http://www.makepovertyhistory.org Usina de Pensamentos: novembro 2008

Criar, mudar, refinar o pensamento! Viver o sentimento e sentir o que é vivido! Enxergar as ilusões recolocar-se na realidade! Ter insights, sentir-se continuamente inspirado... Seja mais um operário na Usina de Pensamentos!

domingo, 30 de novembro de 2008

Humano, demasiado humano - 006

Da Alma dos Artistas e Escritores


180.
Espírito Coletivo.

" Um bom escritor não tem apenas o seu próprio espírito, mas também o espírito de seus amigos. "

1001 Discos - 0010


Björk
Medulla
(2004)

DRAMÁTICO

* me.du.la s.f. 1 a parte interior ou profunda de uma estrutura animal ou vegetal 2 fig. a parte mais interna ou central, âmago

O álbum de hoje destoa completamente de tudo que já ouvi na vida. Na mais pura acepção da palavra. A Björk é um ser bizarro, supra-humano. Digo isso sem nenhuma conotação teológica ou hierárquica (...vocês me entenderão...) Mas isso faz todo sentido, talvez não só pela coragem e pela forma de se expressar mas também, pela maneira com que ela conduz todos os seus projetos pessoais.

O som desse álbum te transforma. Através dele, Björk nos faz lembrar o quanto nossa vida é dramática. Não existe algo melhor ou pior. O que é bom sempre poderá ser melhor e o que está ruim pode piorar. Sem maiores contornos, sem nenhuma frescura, sem "meias-palavras". E você não tem controle algum sobre isso. Não existe esse controle, assim como não existe ordem, nem sentido algum em nada, nem regras a serem seguidas. E não adianta muito ficar procurando justificativas pra isso tudo. Porque, sendo muito otimista, é mais provável que você complique e, sendo mais realista, a tendência é que você só piore todas as coisas.

Algumas faixas nem parecem música na forma com que a maioria das pessoas está acostumada. Naturalmente, é bom deixar claro que me incluo nesse grupo. Ao mesmo tempo, a música é tão comovente, é algo que grita de uma forma tão pura e humana à nossa alma que não há como desmerecer tal obra de arte. Ao mesmo tempo em que é, ele não é música, em sua forma conceitual e estrutural. Ele arebenta com conceitos pré-concebidos na mesma proporção em que se auto-define de maneira radical. Trata-se de algo que, na verdade, transcende a realidade de tudo que a maioria de nós conhece como música.

Uma idéia já bastante concreta que eu possuía em relação à música era a de que ela é algo primariamente voltado para pessoa se divertir. Era. Pra mim, isso agora não existe mais. O "Medulla" com toda sua leveza e simplicidade, fulminou, dinamitou algo que eu possuía como muito verdadeiro e concreto marcado profundamente na minha identidade, no meu coração.

Descobri em Björk a minha antítese. O oposto. O timbre da voz dela parece atingir direto nossa espinha dorsal. E não há que se duvidar da existência desse universo paralelo, totalmente avesso ao nosso.

Para se entender melhor o por quê de tudo isso que estou dizendo é de suma importância que se atente ao seguinte detalhe, um aparente absurdo: a "base musical" desse disco é extremamente SIMPLES.

Sério, acredite! Quando digo simples, é simples DE VERDADE. O álbum inteiro foi feito utilizando como base o aparelho vocal e a respiração. Isso mesmo, só VOZ e SUSSUROS. Inspiração e expiração. Não há maneira de se soar mais humano, mais carnal do que essa. Uma ou outra faixa possui um sintetizadores ou samples aqui e acolá. Mais nada. Algumas melodias são absurdamente lindas e podem até soar coerentes aos nossos ouvidos, mas isso somente à primeira vista. Porque é um desafio enorme você tentar conceber um ser humano explorando a própria voz com tamanha elasticidade.

A seqüência das músicas é cuidadosamente elaborada alternando músicas bem lentas e minimalistas (algumas somente com voz
à capella) e outras músicas mais agitadas com sons chocantes de expiração e inspiração e beat-box. Todas as camadas vocais meticulosamente encaixadas e formando uma harmonia bem diferente do habitual. Aliás, essas camadas são um aspecto muito muito importante desse disco. Como ele é inteiro gravado praticamente só com vozes, as interessantíssimas sobreposições vocais são detalhes que não passam despercebidos de forma alguma.

