http://www.makepovertyhistory.org Usina de Pensamentos: janeiro 2009

Criar, mudar, refinar o pensamento! Viver o sentimento e sentir o que é vivido! Enxergar as ilusões recolocar-se na realidade! Ter insights, sentir-se continuamente inspirado... Seja mais um operário na Usina de Pensamentos!

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

My Wishlist


Pois aí está. Já foi feito o pré-lançamento do novo álbum da série Live Trax da Dave Matthews Band, o décimo-quarto dessa coleção. Pela fántastica foto da capa já é possível notar que não trata-se de um álbum qualquer. Esse álbum contém, nada mais nada menos, do que a última apresentação do LeRoi Moore, o talentosíssimo saxofonista da DMB.

Uma pessoa de personalidade ímpar, muitos inclusive o davam (erroneamente) por cego, tamanha era sua timidez e introspecção no palco. Como músico, podemos dizer que ele conseguiu criar uma nova forma de abordar o saxofone. Em uma banda que já conta com violão, bateria, baixo e violino (quando não com músicos convidados na guitarra e nos teclados) não é nada simples encaixar um bom arranjo desse instrumento mais "jazzístico". LeRoi, entretanto, conseguiu criar uma nova forma de compor, com lindos fraseados ora duelando com o violino, ora ocupando os poucos espaços vazios existentes na música da DMB.

Como se não bastasse, LeRoi ainda explorava uma boa gama de diferentes instrumentos, conforme podemos notar em músicas como "Say Goodbye" e "Bartender", por exemplo. Co-fundador da banda era um membro muito querido por todos integrantes e por quem quer que tivesse contato com ele.

Esse álbum foi gravado em uma apresentação da banda no dia 28 de junho no Nissan Pavilion in Bristow, no estado de Virginia. Dois dias antes de LeRoi se acidentar com seu quadriciclo na sua fazenda, nos EUA. Os ferimentos do acidente foram gravíssimos e com tudo isso LeRoi teve que sair de cena para a sua melhor recuperação. A banda se viu obrigada a encaixar o saxofonista de uma banda muito próxima do DMB - Jeff Coffin da banda Bela Fléck & the Flecktones - para complementar os shows restantes da turnê. Mas todos - músicos e fãs - estavam muito abalados com a ausência de LeRoi nos palcos.

Um mês e meio depois do acidente, quando tudo aparentemente se encaminhava para um quadro mais estável, LeRoi faleceu de forma totalmente inesperada. Eu, particularmente, sofri muito. Já estava com os ingressos na mão para o show da banda no Rio de Janeiro. No dia em que LeRoi se foi faltavam exatamente 41 dias para a apresentação. Diversas dúvidas pairavam sobre o que iria acontecer dali para o futuro. Não havia confirmação oficial sobre o show. A emocionadíssima apresentação da banda no dia 20 de agosto foi um indício de que as coisas não iriam parar por ali. Muito provavelmente LeRoi não iria querer que isso acontecesse. Além disso, por incrível que pareça, Jeff Coffin conseguiu se encaixar de forma perfeita ao som do "novo" DMB. A falta de LeRoi será sentida para sempre. Mas tecnicamente, Coffin conseguiu preencher com maestria uma lacuna que não poderia ser ocupada por mais ninguém. Que bom! Com certeza, LeRoi diria: "The Show Must Go On!!!"

A música da DMB tem sido, de longe, a que escuto com mais frequencia. No entanto, fora algumas postagens com trechos de letras, muito pouco tenho comentado sobre a banda. Talvez seja porque ainda não consegui dimensionar com exatidão o quanto ela representa para mim. Minhas palavras pouco podem expressar o que realmente sinto ao ouvir cada música dessa banda. Impera um "respeitoso" silêncio. Mas na verdade essas músicas pra mim valem quase tanto quanto oxigênio. No entanto, depois de tudo o que aconteceu no Rio de Janeiro, no dia 30 de setembro de 2008, parece que o "O2" passou de verdade para segundo plano. E LeRoi estava presente lá, naquele dia. Tenho certeza absoluta. Meu humilde tributo para ele foi feito. Se esse pouco que fiz lá no Rio foi capaz de emocionar os integrantes da banda e alguns fãs, o que poderíamos dizer quanto ao grande LeRoi.

Infelizmente não pude ver LeRoi tocar ao vivo. Mas tenho certeza absoluta de que não preciso fazer nenhum esforço para sentir, como poucos, a emoção de cada solo que ele fez, o cuidado com cada arranjo, e toda a beleza e sutileza do seu estilo único. Vá em paz Roi. Você cumpriu, com folga, a sua missão por aqui. Muito obrigado.

Não sei como farei para ter acesso a esse álbum. Por contingências de ordem financeira (vulgo, eu sou um "quebrado") confesso que sou obrigado a baixar
(ilegalmente) todos os lançamentos da banda. Mas esse álbum tem um gostinho especial. Eu queria muito ter isso em CD. Vale muito a pena. Porque, além de tudo isso que foi dito, toda renda obtida pela venda dos CDs será revertida para instituições de caridade e para o Charlottesville Music Resource Center. Assim é que se faz uma banda da magnitude da DMB. Parece simples, mas é muito complicado de se compreender.

Pra mim, pelo menos, é.

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LIVE TRAX VOL. 14

Track List:


CD 1
1 DON'T DRINK THE WATER
2 OLD DIRT HILL (BRING THAT BEAT BACK)
3 SO DAMN LUCKY
4 THE DREAMING TREE
5 THE IDEA OF YOU
6 CORN BREAD
7 YOU MIGHT DIE TRYING
8 THE SPACE BETWEEN
9 SLEDGEHAMMER

CD 2
1 EH HEE
2 LOUISIANA BAYOU
3 OUT OF MY HANDS
4 EVERYDAY
5 ANTS MARCHING
6 SO MUCH TO SAY>ANYONE SEEN THE BRIDGE?>
7 TOO MUCH
8 SISTER
9 PANTALA NAGA PAMPA> RAPUNZEL
10 THANK YOU (FALLETIN ME BE MICE ELF AGIN)

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Saramago e o Acordo Ortográfico

Em entrevista ao programa "Diga lá, Excelência", do jornal "Público" e da Rádio Renascença, conduzida pelos jornalista Maria José Oliveira e Paulo Magalhães, emitido pela RTP 2 no dia 15 de Junho de 2008, o Prémio Nobel da Literatura José Saramago mostrou-se a favor do Acordo Ortográfico, conquanto confesse já não ter idade para deixar de escrever como escreve….

As reedições das suas obras vão ter de aplicar o Acordo ortográfico. O que lhe parece?

E que importância tem? Em 1911 fizemos uma reforma ortográfica, suponho que por decreto, e sobrevivemos ao choque. Que não deve ter sido muito grande porque não se manejam reacções nesse tempo contra o acordo ortográfico. Não deixou rasto. Ao longo da minha vida passei por algumas coisas dessas, que não eram exactamente reformas ortográficas, mas apareciam algumas coisas dessas. Aprendi a escrever a palavra mãe com "e" no final, depois veio uma reforma gráfica e passei a escrever com "i" final. Depois veio outra e passei a escrever com "e" novamente. Agora estamos em algo mais vasto e complexo que não me agrada completamente.

