liderava o campeonato.
O Goiás estava no meio da tabela e objetivamente não tinha mais expectativa alguma em relação ao torneio já que perdera muitos pontos na segunda metade do campeonato.
Não fosse esse contexto histórico do São Paulo ter sido campeão no último ano em cima do Goiás.
Não fosse a imensa vontade de qualquer mídia, árbitros, dirigentes e torcedores (não são-paulinos) de não aguentar ver o São Paulo ser heptacampeão.
Não fosse o bom (e caro!) time do Goiás que misteriosamente resolveu voltar a jogar bem as partidas "decisivas" do campeonato.
Não fossem os inúmeros desfalques de jogadores titulares nas partidas decisivas do São Paulo.
Não fosse esse, talvez o torneio de futebol mais equilibrado do mundo, nos últimos tempos.
Não fosse o Serra Dourada estar absolutamente dominado por torcedores tricolores, que provocaram a torcida (e os jogadores) do Goiás gritando: "Não aguento mais, ser campeão em cima do Goiás".
Tudo isso formando um belo espetáculo, cujo desfecho ninguém poderia prever.
E embalado pela torcida, o tricolor começou dominando o jogo.
E aos 15 minutos de jogo, São Paulo na frente 1 x 0.
Resultado que garantiria o time na ponta da tabela, dependendo apenas de seu próprio resultado na última rodada para confirmar a conquista do sétimo título nacional.
Mas o time não conseguiu conter a reação do Goiás e tomou o gol de empate, cinco minutos depois: 1 x 1.
E daí em diante o time do São Paulo se desconfigurou completamente. Não conseguia trocar passes, nem controlar a posse de bola e muito menos segurar o ímpeto do time goiano.
Pouco tempo depois, após uma bela jogada com várias trocas de passes, outro gol do Goiás 2 x 1.
E a pequeníssima torcida alvi verde se inflamou. E o time ganhou ainda mais força e confiança.
Atônito, o time do São Paulo continuava sem criar nada. Não demonstrava a menor capacidade de reação ou a atitude de um time que quer ser campeão. No resto do primeiro tempo inteiro não chutou no gol uma bola sequer.
O Goiás só tocava a bola para administrar o placar do primeiro tempo.
Na volta do intervalo, só restava uma opção para o São Paulo: fazer dois gols e virar o jogo.
Àquela altura o Flamengo já estava vencendo o Corinthians e o Palmeiras batendo o Atlético-MG e, assim, o São Paulo estava caindo para terceira posição na tabela. Só não era o quarto colocado porque o Inter estava perdendo para o Sport.
E, de fato, começou o segundo tempo pressionando. Mas não conseguia fazer o gol.
Aos 20 minutos, em um cruzamento longo, outro gol do Goiás 3 x 1.
Aí, bixo, FÓDEU...
Era só na base do desespero mesmo e o São Paulo não é um time "acostumado" a jogar assim...
Mas, dez minutos depois, incrivelmente, fez um gol após bobeada do zagueiro do Goiás 3 x 2.
Era mais ou menos 33 do segundo tempo. Se o time tivesse alguma coordenação até daria para acreditar. Mas não era o caso. O time estava muito ansioso e desorganizado em campo.
Acontece que o São Paulo acabou dando muito espaço para o Goiás criar jogadas e em um chute de fora da área estava tudo liquidado 4 x 2.
Game Over para o tricolor. O Goiás jogou muito nesse jogo. E o São Paulo, mesmo precisando ganhar, fez o mesmo jogo previsível que tem se acostumado nos últimos anos. Talvez por isso tenha sido complicado vencer jogos decisivos.
Para deixar o quandro um pouco pior, o Inter havia virado o jogo contra o Sport e assumira a vice-liderança, jogando o São Paulo para a quarta posição.
A torcida tricolor que poderia sair do estádio gritando "É campeão" saiu desapontada com um time que jogou muito pouco para quem quer de fato levar outro título para casa.
Mas feliz porque mesmo perdendo esse jogo, o time continua na briga e que não há dúvidas de que o time continuará sendo forte e grande e brigará por títulos, em todos os campeonatos que competir.
Alguém duvida?
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