Se você tiver a ousadia de escutar esse disco de peito aberto, sem criar nenhuma barreira, você passará por uma transformação. A realidade musical desse álbum é totalmente distinta e incomum. A experiência de descobrí-lo é ímpar. Mas, fica o alerta. O golpe pode, e, sem dúvida vai, atingi-lo muito, mas muito mais profundamente do que você sonha imaginar.


* dra.má.ti.co adj. 3 que causa aflição ou emoção; comovente

Medúlla
Studio album by Björk
Released August 30, 2004 (UK)
Recorded Greenhouse (Iceland),
Estúdio Ilha Dos Sapos (Brazil),
La Hoyita Studios (Spain)
Genre A cappella, Beatboxing, Folk, Alternative, Avant-garde music, Throat singing
Length 45:40
Label US: Atlantic Records, One Little Indian
Producer Björk, Mark Bell, Valgeir Sigurðsson


All songs written by Björk unless otherwise noted.

1. "Pleasure Is All Mine" (Björk, Tagaq, Mike Patton) - 3:26
2. "Show Me Forgiveness" – 1:23
3. "Where Is the Line" – 4:41
4. "Vökuró" (Jórunn Viðar, Jakobína Sigurðardóttir) – 3:14
5. "Öll Birtan" – 1:52
6. "Who Is It (Carry My Joy on the Left, Carry My Pain on the Right)" – 3:57
7. "Submarine" – 3:13
8. "Desired Constellation" (Björk, Olivier Alary) – 4:55
9. "Oceania" (Björk, Sjón) – 3:24
10. "Sonnets/Unrealities XI" (Björk, Cummings) – 1:59
11. "Ancestors" (Björk, Tagaq) – 4:08
12. "Mouth's Cradle" – 4:00
13. "Miðvikudags" – 1:24
14. "Triumph of a Heart" – 4:04
15. "Komið" (Japanese bonus track, iTunes release) – 2:02

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sexta-feira, 28 de novembro de 2008

1001 Discos - Edição Especial nº1

Preâmbulo



É difícil precisar onde e quando tudo começou. Certamente já faz um bom tempo. Para cravar uma data específica jogo aí um ano, fácil. Dezembro de 2007. Pois já faz, no mínimo, um ano que estou planejando desenvolver esse "projeto" pessoal dos 1001 Discos.

Tudo começou quando, em visita à uma livraria, me deparei com o livro "1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer". A paixão foi instantânea e conseqüentemente o desejo de adquirí-lo. No entanto, depois de folheá-lo me bateu a real. O livro é todo ilustrado, colorido e é bem robusto. "Deve ser uma nota preta, uns cem reais tranqüilo", pensei. Passei no "Códi-Barra". Não era. Não custava nem 40 reais. Eu fiquei branco, amarelo, azul, de tanta vontade de comprá-lo. Mas, na época, eu já havia comprado muitos livros, estava com o orçamento apertadíssimo e não deu para comprar. O autoconsolo me consumia: "Não há de ser nada... Já abri mão de ter tanta coisa, um livro a mais, um a menos não vai fazer tanta diferença assim...". Contudo, a verdade era que eu queria muito ter aquele livro.

E não é que o papai noel é mesmo um cara muito generoso e esperto e além de tudo rápido??? No meu caso, uma mamãe noel, ou melhor, (será que existe) a "namorada" noel??? Não sei ao certo, mas essa "namorada noel" marcou muito bem o presente e eu ganhei o danado do livro no Natal do ano passado. Você acha que eu fiquei feliz? Pense um pouco e tire as suas conclusões. Ela nunca, eu disse NUNCA, erra!!! (L)