Nestas matérias sou bastante conservador: o que está e deu bons frutos e bons resultados não se mexe. Mas tenho de compreender uma coisa: o futuro do português que escrevemos poderia estar bastante comprometido se não houvesse este acordo. É certo que haverá por parte de muita gente uma certa relutância em escrever acto sem "c" quando até agora escrevíamos com "c". Mas o Brasil tem 200 milhões de habitantes, creio. Podemos com os nossos dez milhões impor à sociedade mundial a nossa norma por isto ou por aqueloutro. Apresentem as razões. Há aí um grupo de pessoas que respeito muito que não estão de acordo comigo. Mas creio que temos de embarcar nesse comboio mesmo que não gostemos muito. Não há outro remédio.

Vai começar a escrever acto sem a letra "c"?

Vou continuar a escrever como escrevo hoje. Não vou querer estar a ir constantemente ao dicionário ver se se escreve com "c" ou não. Os revisores encarregam-se disso. Isto vai até 2015, creio, e vamos ter de actualizar dicionários. Agora que eu tenho 85 anos não vou sentar-me outra vez no banco da escola primária para aprender a escrever. Isso faço eu. Há uns apêndices que caem para outra pessoa, neste caso o revisor, que se encarregará de limpar a prosa.

A história de todos os dias



" O que significa a história de todos os teus dias? Observe os hábitos que a compõem: serão o produto de pequenas e incontáveis covardias e preguiças, ou da tua coragem e da tua engenhosa razão? Por mais diferentes que sejam estas origens é possível que os homens lhes concedam o mesmo louvor, e que tu próprio lhes sejas igualmente útil de qualquer maneira. Mas louvor, utilidade, respeitabilidade, podem bastar para quem procura somente possuir boa consciência; não te poderiam bastar, a ti, perscrutador das entranhas, que tens ciência no que diz respeito à consciência. "


(F. Nietzsche)

1000

Desfeitos os nós que teimavam em permanecer atados, aqueles incômodos nós que nós mesmos criamos. Mas que, às vezes, surgem do além, aparecem do nada mas que praticamente te obrigam a desfazê-los. Me sinto melhor agora. ...alívio...

Goiânia-Lençóis-Itacaré...

Lençóis-BA

Um desafio sem precedentes. A mensagem original ainda vive, ali, na minha caixa de e-mails. O dia era 09 de dezembro de 2008. Nesse dia surgiu a tal "proposta indecente". Vinte e cinco dias. Foi esse o tempo que tivemos para planejar, discutir, organizar tudo. Isso porque no dia 02 de janeiro já estávamos saindo de Brasília. Ao longo desses dias aconteceram umas três ou quatro reuniões em que nós quatro estávamos presentes para que fosse decidido o trajeto, os locais de estadia, pesquisa sobre as condições das estradas entre outros detalhes. O carro, um Ford Ka. Outro desafio. Pelo tamanho somente, porque a mecânica dele esteve impecável durante toda a viagem. Mas é literalmente um besourinho aquele carro. Tanto que nos fez desistir rapidamente da idéia de acampar por não ter onde levar barracas, colchonetes e travesseiros. Na verdade, além das malas e dos itens básicos de viagem não caberia nem uma cueca a mais naquele porta-malas. O carro foi estufado.

Originariamente, nosso destino seria a Chapada. Um destino realmente mais modesto e rústico. O preço da alta temporada, no entanto, nos fez repensar a idéia. O turismo já é bem desenvolvido nesses locais e dominado comercialmente. A previsão do tempo, sempre indicando chuva nas principais regiões, também contou um ponto contra. Como nós estávamos de carro mesmo, resolvemos estender nosso itinerário para as Costas do Dendê e a Costa do Cacau na Bahia.

Para isso precisaríamos atalhar por algumas rodovias estaduais para chegar na parte de cima do litoral baiano. Mas as rodovias estaduais da Bahia não estão nas melhores condições e, no final das contas, nós resolvemos ir mesmo direto para Itacaré, pegando as melhores estradas. Entretanto, ninguém abria mão de passar pela cidade de Lençóis, um dos principais pontos da Chapada Diamantina. O caminho ficava mais longo, mas vale totalmente a pena. Que paisagem! Todo mundo devia passar um dia viajando por aquelas rodovias. Mas prepare-se para o mais intenso calor do sertão nordestino. Para sentir na pele todas as sensações e toda a força desse ambiente só indo em um carro sem ar-condicionado e sem insulfilm.

No primeiro dia de viagem, o dia 02 de janeiro, fizemos mais de 1000 quilômetros. O trajeto Brasília-Lençóis via Barreiras foi percorrido com tranquilidade. Estávamos com a energia lá em cima, tudo preparado, lanches, tudo conforme o roteiro. Pra mim o único trauma desse dia foi com os meus CD's de mp3 que, por meu próprio descuido no momento da gravação, não tocaram no som do carro. Parece que era mesmo pra ser uma viagem silenciosa, mais voltada para reflexão do que para qualquer outra distração. De resto, foi tudo perfeito. Os horários do nosso roteiro estavam plenamente sincronizados com o que ia acontecendo na estrada. Os sanduíches, preparados tanto para evitar a "suspeita" comida de beira de estrada, como para evitar a perda de tempo, foram um sucesso. Estavam deliciosos, com um tomatinho que os deixaram frescos e suculentos durante toda viagem. Todo mundo comeu e ficou bem feliz.

A chegada em Lençóis é qualquer coisa de cinema. A cidade é construída em um buraco no meio da serra e a estrada de acesso é linda e muito bem conservada. A mata parece querer invadir o asfalto e, em certos trechos, chega a fazer um belo túnel verde para os carros que passam por ali. Nessa hora, me lembro muito bem, estávamos felizes e aliviados ouvindo, claro, "One Sweet World" do DMB e, por todo esse cenário, digo que esse foi um dos momentos mágicos dessa viagem. Chegar em um local como aquele, depois de rodar mais de 1000 km em um único dia, ouvindo versos como "So let us sleep outside tonight / Lay down in our mother's arms / For here we can rest safely " foi algo mágico.

Mas estávamos cansados. Em Lençóis não tinha nada marcado, reservado. Estava anoitecendo e precisávamos encontrar uma pousada. Rodamos bastante para pechinchar e acabamos encontrando uma pousada muito charmosa, na beira de um rio, por menos de 30 reais por pessoa com direito a café da manhã. Por lá ficamos. À noite saímos para um passeio à pé pela cidade. E que cidade! Nunca vi algo parecido. A cidade respira democracia. Nada é proibido. As pessoas que lá estão são incrivelmente tranquilas. Não tem nem de perto o ar urbano, que mesmo qualquer cidade pequena de interior possui. Lá você não precisa se esconder. Além disso, a cidade tem aquela cara charmosa da Bahia, com casas rústicas, antigas e coloridas. Sentamos num boteco que estava lotadíssimo, demoraram para nos atender, mas ninguém estava nervoso ou preocupado. Tomamos uma Nova Schin (isso mesmo! era o que tinha...) mais para matar a sede e ficamos ouvindo uma banda mandando um som eletrônico no meio da rua. Depois, como demorou para descer a segunda cerveja, nós fechamos a conta e fomos procurar um restaurante para comer qualquer coisa que não fosse sanduíche. E adivinha. Comemos AQUELA picanha na chapa deliciosa tomando, aí sim, uma Bohemia, que estava trincando. De aperitivo, todo mundo tomou uma pinga que não me lembro o nome, mas que é produzida ali na região da Chapada mesmo. Comemos demais. Acompanhavam a carne um feijão tropeiro delicioso, uma mandioquinha cozida, um vinagrete especial e o tradicional arroz branco.

