O novo album da banda californiana "Incubus" está para ser lançado em junho. Desse disco, cujo título será "Black Heart Inertia", não sei exatamente o que esperar. Os últimos dois, apesar de não serem ruins, não possuem a mesma "frequência" dos primeiros discos da banda. Por isso agora me peguei pensando: Taí uma banda cuja vibração me intriga bastante.
Lembro-me exatamente do primeiro contato que tive com a banda. Foi lá por 2000 ou 2001 (a data eu não gravei) mas sei que foi ouvindo "Nowhere Fast" a segunda faixa do disco "Make Yourself". Lembro também que foi numa fitinha k-7 emprestada de um amigo, Higor Coutinho, que possui um blog sensacional: o Goiânia Rock News. Tá aí do lado. Vale a pena visitar.
Bom, mas o que me chamou a atenção foi a pegada dos músicos. É impressionante, chega a lembrar um pouco os velhos tempos do "Faith no More" com um "quê" de Red Hot Chilli Peppers. Na época, eu ainda bem adolescente, me empolguei bastante com o som. E não foi fácil, mesmo com a internet da época, me aprofundar no som dos caras. Nas lojas de cd's importados ninguém tinha sequer ouvido falar dessa banda. Hoje a história é bem diferente, mas há dez anos tudo era muito mais restrito nesse sentido, digo, quanto ao acesso que possuíamos às musicas na internet. Acho que a única coisa que funfava era o KaZaA. Significava uma madrugada inteira para baixar duas ou três músicas com qualidade decente.
Mas, você poderia me perguntar, por que estou falando dessa banda agora? Por causa do disco novo? Não exatamente. Foi porque sem-querer, remexendo em alguns antigos arquivos, achei algo que me fez tomar essa "máquina do tempo" voltando alguns anos, fazendo-me assim, reviver algumas dessas boas experiências do passado. O Incubus foi uma banda que eu, ao descobrir, automaticamente me emergi por completo no seu som. Isso é ainda mais verdade se contarmos os álbuns "SCIENCE", "Make Yourself" e "Morning View". Mas então qual foi esse tal "arquivo" que você se deparou, que serviu como "máquina do tempo"?
Achei escondido aqui o arquivo do dvd "The Morning View Sessions". Já vi vários e vários shows do Incubus internet afora, acho que tudo quanto é possível de se obter via web. Mas esse aí é um verdadeiro achado. Não exatamente pelo show em si - que é em um clima bastante intimista- mas mais pela própria banda. Parece que ali eles estavam no verdadeiro auge da carreira. Isso obviamente não significa que hoje eles teham ficado ruins, mas "aparentemente" eles, por estarem já consolidados e consagrados no mercado talvez, repito TALVEZ, hoje já tenham perdido um pouco "aquele" tesão para fazer música e tocar que existia anteriormente. E na minha opinião esse "turning point" foi exatamente no disco "Morning View".
No caso desse dvd pra quem conhece as músicas uma olhada no repertório já é o bastante para arrepiar. A apresentação, apesar de ser dentro de um estúdio, não deixa de ser fantástica. Desde o início com "Pardon Me" - quebradíssima - passando por "The Warmth" e "Circles" com os seus refrões marcantes e uma pegada que mistura um pouco de Rage Against e Red Hot e um leve traço de Limp Bizkit e outras do gênero dessa mesma época. Depois as baladas "Mexico" e "Drive" (obrigatória...) que fica até legal nesse show quando a banda entra tocando. Mas a sequência que me chamou mesmo atenção e me motivou a escrever tudo isso foi a "Warning"-"New Skin"-"Just a Phase". Que vibe!!! É muito pancada!!! Com uma qualidade fora do comum...
Mas vendo esse dvd e voltando no tempo, viajando bastante aqui, acabei não resistindo e acabei me perguntando: "Por quê?" O Incubus lançou dois bons discos depois do "Morning View" ("A Crow Left of the Murder" e o "Light Grenades"). Mas nenhum desses atingiu a minha veia da mesma forma que os antigos o fazem até hoje. Sei que é preciso respeitar o caminho que a banda deseja seguir, afinal os artistas são eles, e além disso nem é possível dizer que o Incubus tenha se afastado tanto assim do seu "caminho" original. Mas que eles se "domesticaram"... Ah! Quanto a isso resta pouca ou mesmo nenhuma dúvida.
Indo mais adiante com relação aos exemplos, mas sem querer fazer propriamente uma comparação, o Incubus parece ter tomado um caminho muito semelhante ao que a DMB está trilhando desde o "Everyday". Isso pode até ser uma constatação. Curiosamente o "Morning View" e o "Everyday" são, ambos, de 2001. Aquela força criativa, aquela vontade de trabalhar a arte em si, e compor segundo uma intuição, de acordo com uma vontade original, parece não perdurar por muito tempo. Eles, ao meu modo de ver, trabalham hoje pelo avesso do processo criativo, olhando mais para o lado do mercado do que para o que eles realmente são capazes, e às vezes até gostam e têm prazer de fazer nos palcos. Isso está bastante claro para mim.
Independentemente do resultado desse interessante debate o saldo da recente história do Incubus é extremamente positivo. Vários bons discos no início da carreira e os últimos - apesar de faltar um tempero mais ousado - são, de fato, bastante sólidos musicalmente. Pra quem quiser experimentar um pouco desse "tempero a mais" que o Incubus tem a oferecer sugiro, então, correr atrás do dvd "The Morning View Sessions". É diversão garantida ou...
(... seu "download" de volta? ) =P