Finalmente com o livro em mãos, tive o prazer de ler com mais calma. É engraçado. Isso deve acontecer com 99% das pessoas que compram esse livro. Todo mundo folheia o livro primeiro atrás dos discos que gosta e que já conhece muito bem. Não fugi à essa "estatística". Procurei cada um dos álbuns da minha discoteca para ver o que o crítico musical tinha a falar sobre ele. Legal. Entretanto, já começava a desenvolver o olhar crítico sobre o livro e pensava: "Humpf! A Wikipedia dá um banho de informação em qualquer resenha dessas...". Depois de ler repetitiva e exaustivamente diversas críticas sobre os álbuns dos Beatles, Pink Floyd, Queen, Genesis, Yes, Black Sabbath, Jimi Hendrix, Miles Davis, Led Zeppelin, Radiohead, U2 entre vários, vários outros eu percebi algo que acabou sendo o "ponto de mutação" na minha forma de enxergar esse livro.

Percebi que o pouco que eu conhecia dos discos que estão neste livro não chega a 20% do total. O fato é que eu caí na real. O livro me deu um baile. Vi que tinha muita coisa que devia ser de altíssima qualidade mas que eu desconhecia ou ignorava completamente. E outro detalhe.

De que adianta um livro que fala de música? Livros são mudos. O livro não canta, não toca, não faz nada. Por mais que o cara escreva bem e descreva o som com os melhores adjetivos possíveis isso não substitui e nem desobriga o leitor a escutar o disco para concordar ou até discordar da visão do autor. Pensei ainda. "Será que eu vou usar esse livro apenas para ler sobre discos que já conheço?". Obviamente que não.

Na verdade a idéia é muito simples. Basta que se leia atentamente o título do livro: "1001 Discos para ouvir antes de morrer". Leia de novo, com atenção. [...] . Mais uma vez. [...] . Captou? Não está escrito "1001 Discos para "se ler sobre" antes de morrer" ou "Meia Dúzia-de-Discos-que-você-já-conhece-mas-que-acha-que-precisa-saber-mais-alguma-coisa-sobre-eles-antes-de-vestir-o-pijama-de-madeira". Nada disso! É "1001 Discos para OUVIR antes de MORRER". Porque isso só vai fazer diferença se você gosta realmente de música e tem sensibilidade para a coisa. Se você não gosta ou se para você não faz diferença, eu sinto muito. Você está perdendo uma bela fonte de cultura e diversão.

Mas se do contrário, você se importa em ampliar seu conhecimento, sua cultura, se você deseja explorar novos universos, visitar novas e "antigas" culturas, se você quer viajar no tempo, de repente se sentir plenamente na década de 50 ou 60, para isso não há aditivo que o faça viajar melhor do que a própria música. Duvida?


====================

Ótimo. Mas como a jornada é muito longa (são 1001 discos, um por dia, quase três anos) e o tempo é corrido, mais adiante comentarei com mais detalhes sobre como estou desenvolvendo o projeto, a seleção dos discos, algumas estatísticas interessantes que estou desenvolvendo e mais "causos" pessoais para ilustrar um pouco o ambiente. Tudo com bastante calma e paciência e, se possível, com uma bela trilha sonora ao fundo.

Agora, pra finalizar...

Claro que nesse post não poderia faltar um detalhe importantíssimo!!! UMA SURPRESA!!!

E quem não gosta de uma boa surpresa? Então, quem se interessar em ter um acesso mais facilitado às musicas e aos álbuns que estão sendo aqui comentados, peço a gentileza de deixar um comentário aí embaixo (se possível com o email, por favor). Os álbuns ficarão hospedados POR TEMPO LIMITADO em um servidor público gratuito. Para ser mais prático, dá até pra ouvir cada música online (em streaming) ou seja, SEM necessidade de DOWNLOAD. Se necessário for, passo mais instruções em outro post. Reclamem se sentirem qualquer dificuldade. Deixando também frisado que, caso alguém se sinta lesado por isso, basta deixar um aviso, que as medidas necessárias serão imediatamente cumpridas.

Visite nossa "nova" página clicando aqui -> usinadopensar
(Só não se esqueça: antes de mais nada, PEÇA JÁ a sua senha!) :P

Isso dito,
Solta o som...