Voltamos para a pousada, felizes, sorridentes, tropeçando nos paralelepípedos...

E fomos dormir.

alívio


" Pobre da sensibilidade que depende de um pequeno movimento do ar para o conseguimento, ainda que episódico, da sua tranquilidade! Mas assim é toda sensibilidade humana, nem creio que pese mais na balança dos seres o dinheiro subitamente ganho, ou o sorriso subitamente recebido, que são para outros o que para mim foi, neste momento, a passagem breve de uma brisa sem continuação. "

(F. Pessoa)

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

1001 Discos - 0017


The Disposable Heroes of Hiphoprisy
Hypocrisy Is the Greatest Luxury
(1992)

Músicas comuns, letras nem tanto

Para quem está acompanhando os 1001 discos desde o início esse é mais um álbum que segue musicalmente a mesma linha dos já comentados
Dr. Dre e o The Pharcyde. Dê uma passadinha pelos arquivos e leia (ou releia) aqueles comentários. São todos inclusive do mesmo ano, de 1992, o que nos mostra a enorme força do movimento rap e hip hop daquela época. O que distingue, então, o álbum de hoje desses outros dois?

Musicalmente, ele é notadamente mais fraco. Apesar de usar bons samples como de Miles Davis, Herbie Hancock, The Meters e Public Enemy ele não é tão criativo e diverso quanto os outros dois álbuns comentados anteriormente. A base é
substancialmente o rap puro. Mas, mesmo assim, é um rap muito bem cantado. As vozes apresentam uma boa melodia e mesmo quem não é muito da área do rap, como eu, consegue ouvir tranquilamente esse disco. Mas, sendo assim aparentemente tão comum, por que esse disco está na lista dos 1001?

Simples e direto. Por causa das letras. Nessa época, conforme podemos notar, o hip hop crescia e dominava o mercado americano. Mas os temas das letras dos discos mais comerciais eram, basicamente fúteis e as batidas, monótonas. Esse álbum, por sua vez, levou os problemas urbanos que os EUA enfrentavam naquele período muito a sério. E eles mandaram realmente muito bem. Nesse sentido, é bem verdade, esse álbum destoa de todos os outros que tive contato, dentro desse gênero. A violência, o poder da mídia (sobretudo da televisão), opressão política, as desigualdades, e muitos outros temas são tratados com muita propriedade e até elegância em suas letras.


Esse álbum é importante também como uma referência histórica dentro do rap. Os componentes herdaram um legado importante deixado pelo Public Enemy na década de 80. A contribuição de um disco como esse no sentido de dar mais substância, mais conteúdo, a tudo que vinha sendo produzido nesse gênero naquele ano é também um fator marcante.


A banda, no entanto, durou apenas três anos. Provavelmente pelo fato de não ter atingido grande sucesso comercial. Na verdade, ela nunca saiu do circuito universitário americano. Trata-se de um álbum interessante sobretudo para quem é fissurado em uma boa "rima", aliás, para esses, eu arriscaria dizer que é um disco de presença fundamental na prateleira.



Hypocrisy Is the Greatest Luxury

Studio album by The Disposable Heroes of Hiphoprisy
Released 1992
Recorded 1992
Genre Hip-hop
Length 62:32
Label 4th & B'way/Island/PolyGram Records
Producer Michael Franti

Track listing

1. "Satanic Reverses" (Franti) – 4:45
2. "Famous and Dandy (Like Amos and Andy)" (Franti) – 6:34
3. "Television, the Drug of the Nation" (Franti) – 6:38
4. "Language of Violence" (Franti) – 6:15
5. "The Winter of the Long Hot Summer" (Franti) – 7:59
6. "Hypocrisy Is the Greatest Luxury" (Franti) – 3:47
7. "Everyday Life Has Become a Health Risk" (Franti) – 4:54
8. "INS Greencard A-19 191 500" (Franti) – 1:36
9. "Socio-Genetic Experiment" (Franti) – 4:19
10. "Music and Politics" (Franti) – 4:01
11. "Financial Leprosy" (Franti) – 5:30
12. "California Über Alles" (Biafra/Greenway) – 4:13
13. "Water Pistol Man" (Franti) – 5:55

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segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Enquanto isso, pelos arredores da Nova Suiça II... Nada mudou...

Estudante de 20 anos é baleada na cabeça

(DM Cidades | 25 de Janeiro de 2009 | Edição nº 7749)

A estudante Cecília de Souza Freitas, que completa 20 anos hoje, foi baleada na cabeça, durante uma tentativa de assalto em frente ao prédio em que reside, na Avenida T-64, no Setor Bela Vista, na madrugada de ontem. Ela e o namorado, o empresário Eduardo Henrique de Deus, 25, estavam saindo para jantar, na noite de sexta-feira, quando foram abordados por dois homens que se aproximaram atirando contra a mulher. A polícia prendeu, por volta das 6 horas da manhã de ontem, o suposto autor do disparo, I. P.S., 18, e L. A. P. N., 23. Um terceiro continua foragido. Cecília passou por duas cirurgias e está em coma induzido. O estado de saúde é gravíssimo.

Eduardo afirma que toda a ação demorou menos de dez segundos. Cecília tinha acabado de entrar na camionete Montana quando um dos homens se aproximou pela porta do carona. Sem anunciar assalto, ele disparou pela brecha da janela, atingindo a nuca da estudante. Ao perceber que outro agressor se aproximava pelo lado do motorista, Eduardo se fingiu de morto. “Ele apontou a arma para mim. Foi então que eu ergui os braços e pedi para que não me matassem.”

Os dois indivíduos tiraram o motorista do carro e entraram, mantendo o corpo da jovem entre os bancos dianteiros. Antes de sair cantando pneus, os criminosos tentaram atingir Eduardo e o porteiro do edifício, Raimundo Nonato Soares, mas erraram dois disparos. Em seguida, eles dirigiram por cerca de quatro quadras, até a T-14, e abandonaram o veículo com Cecília dentro. Os homens teriam escapado num Corsa branco. Raimundo afirma que viu o veículo seguindo o carro de Eduardo após a tentativa de assalto. Ele anotou a placa e repassou para a polícia.

O empresário deduziu que os assaltantes tentariam se livrar de Cecília durante a fuga e saiu com a ajuda de moradores locais para tentar localizar a namorada. Foi então que a encontraram dentro da camionete, com todo o dinheiro, cheques e objetos de valor. Nada foi roubado. Ele a levou para o Hospital de Urgências e depois para o Hospital Neurológico.