" Quem Anda, sabe Dançar / Quem Fala, sabe Cantar "

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1001 Discos - 0009


Donovan
Sunshine Superman
(1967)

Quebrando barreiras

O movimento psicodélico em sua forma mais pura e crua. Essa frase resume bem o conteúdo deste álbum. O som não engana. Você ouve a primeira música e sabe que aquilo é a década de 60. Particularmente o seu final, experimental e psicodélico. Dentro de uma arquitetura "folk", Leitch (vocal) canta melodias que lembram muito às da fase final (minha preferida!) dos Beatles. A influência da cultura oriental é nítida quando se ouve a cítara em "Three King Fishers" e em "The Fat Angel".

Não há dúvidas de que muitos artistas beberam dessa fonte e provavelmente deve ser esse o aspecto mais importante desse disco. The Beatles, Led Zeppelin, Jimi Hendrix, The Doors, Janis Joplin, Pink Floyd e diria até artistas ímpares como Bob Marley e Bob Dylan foram influenciados por essa obra. Isso fica muito claro quando se observa conteúdo musical desse disco em conjunto com o contexto histórico do momento no qual foi lançado.

No Brasil, o impacto não deve ter sido menor. É nitido que esse álbum influenciou movimentos culturais no Brasil, sobretudo a Tropicália. A utilização de instrumentos de cordas em canções folk e algumas dissonâncias entre os instrumentos são alguns dos elementos que nos dão essa dica. Claro que não necessariamente formam a espinha dorsal de cada um desses movimentos nacionais. Mas que diversas idéias provindas do movimento folk-psicodélico foram aproveitadas aqui, disso não há dúvida.

Trata-se de um disco gostoso de se ouvir, bem folk anos 60. Algumas faixas me dão a sensação de voltar àquela década (força de expressão, no meu caso, uma real vontade de ter vivido), como se eu estivesse acampado com os amigos, na beira de uma bela fogueira, com alguém tocando um bom violão e cantando lindas melodias e o resto da galera improvisando alguma coisa com um instrumento qualquer. Todo mundo curtindo na moral, sem preocupações, sem atritos pessoais, nada...



Sunshine Superman
Studio album by Donovan
Released September 1966
Recorded Jan–May 1966, Columbia Recording Studios, Hollywood, California
Abbey Road Studios
Genre Folk rock, psychedelic rock
Length 42:59
Label Epic LN24217 (Mono)/ BN26217 (Stereo)
Producer Mickie Most

All tracks by Donovan Leitch.

Original album (U.S.)

Side one

1. "Sunshine Superman" (single edit) – 3:15
2. "Legend of a Girl Child Linda" – 6:50
3. "Three King Fishers" – 3:16
4. "Ferris Wheel" – 4:12
5. "Bert's Blues" – 4:00

Side two

1. "Season of the Witch" – 4:56
2. "The Trip" – 4:34
3. "Guinevere" – 3:41
4. "The Fat Angel" – 4:11
5. "Celeste" – 4:08

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Humano, demasiado humano - 005

Da Alma dos Artistas e Escritores


203. Uma preparação para a arte que desapareceu.

" De tudo o que se fazia no ginásio, o mais valioso era a prática do estilo latino: pois ela era um EXERCÍCIO DE ARTE, enquanto as demais ocupações tinham apenas o saber por objetivo. ... Quem antes aprendia a escrever bem numa língua moderna, devia tal habilidade a esse exercício (hoje temos que freqüentar os antigos franceses); mais ainda: esse alguém obtinha noção da majestade e dificuldade da forma, e preparava-se para a arte pela única via correta - a prática. "

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

1001 Discos - 0008


Dinosaur Jr
You're Living All Over Me
(1987)

" Faça aquilo que é direito, acabe agora com seu preconceito "

Cada vez mais estou notando o quanto eu ignorei o lado alternativo do rock das décadas de 80 e 90. O pouco que eu conheço de rock dessa época está praticamente restrito ao heavy metal, hard-rock e pop-rock. Noto também o quanto nosso gosto musical é viciado e tem preconceito. Poucas vezes paramos para arriscar a ouvir algo que, de antemão, achávamos que poderíamos não gostar.

Dinosaur Jr. está nessa lista. Se dependesse do andar normal da carruagem eu, sinceramente, nunca escutaria essa banda na vida. Não me identifico com o movimento punk e sempre mantive distância de suas músicas também, assim como modernamente o indie não me apetece muito. Mas a gente amadurece.

Aprendi uma coisa simples. Pra ouvir punk não precisa SER punk, e assim sucessivamente para os outros gêneros. É claro que a internet e os mp3 dão uma mãozinha nesse caso e talvez seja esse o lado mais espetacular da internet. Você tem acesso, você pode degustar e se gostar você compra. Porque é gostoso comprar algo que você gosta. Mesmo que seja um CD do qual você já tem os mp3. Se você gosta muito, compre. A sensação de curtir o álbum é totalmente diferente. Ainda não tive oportunidade de comprar esse disco do Dinosaur Jr. Mas ele acaba de entrar na minha lista.

Confesso que preciso ainda escutar bastante para me acostumar com o vocal punk. O timbre de voz, a parte melódica da música e alguns outros detalhes
que ainda me causam certa estranheza. Mas muito menos do que no passado. Além disso, esse álbum compensa e muito pela guitarra. A terceira faixa do disco "Sludgefeast" é espetacular. Eu nunca tinha ouvido um punk/indie com solos de guitarra. Ficou genial. Na segunda faixa "Kracked" o guitarrista arrebenta muito no wah-wah.

Os riffs lembram mesmo um Black Sabbath dos velhos tempos, tipo Sabbotage e Sabbath Bloody Sabbath. Essa é uma excelente fórmula para se fazer um bom disco: mesclar elementos de gêneros relacionados, mas de épocas distintas. Ficou muito pesado mas sem perder a tônica punk contemporânea.


You're Living All Over Me
Studio album by Dinosaur Jr.
Released December 14, 1987
Recorded 1987
Genre Indie rock
Length 39:21
Label SST Records
Producer Wharton Tiers

All songs written by J Mascis unless otherwise noted.

1. "Little Fury Things" – 3:05
2. "Kracked" – 2:51
3. "Sludgefeast" – 5:14
4. "The Lung" – 3:51
5. "Raisans" – 3:48
6. "Tarpit" – 4:33
7. "In a Jar" – 3:26
8. "Lose" – 3:08 (Lou Barlow)
9. "Poledo" – 5:40 (Lou Barlow)
10. "Show Me the Way" – 3:45 (Peter Frampton)*

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Humano, demasiado humano - 004

Contribuição à História dos Sentimentos Morais




82. A pele da alma.

" Assim como os ossos, a carne, as entranhas e os vasos sangüíneos são envolvidos por uma pele que torna a visão do homem suportável, também as emoções e paixões da alma são revestidas de vaidade: ela é a pele da alma. "

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

1001 Discos - 0007


Miles Davis
Bitches Brew
(1970)

Directions In Music By Miles Davis

Nesse início da minha jornada pelos 1001 Discos já tive a sorte e o privilégio de passar por ótimos álbuns e algumas boas surpresas. Isso até era de se esperar. Mas nenhum desses causou em mim tanto frissom e se constituiu como um elemento tão desafiador quanto o álbum selecionado de hoje.

Miles Davis é um ícone do jazz. Primeiramente, por sua carreira como grande músico que se estendeu por quatro DÉCADAS e em segundo lugar, por todos conceitos dentro da formalidade musical que ele foi capaz de transformar ao longo desses quarenta anos.

Pouquíssimos músicos de jazz tinham a capacidade de liderança de Miles, algo que o favoreceu muito, porque ele, durante toda a carreira, teve o cuidado de escolher sempre os melhores músicos/instrumentistas para execução dos seus álbuns. Quando eu digo "melhores músicos", leia-se: Red Garland, Paul Chambers, Philly Joe Jones, Julian "Cannonball" Adderley, John Coltrane, Wynton Kelly, Bill Evans, Jimmy Cobb, Wayne Shorter, Chick Corea, John McLaughlin, Dave Holland, Herbie Hancock, Harvey Brooks, Lenny White, Jack DeJohnette, Larry Young, Joe Zawinul, Billy Cobham, Airto Moreira, entre inúmeros outros. Outro ponto é importante ser frisado: praticamente todos esses músicos tem, ou ao menos tinham na época, as suas carreiras-solo muito bem consolidadas.