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Imagens de armas em celular

Um celular (foto) encontrado com um dos presos em flagrante por supostamente balear a cabeça da estudante Cecília de Souza Freitas, 20, continha vídeos em que eles dançavam e empunhavam armas, além de mostrar o uso de cocaína.
Em uma das gravações, os suspeitos dançam funk, um deles utilizando uma máscara de urso. Em outro vídeo, eles aparecem cheirando cocaína. Também foram encontradas fotos em que os supostos autores fazem poses com as armas em punho.

(Do DM Online)

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É...
E eu te pergunto: vão ser presos? ou melhor, vai adiantar alguma coisa prender esses delinquentes? ou ainda, qual a verdadeira função da justiça, se é que ela existe? quanta tristeza, quanto medo e quanta covardia... e o que mais me incomoda é pensar que esse quadro pode ficar muito, muito pior...

Diálogo ultra-rápido


— Eu queria propor-lhe uma troca de idéias...
— Deus me livre!


(M. Quintana)

A Liga Extraordinária


...unweaving the story...

Estranho... Como algo que tinha tudo para ser fantástico (e, por breves momentos, de fato foi) parece ter tido o poder mais de afastar do que de aproximar algumas pessoas tão queridas? Seria algum receio com a própria identidade? Mas, nesse caso, seria a minha ou a dele? Seria algum desapontamento, uma simples decepção? Algum "estresse" em um lugar tão mágico, tão pleno e harmonioso? Alguma leve exposição de ciúmes, de alguma parte? Incompatibilidade de gênios que se conheciam tão bem e se respeitavam em um nível tão profundo?

O que era pra ser uma marcante experiência pra vida toda ficou mais marcado como algo para se "não-fazer". Todavia, não gerou explícitos desentendimentos. Antes tivesse gerado! Talvez com algumas fortes ponderações tudo fosse ali, na hora, resolvido. Pela própria natureza de ambas as partes, isso confesso, não ocorreu dessa forma. Percebi também que um falso "quem cala, consente" foi exaustivamente utilizado desde o início da jornada. E, olhem que não foi nada difícil deduzir esse "verdadeiro e falso". Ainda assim não perceberam que quando se "consente" com algo não há muito o que se fazer do lado de cá para que, quem quer que esteja do lado de lá, possa voltar atrás em uma escolha, se assim desejarem.

Mas que fique claro. Não são desculpas o que eu quero. Não se trata dessa espécie de acerto. Queria mesmo é entender algumas coisas, qualquer coisa na verdade...

A única "verdade" - se é que "isso" existe - que insiste em ficar martelando na minha mente é que tudo nunca mais será como antes. Não há que se deprimir, contudo. A vida é mesmo torta. Se não sofremos é porque não estamos vivendo. Uma simples e curta convivência foi suficiente para me permitir algumas claras leituras. As transparentes turbulências do dia-a-dia geraram algo aparentemente muito forte, e que agora parecem-me impedir completamente o resgate dessa pérola, dantes tão valiosa. Mas não seria a pérola uma pequena "pedra" como outra qualquer? Por que teria ela, de antemão, esse valor superestimado? Pura miopia, talvez.

Tivesse essa pérola um real valor intrínseco, seria então como uma semente. Pois, ainda assim não vingou. A semente parecia não estar madura ao ser plantada. Foi lançada ao solo, com todo o potencial para se desabrochar. Tudo. Todos os elementos vitais: sol-transformador, terra-acolhedora, vento-penetrante, água-sedutora em super-abundância. Teve a sua oportunidade de germinar, mas optou por permanecer incubada. Talvez agora perdure a frustração de não ter tido coragem de sair da própria casca. Não há como saber com precisão. As respostas a qualquer indagação estarão, de uma maneira ou de outra, enviesadas. Qualquer diálogo tem maior chance de nos afastar ainda mais.

Teria o veneno atingido a raiz de tudo isso? Poderá esta árvore gerar novos e apetitosos frutos? Ninguém compreenderá. O tempo talvez tenha algo a nos dizer. Aguardo, enquanto tantas vozes se entrecruzam em minha mente.

Estou, silenciosamente, no aguardo.

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" Do what you will, always
Walk where you like
Your steps
Do as you please
I'll back you up

I remember thinking
Sometimes we walk
Sometimes we run away
But I know
No matter how fast
We are running
Somehow we keep
Somehow we keep up
With each other "

Nancies


" Don't you ever wonder
Watchin' the news at night
Watchin' the world go to shit
Maybe think everything
Could be alright
If we'd just taken one turn
A little bit different
Maybe if we thought one thought
Just a little bit twisted "

A fundação para a promoção do budismo e a distribuição de A Doutrina de Buda


"
[O Sr. Yehan Numata] sempre teve a sólida convicção de que o sucesso de uma empresa está na dependência da harmoniosa associação entre o Céu, Terra e o Homem, e de que a perfeição da mente humana somente é alcançada pela bem equilibrada coordenação entre a sabedoria, compaixão e a coragem. "

domingo, 25 de janeiro de 2009

Estética do Desalento


" Publicar-se - socialização de si próprio. Que ignóbil necessidade! Mas ainda assim que afastada de um
acto - o editor ganha, o tipógrafo produz. O mérito da incoerência ao menos. Uma das preocupações maiores do homem, atingida a idade lúcida, é talhar-se, agente e pensante, à imagem e semelhança do seu ideal. Posto que nenhum ideal encarna tanto como o da inércia toda a lógica da nossa aristocracia de alma ante as ruidosidades e (...) exteriores modernas, o Inerte, o Inactivo deve ser o nosso ideal. Fútil? Talvez. Mas isso só preocupará como um mal aqueles para quem a futilidade é um atractivo. "

F. Pessoa

sábado, 24 de janeiro de 2009

Humano, demasiado humano - 013

Sinais de Cultura Superior e Inferior


284. Em favor dos ociosos. - Como sinal que decaiu a valorização da vida contemplativa, os eruditos de agora competem com os homens ativos numa espécie de fruição precipitada, de modo que parecem valorizar mais esse modo de fruir do que aquele que realmente lhes convém e que de fato é um prazer bem maior. Os eruditos se envergonham do otium [ócio]. Mas há algo de nobre no ócio e no lazer. - Se o ócio é realmente o começo de todos os vícios, então ao menos está bem próximo de todas as virtudes; o ocioso é sempre um homem melhor do que o ativo. - Mas não pensem que, ao falar de ócio e lazer, estou me referindo a vocês, preguiçosos.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

1001 Discos - Edição Especial nº2 e 1/2


Caros companheiros dessa longa jornada dos "1000 e tantos" discos. Eis que um novo ano se inicia. E como não poderia deixar de ser, venho com NOVIDADES para esse nosso ambicioso projeto. Mas prometo. Dessa vez serei breve. Objetivo ao extremo. Na medida do possível, é claro.