É como se montassem um time de futebol dos melhores jogadores do mundo, mas não para um amistoso qualquer, e sim para jogar uma Copa do Mundo. Ainda nessa analogia, para se ter uma idéia de sua importância, Miles Davis seria, ao mesmo tempo, o técnico, capitão e também o craque "maestro" do time.

O álbum "Bitches Brew" faz parte de uma fase já bem avançada da carreira de Miles Davis. Quando se reuniram para gravá-lo Miles já era um músico consagradíssimo (basta que nós lembremos que "Kind of Blue" foi lançado em 1959) ainda que, mesmo antes de "Kind of Blue" Miles já gozasse de bastante respeito no circuito do jazz. No entanto, foi justamente em "Bitches Brew" que ele, aproveitando toda essa liberdade, resolveu estender a sua capacidade ao limite máximo. Isso, no vocabulário de Miles Davis, significa fazer uma verdadeira revolução. Resultado: esse álbum abriu diversas fronteiras e deu início a uma nova fase no desenvolvimento do jazz. Como Miles Davis fez isso?

Entusiasmado com a vertente psicodélica e experimental do rock do final da década de 60, principalmente com Jimi Hendrix, Miles Davis resolveu aplicar a fórmula dentro do formato do jazz. Naturalmente, isso causou muita polêmica principalmente por parte da crítica especializada em jazz da época, sobretudo em sua vertente mais conservadora. Por que?

Miles foi o primeiro a utlizar instrumentos elétricos em uma gravação de jazz. Isso ia muito contra os princípios de que o jazz deve ser acústico, com instrumentos rústicos, com sonoridade natural. Outra: Miles foi pioneiro em relação a edição das músicas em estúdio. Em "Bitches Brew" algumas partes das músicas são apenas "loops" (repetições) criados artificialmente com técnicas de estúdio. Isso é evidenciado principalmente em "Pharaoh's Dance" e na faixa título "Bitches Brew".

Trata-se, portanto, de um álbum riquíssimo, mas que para ser bem apreciado sem dúvida requer um pouco de maturidade. As músicas são bem longas, compostas de maneira dissonante, com ritmos sincopados formando de uma arquitetura bem complexa. Mas, sem dúvida, a viagem vale a pena.

Conforme a própria capa do disco sugere é um mergulho surreal no mundo do jazz. Basta que você abra sua cabeça e dê a si mesmo a chance de ouvir "os caminhos da música, segundo Miles Davis".


Bitches Brew
Studio album by Miles Davis
Released June 1970
Recorded August 19–21, 1969
January 28, 1970 (Bonus track)
30th Street Studio
(New York, New York)
Genre Jazz, fusion, avant-garde jazz
Length 94:11 (Original LP)
106:01 (CD Reissue)
Label Columbia/Legacy GP-26
Producer Teo Macero


All pieces were written by Miles Davis, except where noted.

Side one

1. "Pharaoh's Dance" (Joe Zawinul) – 20:06

Side two

1. "Bitches Brew" – 27:00

Side three

1. "Spanish Key" – 17:34
2. "John McLaughlin" – 4:26

Side four

1. "Miles Runs the Voodoo Down" – 14:04
2. "Sanctuary" (Shorter) – 11:01

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Humano, demasiado humano - 003

Sinais de Cultura Superior e Inferior




250. Maneiras.

" As boas maneiras desaparecem à medida que se reduz a influência da corte e de uma aristocracia fechada; ... Já não se sabe homenagear ou lisonjear com espírito; ...
De modo que os encontros públicos e solenes parecem cada vez mais desajeitados, porém mais sensíveis e corretos, sem sê-lo, afinal. - Mas as maneiras decairão sempre? ... Quando a sociedade se tornar mais segura de seus propósitos e princípios, de modo que eles tenham uma ação formadora (enquanto hoje as maneiras adquiridas de condições formadoras do passado são cada vez mais debilmente transmitidas e adquiridas) haverá maneiras nas relações, gestos e expressões no convívio, que parecerão tão necessárias simples e naturais como esses propósitos e princípios. ... Circulam, nesse âmbito, tanto os "fantasmas" do passado como os do futuro: mas como admirar, se não fazem uma cara melhor, se não têm uma atitude mais amável? "

Dave Matthews Band - Rio de Janeiro - 09-30-2008

Regressivo


A Noite é mesmo uma tentação
O mundo está quieto, calado

... a mente pode flutuar
E Ela vai ... À deriva...