A idéia era divulgar essas novas idéias na edição "especial" anterior (a número 2) , mas o conteúdo do post acabou derivando para outro lado e resolvi deixar como está. É essa a razão do título "diferenciado" mas também porque, mais uma vez, pretendo ser breve. Vale por meio post.

É o seguinte. Seguindo sugestões de amigos e companheiros dessa verdadeira "nave-louca", a partir de agora vou upar para o nosso "diretório virtual" também os álbuns compactados. Assim, fica mais fácil baixar os álbuns integralmente.

A única observação a ser feita é sobre o limite de transferência do servidor que é de 100MB. Por causa disso e para evitar erros em possíveis arquivos corrompidos estou fazendo pacotes de 50MB cada.

No entanto, não abrirei mão de deixar disponível o "faixa-a-faixa". Inclusive, o post do Jane's Addiction já foi editado e agora há um hiperlink em cada música, facilitando um pouco o processo. Assim é possível escutá-la sem nem precisar fazer o download.

É isso. Espero que fiquem satisfeitos! Aguardo os comentários, dicas, sugestões, críticas, etc....

(Só reiterando que isso vale para os álbuns comentados a partir desse post, ou seja, os álbuns passados - já comentados - não serão atualizados.)


MOVIMENTE-SE!!!

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1001 Discos - 0016


Jane's Addiction
Nothing's Shocking
(1988)

Voltando da Ressaca


Jane's Addiction é uma banda de rock alternativo formada em Los Angeles no final da década de 80. Musicalmente não considero essa década tão rica quanto a década de 70 e principalmente a de 60, apesar de saber que, claro, existem inúmeras "pérolas" que são belas exceções a essa regra. No entanto, isso não significa que o som do Jane's Addiction seja pobre. Aguardem os próximos capítulos, ops, ou melhor, "parágrafos" e vocês entenderão. Pelo menos, assim espero.

Essa regra da década de 80 em relação às outras passadas é ainda mais válida se focarmos apenas o cenário pop/rock e alternativo, em vez de abranger a música como um todo (que incluiriam, por exemplo, jazz, bossa nova, tropicália e outros gêneros mais regionais). Acredito que umas das razões para isso seja o próprio volume de "novidades" criado espontaneamente nessas décadas anteriores.

Esmagada pela imensa e avassaladora criatividade artística provinda das duas décadas passadas, a década de 80 tendeu mais ao minimalismo do que qualquer outra coisa. O punk, por exemplo, entre várias outras coisas tenta de certa forma negar aquele virtuosismo, todo aquele espetáculo colorido característico do psicodelismo do pop/rock dos anos que antecederam.

É claro que existem inúmeras fusões e tudo acorre de forma muito mais amorfa e menos homogênea do que seria conveniente para qualquer análise. Mas essa tendência existia de fato. Além disso, está expresso explicita e implicitamente em várias bandas, álbuns e músicas dessas décadas, principalmente no lado alternativo do rock de 80.

Uma forma de expressão mais minimalista significa uma banda compondo as músicas de forma mais simples, e/ou usando menos instrumentos, acordes mais simples, algo muito comum sobretudo em músicas mais voltadas para protesto, para contestação de algo. Isso porque nesses casos geralmente se valoriza mais o conteúdo (lírico/poético) do que a forma (musical).

Esse minimalismo é uma resposta a tudo que vinha sendo criado no mundo do "showbusiness" dos anos anteriores. De certa forma, a década de 80 é como que uma "ressaca" das décadas anteriores. Não exatamente no sentido pejorativo do termo. Mas, como consequência histórica, algo que ocorreu naturalmente, não há dúvidas.

Bandas de hard-rock se proliferavam aos milhares e dominavam o mercado. Todas bastante influenciadas por Led Zeppelin, Balck Sabbath, Deep Purple, entre vários outros, mas com aquela (triste) cabeleira característica da época. O "Hair Rock" de bandas como Quiet Riot, Mötley Crüe, Ratt, Helix, W.A.S.P., Night Ranger, Twisted Sister, Stryper, Warrant, Cinderella, Poison davam o tom de todas as baladas da época. O lado alternativo do rock era comercialmente nulo na época, salvo raras exceções.

Nesse cenário, juntamente com o surgimento e maior amadurecimento da MTV americana surge a banda Jane's Addiction. O som dessa banda é bem diferente de tudo o que vinha sendo produzido na época. Algo que pode ser definido como um post-punk com suingue de soul-funk (Há!!! Rimou!). Esse é mais um caso de uma banda que abriu o caminho do "funk-metal" para outras como Red Hot Chili Peppers, Faith No More, Soundgarden, Alice In Chains, entre outras.

No entanto, isso não é, ainda, o maior destaque desse álbum. Para mim, o ponto alto desse disco tem um nome. Ele é Dave Navarro. O guitarrista, que posteriormente chegou a integrar o próprio Red Hot Chili Peppers, realmente arrebenta nesse disco. Toca demais. Não há dúvidas que ele influenciou toda uma geração de guitarristas entre eles os gigantes Tom Morello, Slash e todos os guitarristas surgidos a partir da década de 90. Não há dúvida alguma de que todos eles tem uma "pitada" de Dave Navarro.

Apesar de ter sido nesse post o meu primeiro contato significativo com a banda Jane's Addiction eu já conhecia bem o estilo do D. Navarro por sua passagem pelo R.H.C.P., no álbum "One Hot Minute" - um disco muito subestimado da banda californiana, diga-se. Esse disco inclusive mereceria um post inteiro só pra ele, pois tem lugar cativo na minha galeria de favoritos.

O álbum "Nothing's Shocking" traduz muito bem tudo isso que foi escrito nesse post até agora. A começar pelo seu título. O cenário da época estava tão saturado que nada mais chocava, nem ao público, nem a ninguém. É um álbum dos precursores do "funk metal" por isso tem bastante peso, mas já com algum suingue.

Musicalmente, o disco não é tão cru quanto um álbum de punk, mas tem vocais que são claras referências à esse estilo musical. A bateria é muito bem arranjada, mas tem um timbre que me irrita um pouco. Inclusive, talvez seja esse o grande motivo desse ter sido um dos álbuns mais difíceis que me deparei para analisar. Confesso que demorei um pouco pra aceitar os vocais e esse som de bateria (convenhamos, parece som de bateria daqueles teclados infantis "Casio"). O grande salvador da pátria foi novamente o fone de ouvido que colocou a guitarra bem na minha cara e aí, então, caiu a ficha (e, com ela, se foram os meus dentes).

Destaques, para a pesada "Ted, Just Admit It...", a engraçada "Standing in the Shower... Thinking", "Mountain Song", a radiofônica "Jane Says" e o despretensioso jazz de "Thank You Boys". Todas as outras faixas também tem excelentes arranjos de guitarra que compensam de sobra qualquer investimento feito nesse disco.

Depois desse álbum, não teria como ser diferente, a banda decolou. Não obstante, conseguiu voltar os holofotes da mídia novamente para o lado alternativo do rock e, em meio a um conflito "conceitual" que pairava sobre a cena underground, desenvolveu algo musicalmente novo, original e muito rico. Mais um daqueles casos em que a reunião de excelentes músicos se traduz em um grande álbum.



Nothing's Shocking
Studio album by Jane's Addiction

Released August 23, 1988
Recorded 1987-1988 at Eldorado Studios in Los Angeles, California
Genre Alternative rock
Length 45:13
Label Warner Bros. Records
Producer Dave Jerden, Perry Farrell

All songs written by Perry Farrell except where noted.

1. "Up the Beach" - 3:00
2. "Ocean Size" (Avery/Farrell/Navarro/Perkins) - 4:20
3. "Had a Dad" - 3:44
4. "Ted, Just Admit It..." (Farrell/Navarro/Perkins) - 7:23
5. "Standing in the Shower... Thinking" - 3:03
6. "Summertime Rolls" (Avery/Farrell/Navarro/Perkins) - 6:18
7. "Mountain Song" - 4:03
8. "Idiots Rule" - 3:00
9. "Jane Says" - 4:52
10. "Thank You Boys" - 1:01
11. "Pigs in Zen" - 4:30

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Humano, demasiado humano - 012


Sinais de Cultura Superior e Inferior

241.
Gênio da cultura. - Se alguém imaginar um gênio da cultura, qual a sua natureza? Ele utiliza tão seguramente, como seus instrumentos, a mentira, o poder, o mais implacável egoísmo, que só poderia ser chamado de mau e demoníaco; mas os seus objetivos, que transparecem aqui e ali, são grandiosos e bons. Ele é um centauro, meio bicho, meio homem, e além disso tem asas de anjo na cabeça.

A Fraternidade

Construindo a terra de Buda

Os que enalteceram a terra de Buda


Maudgalyayana, juntamente com o venerável Sariputra, foi um dos dois maiores discípulos de Buda. Quando os mestres de outras religiões viram que a água pura dos ensinamentos de Buda se espalhava e era ansiosamente bebida pelos homens, ficaram enciumados e lhe puseram vários obstáculos em suas pregações.
Mas nenhum destes obstáculos pôde parar ou evitar que seu ensinamento se disseminasse amplamente. Os seguidores de outras religiões tentaram matar Maudgalyayana.
Por duas vezes escapou do ataque, mas na terceira vez, não pôde fugir ao certo de muitos idólatras e sucumbiu ante os seus golpes.
Amparado pela Iluminação, calmamente recebia os golpes e morreu tranqüilamente, embora sua carne fosse dilacerada e seus ossos esmagados.

"A Doutrina de Buda - S. Gautama"

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

The 44th US President


How is Life beyond Words???

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Happy Birthday!!!


One Sweet World

Nine planets round the sun
Only one does the sun embrace
Upon this watered one
So much we take for granted

So let us sleep outside tonight
Lay down in our mother's arms
For here we can rest safely

If green should slip to grey
But our hearts still
Bloody be
And if mountains crumble away
And the river dry
Would it stop the stepping feet?

Take all that we can get
When it's done
Nobody left to bury here
Nobody left to dig the holes
And here we can rest safely

One sweet world
Around a star is spinning
One sweet world
And in her breath I'm swimming
And here we will rest in peace

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

O Frescobol e a Comunicação



Uma das melhores coisas da vida são as descobertas que, mesmo sem-querer, fazemos no nosso dia-a-dia. Já andei falando um pouco sobre isso em relação à música, mas vejo cada vez mais que se isso se aplica a quase tudo que tenho conhecimento.

Bom, sou um eterno fanático por esportes. Se pudesse e tivesse tempo e estrutura praticaria todos possíveis. Sério. Hoje, o esporte é talvez a única coisa capaz de prender minha atenção na frente da televisão. Assisto tudo que posso, desde F1 e futebol até atletismo e tênis, desde luta de boxe até campeonato de sinuca. Isso às vezes até me preocupa um pouco, mas é uma das poucas coisas que, ao mesmo tempo em que me ajuda a relaxar, colabora fazendo um social com a família.

Só para citar um exemplo, pelo pouco que eu conheço, devo ser um dos poucos fãs de esporte que consegue ficar ligado assistindo aquelas intermináveis partidas de tênis de mais de três horas, mas que nunca segurou uma raquete. Eu adoro esse esporte, mas nunca o pratiquei. Nada. Nunca dei um saque sequer, mas acompanhei a carreira inteira do Gustavo Kuerten, do Pete Sampras, do Andre Agassi e agora Federer e Nadal. Amo o esporte mesmo sem saber exatamente como ele funciona dentro da quadra.

O Frescobol, no entanto, provou ser totalmente avesso à essa regra. Primeiramente, nunca vi transmissão pela tevê de um campeonato de Frescobol. Talvez por ele não ser um esporte propriamente dito. Nele,
não há competição nem ganhadores. Só existe cooperação. A beleza, portanto, já começa por aí. Nesse jogo, o seu principal objetivo é facilitar ao máximo a jogada para o seu parceiro. O que mais empolga nesse jogo é justamente o comprometimento de cada jogador em manter a bolinha no ar. Quanto mais tempo o jogo se mantiver ativo, melhor. A parte mais divertida do jogo é conseguir correr e conseguir arredondar aquela bola difícil que tinha sobrado para você e com isso dar sequência à troca de bolas. A pior parte, como contraponto, é ter que correr atrás feito gandula daquela bolinha que você não conseguiu rebater.

Para mim, alguns dos melhores momentos da viagem a Itacaré foram, justamente, aqueles nos quais eu estava jogando frescobol com os amigos. Bater um frescobol com o "pé-na-areia" ou mesmo com água nos calcanhares, proporciona você uma sensação de liberdade tão fantástica que fica um pouco complicado de descrever.

Mas o que pretendo dizer com tudo isso é que as pessoas geralmente não percebem, mas muitas coisas na nossa vida funcionam como no Frescobol, mas o principal ponto talvez seja a comunicação
. Acho que as pessoas, ao pensar na forma com que se comunicam umas com as outras, deveriam seguir as regras do Frescobol. Quais regras?

Primeiramente, Frescobol NÃO TEM regras fixas. Tudo nele é relativo. As regras variam de acordo com a situação, de acordo com um momento específico. Em segundo lugar, naturalmente trata-se de esporte que não dá para jogar sozinho. É preciso que haja alguém do outro lado pra rebater a sua bolinha, alguém que seja (e vai ser!) bem diferente de você e que talvez tenha certas dificuldades, dificuldades essas bem diferentes das suas, que também existirão independentemente da sua vontade.

Além disso, é complicado imaginar alguém jogando em qualquer outro lugar que não a praia, com todo seu espaço e amplidão. A praia, com todos seus elementos em pura plenitude, formam o palco que colaboram na contrução de um cenário perfeito na qual uma modalidade de esporte tão trivial se torna tão significativa para quem dela participa. E mais.

Não adianta jogar com agressividade, não adianta tentar bater na bolinha com toda sua força. Você provavelmente só estará disperdiçando sua própria (e valiosíssima) energia. Mais ainda. Não dá para jogar desatento. É fato: muita desatenção, e você, ao invés de um jogador, será um belo gandula de raquete na mão, você vai se cansar à toa, o jogo não vai durar muito tempo e não vai ser nada divertido.

E o mais importante. O foco deve estar SEMPRE na bolinha. A bola, enquanto ela estiver viajando no ar, deve ser obrigatoriamente o referencial para ambos os jogadores. No tênis, imagino, também deve funcionar assim. A bolinha deve ser a referência para que você posicione o seu corpo
da melhor forma possível, de forma a rebatê-la com perfeição para o outro lado. Não adianta você querer forçar uma jogada extravagante com seu braço, ou com a raquete, só para não precisar se movimentar. Por isso o Frescobol, assim como o Tênis, ao contrário do que se pensa, é um esporte que exige muito mais das pernas do que propriamente dos braços. Exige movimentação e atenção constante. E é um esporte que não tolera displicência.

Da mesma forma funciona a comunicação interpessoal. As ideias seriam para conversa, assim como a bolinha é para o jogo. A partir do momento em que alguém joga uma ideia na mesa, o foco deve estar sempre nessa ideia em questão e não em si próprio ou em outra pessoa, ou seja, em outro jogador.


Enfim, a arte de dialogar exige basicamente as mesmas habilidades que um jogo de frescobol. Não basta você conseguir passar a bola pro outro lado, mas você deve se preocupar em rebatê-la de uma forma tal que seja possível que o outro jogador dê sequencia ao jogo, e assim ad infinitum. Dessa forma, você deve sempre procurar simplificar o máximo que puder o seu jogo. Apesar de o espaço disponível para o jogo ser aparentemente amplo, de não existir uma delimitação, uma quadra, uma marcação, os jogadores estão limitados ao alcance que cada possui um com a raquete. A medida de uma "quadra" na partida de frescobol depende mais da envergadura e da capacidade de movimentação do jogador do que de qualquer outra coisa. E pense bem. O esquema não funciona exatamente da mesma forma no campo da argumentação?

Em qualquer conversa, por mais informal que seja, quando há pelo menos duas pessoas, cada delas uma está tentando, à sua maneira, argumentar sobre um ponto. Quando se transfere o foco da ideia pura para a pessoa, mesmo que seja ela o próprio dono da ideia, o jogo perde força e a tendência é que a bola encontre o chão mais rapidamente. O diálogo morre. Da mesma forma, quando o jogador pensa demais apenas no seu próprio ego, quando não descamba para o lado de desmerecer quem que está do outro lado, no frescobol, assim como no diálogo, o "jogo" não se desenvolve.

Por isso cheguei à conclusão de que um diálogo deveria funcionar da mesma maneira que um jogo de frescobol. Pode parecer fácil à primeira vista, mas que para ser divertido e prazeroso, exige certa dose de entrega, de atenção dedicada, de adaptação às condições do momento, de paciência, e de intimidade com seu "oponente" além de tudo o que já foi dito aqui, e naturalmente, não é todo mundo que tem fluidez para praticá-lo.

Entretanto, foi com certa surpresa que percebi, no mesmíssimo instante em que divagava sobre tudo isso, na beira do mar, com uma brisa molhada balançando a cabeleira, e com uma câmera na mão, que existem pessoas que, mesmo jogando frescobol com certa fluência, não percebem nem desfrutam da plena riqueza que cada instante desse joguinho bobo pode nos oferecer; seja para nosso crescimento, seja para nossa transformação.

Para nossa evolução,
enfim..
.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

1001 Discos - Edição Especial nº2


Já deve ter sido possível para vocês perceber que tenho uma relação bem conflituosa e contraditória com esse projeto dos 1001 Discos. Agora tentarei explicar o porquê. Talvez seja por ser essa a "menina dos olhos" do autor que vos fala.

Mesmo tendo total consciência de que não sou um profissional eu tento encarar a música profissionalmente em todos seus aspectos. E quando algo envolve a profissão que nós escolhemos por vocação, a tendência é que fiquemos chatos, detalhistas e perfeccionistas ao extremo.

Gosto de pegar um álbum e, além de ouvir todos os detalhes "musicais" que ele contém, procuro conhecer o trabalho do produtor, conhecer o máximo possível da interação produtor-banda, além é claro, de aprofundar bastante no tema do álbum e das letras. E, quando se trata de escrever algumas resenhas sobre verdadeiras obras-primas, não pretendo fazer nada mal-feito, só por fazer.

É preciso um pouco de tempo, de dedicação e de entrega. Fazer isso sem retorno, nem expectativa de retorno, é bastante penoso. Mas mesmo assim me dá prazer. Não terá muita utilidade prática em minha vida, mesmo sabendo que a tendência é que isso me transforme culturalmente em um monstro, sobretudo na área musical. Isso também é bom e ruim ao mesmo tempo.

É dificil encontrar alguém com cabeça aberta o suficiente com quem se possa discutir música com tanta profundidade. Pessoas que se interessam pela música com tamanha visceralidade são cada vez mais raras, pelo menos nessa região onde vivo. Sem essa discussão o meu discurso ecoa no vazio. Fica sem referencial. Por vezes, acho que perde a razão de existir.

Conseguiram perceber a raiz de toda contradição? Por isso, quando peço que participem, que mandem suas opiniões e comentários sobre as resenhas ou sobre os álbuns ou sobre qualquer coisa, não quero apenas ganhar ibope, muito pelo contrário, o conteúdo das mensagens de quem lê o que escrevo é que me interessa, não meramente a
quantidade dessas mensagens. Isso é o combustível que manterá esse e outros projetos desse blog vivos. Se você gostou e se interessa por música da mesma forma, comente. Se puder, divulgue.

Já imaginou? Seria um prazer enorme criar um círculo de discussão sobre os 1001 Discos, ao invés de simplesmente eu ficar escrevendo sobre os discos. Um álbum seria sorteado e cada um exporia sucintamente as suas impressões sobre ele. Dá pra fazer tranquilamente pela internet.

Basta que exista vontade real para isso. Basta que existam pessoas que realmente tenham interesse em tocar isso adiante. Apesar de ter consciência de que tudo isso tem uma probabilidade ínfima de acontecer.

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De passagem em Itacaré-BA....


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Cá estou eu novamente... Bem mudado, transformado, pois definitivamente não sou o mesmo de duas semanas atrás. O que me transformou? Talvez seja bom explicar como tudo começou... Fundamental, eu diria!

No início de dezembro, meu companheiro já de longa data e diversas experiências, chegou a mim com uma "proposta indecente". Ele chegou dizendo mais ou menos o seguinte: "Cara, minha namorada está precisando tirar férias, querendo viajar, mas nossa a grana está curta. A idéia era ir para a praia, porque ela não conhece o mar, mas nosso dinheiro não dá... Passagem de avião é muito cara e a estadia também nessa estação de alta temporada... Mas estive pensando... O que você acha da gente ir de carro para a Chapada? Não vai precisar de muita grana, porque a gente racha o gás, acampa em barraca, faz nossa comida, fica bem à vontade e curte bastante a viagem, sem gastar muito... Afinal a gente é quebrado mesmo". Titubeei. Não tinha (nem tenho!) rendas suficientes para viagem alguma, só uma mísera poupança com um poucos reais guardados. Mas eu sou bem louco. Quase um doido de pedra. Troquei uma idéia com "meu chefe" e consegui arredondá-la para um valor que, segundo as contas previstas pelo nosso planejamento inicial, dava pra essa viagem.

No entanto, nesse ínterim, esse planejamento foi sofrendo diversas alterações para se adequar melhor à nossa realidade. O clima na chapada é muito chuvoso nessa época do ano, talvez a experiência de acampar fosse bem traumática. Outra. Formos descobrindo pela internet que o preço a ser pago por um camping é praticamente o mesmo de boas pousadas. Além disso, todo turismo a ser feito nesses lugares requer um guia, que cobra uma taxa bem salgada por pessoa. E mais. A gente iria viajar num FORD KA. Não iria caber todo equipamento de camping (barracas, colchonetes, cobertas, travesseiros, comida, etc) no porta mala desse mini-carro e talvez o carro não suporte as exigências off-road de uma aventura como essa.

Resultado: esticamos o itinerário uns 500km para alcançar a praia. Nem passou pela nossa cabeça que poderíamos estar forçando um pouco a barra. Isso porque dentro do orçamento planejado os gastos eram praticamente os mesmos. Pesquisamos campings, hotéis, casas e pousadas (God bless the internet!!!). Conseguimos encontrar, em um local paradisíaco, algumas casas com diárias a preços bem atrativos, algo que nos deslumbrou ainda mais. A chapada estava cada vez mais ficando para segundo plano.

A idéia de viajar para a praia era muito mais conveniente para todos. Ficando em uma casa a gente economizaria grana fazendo nossa própria comida, evitando o alto preço dos restaurantes na alta temporada. Mais. Ficando em uma casa, não era preciso levar barraca, colchonetes nem nada disso, liberando mais o "espaçoso" porta-mala" do Ka. Mais ainda. Em uma praia, você não precisa gastar quase nada com turismo em si. Procure a sombra de um coqueiro, estenda sua toalha na areia e curta o visual. Se conseguiu chegar até lá, está pronto. O resto é cortesia. Você só gasta com o que realmente consome, se quiser consumir.

Na alta estação, as casas com preços mais acessíveis são bem disputadas, por isso nós não podíamos perder mais tempo, precisávamos decidir logo e fazer a reserva. Mas, se fizéssemos a reserva, nossos planos mais abertos, de uma viagem mais "exploratória", "experimental" ficavam travados pela necessidade de estar lá na casa no dia combinado. Fizemos a opção mais segura, para não correr o risco de chegar lá e não encontrar um lugar decente para repouso. Reserva feita, o que era plano virou compromisso, a poupança se converteu em despesa. Tínhamos que estar lá no dia 04/01 para dar entrada na casa e pagar a parcela restante. Mas, para dar um tom ainda mais diferente a toda essa empreitada, essa casa só estava disponível por cinco dias e convenhamos que ninguém viaja mais de dois mil quilômetros dentro de um Ford Ka para ficar só cinco dias na praia. Aí, encontramos outra casa, bem mais charmosa, ainda que a um preço mais elevado, mas que dividindo resultava em um preço que compensava a aventura. Decidimos estender nossa estadia na praia, nessa casa, por mais três dias. Isso mesmo, ficaríamos em duas casas diferentes, fechando oito dias, uma mais simples de domingo à quinta e de sexta ao outro domingo na outra, mais bonita e mais bem localizada.

O verde pelo azul. A imensidão verde da chapada pelo infinito azul do mar. As pequenas barracas de lona por uma indefectível cabana de praia toda em madeira. Fizemos nossas apostas. Eu acreditava que tínhamos montado um time dos sonhos que fosse jogar junto, em harmonia, pra gente curtir e descansar juntos, para nos divertirmos juntos. Doce ilusão. Doce ilusão.

O projetado nunca tem a intensidade do vivido. A exata proporção do que distingue uma pessoa da outra só pode ser medida quando elas se colocam lado a lado por tempo suficiente para que as verdadeiras diferenças aflorem no mundo real. Precisamos observar um mesmo tipo de comportamento repetidas vezes para diagnosticar que existe um vício ali. E alguns vícios estão tão bem enraizados, são tão fixos na identidade de uma pessoa que não faz nenhum sentido lutar contra eles, desta forma não podemos sequer lutar contra a pessoa em si. Em alguns casos, os próprios vícios definem a pessoa.

Por "vício" pretendo remeter à sua acepção mais genérica, um comportamento absurdamente linear, como que incapaz de ponderar o que está acontecendo na realidade, antes de tomar uma decisão. É previsível demais. Óbvio demais.

Isso pode ser bom, pois, de certa forma, significa prudência, segurança. Para escolher, você sempre pensa no pior cenário possível, toma a via mais segura e desenha toda sua vida dessa forma. Você tem uma chance menor de errar. Mas pode entrar na conta de erro dos outros. Dessa forma, você pode até chegar bem longe. Mas quando chegar lá, não vai nem saber muito o que fazer.

Pra mim, isso é terrível. Viver pensando somente no seu próprio limite tira o brilho que distingue o que é vivo do que simplesmente está ali só por estar. Ao contrário, a vida não vira uma mera obrigação, um árduo trabalho sem fim, mas um parque de diversão. Ganha mais luz, razão de existir. Nos menores detalhes, você enxerga um imenso universo passível de ser explorado. É a visão alargada que muitos de nós buscamos com tanto afinco.

Percebi que para buscar essa visão alargada, das duas uma: ou nos isolamos negando praticamente toda nossa existência buscando o vazio "búdico" ou nós nos cercamos de pessoas que tenham esse mesmo ideal, o que é muito muito difícil de se encontrar nos dias de hoje. Primeiro porque ainda não deciframos o real significado da palavra RESPEITO. Percebo cada vez mais que Respeitar está muito longe de ser meramente o "calar", o "consentir" com o outro. Respeitar é acolher, afagar, tentar compreender, não-repelir, tentando absorver o que de melhor ali existe. O Respeito precisa de um mecanismo muito refinado de feed-back. Sem essa retro-alimentação não há como ambos os lados envolvidos medirem o seu nível de evolução. Só um lado dispende energia, só ele oscila, só ele cresce ou diminui. Se o outro fica inerte, essa neutralidade pode, então, ser muito nociva. Sem uma verdadeira interação, ou as coisas não evoluem da forma que devem ser, ou elas simplesmente não acontecem.

Foi como essa viagem.

Foi simplesmente uma passagem...

Aconteceu, mas não "Aconteceu"...

E agora já faz parte do passado.

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Humano, demasiado humano - 012



428. Próximo demais - Se vivemos próximos demais a uma pessoa, é como se repetidamente tocássemos uma boa gravura com os dedos nus: um dia teremos nas mãos um sujo pedaço de papel, e nada além disso. Também a alma de uma pessoa, ao ser continuamente tocada, acaba se desgastando; ao menos assim ela nos parece afinal - nós nunca mais vemos seu desenho e sua beleza originais. - Sempre se perde no relacionamento íntimo demais com mulheres e amigos; às vezes se perde a pérola de sua própria vida.