Vida, formalidade material
mera condição de existência
Fruto de mutações mil...

Mutações randômicas
Mutações invisíveis
Mutações imPREVISÍVEIS

Eu vou
E vou
evoluir?

Se sou metade
do que serei
na próxima
geração?

talvez
(pois não o sou ainda...)
nem serei

Se Isso Tudo
É apenas
Uma Imagem Mental

São Imagens Irreais:

Ilusão, então nada é

(Então, Nada é...
Só o que AGORA É, é...
Mas pode ser que não seja,
no futuro, ou a qualquer tempo!
Portanto, esqueça...
Afinal, já não é, né?)

Só o tempo é

Regressivo

Leave it as I found




Walking one
[ life / night ?]

I came upon this deep deep river

And slowly by me flowed

And I wonder how long can it be

And maybe that was
When I opened up and realized

The most i can do while I'm here now

Is not a thing
Leave it as I found

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Enquanto isso, pelos arredores da Nova Suiça...

Jovem baleado tem morte cerebral

Pedro Henrique Queiroz , 22, estava no batizado do filho horas antes de ser baleado por um policial militar

A equipe médica do Hospital Santa Mônica detectou ontem a morte cerebral do bacharel em Direito Pedro Henrique Queiroz, 22. O jovem foi internado na unidade há quatro dias após ser baleado por um policial militar no último domingo, 7, quando retornava de um jantar na casa de sua sogra, no Setor Jardim América. Na ação, o soldado Gevani Carvalho da Silva atingiu Pedro Henrique com um tiro na nuca. O jovem estava no banco de passageiros de um veículo Renault Clio conduzido por Marcos Cezar Teixeira de Oliveira, 23, amigo que dava carona à vítima e a sua esposa, a estudante universitária Pabline do Valle Queiroz, 21.

No dia do crime, o soldado e o cabo da PM estavam em um veículo da Superintendência Municipal de Trânsito (SMT), mas não chegaram a perseguir o Renault. Marcos Cezar de Oliveira estaria em baixa velocidade e juntamente com os outros dois passageiros, não ouviu os policiais pedindo para parar. A esposa de Pedro Henrique só percebeu que o marido estava baleado após perceber que saía sangue da nuca do jovem. Ela pediu ao amigo para frear o veículo, mas mesmo com o carro parado, os dois policiais não abordaram ninguém. Os dois militares teriam fugido do local sem prestar socorro e sem efetuar a conferência de documentos do condutor. Ambos serão indiciados.

Testemunhas que estavam no local no dia do acontecido e que já foram ouvidas no 7º Distrito Policial (DP) de Goiânia disseram ter ouvido o cabo Marcelo Sérgio dos Santos, 42, que estava na companhia de Gevani, instigar o PM a atirar contra o veículo. A Polícia Civil e a Corregedoria da Polícia Militar apuram se houve excessos por parte dos policiais na abordagem. O delegado Paulo Roberto Tavares de Brito, responsável pela investigação, informa que já ouviu quatro testemunhas do caso, incluindo o condutor do veículo alvejado pelo policial militar. Ele revela que nos depoimentos as testemunhas asseguram que o carro não praticou “cavalo de pau” ao passar próximo aos policiais e que um deles teria ordenado ao outro que efetuasse o disparo contra o Renault Clio.

Até o momento o delegado trabalha com a hipótese de prática de crime de lesão corporal grave, mas a possibilidade de homicídio não está descartada. “Somente com a conclusão das investigações será possível decidir qual crime os policiais poderão responder”, acrescenta. O inquérito deverá ser concluído no prazo de 30 dias e até o final desta semana outras testemunhas serão ouvidas pelo titular do 7º DP. A estudante Pabline, esposa de Pedro Henrique, ainda não prestou depoimento à polícia. Ela é uma dos ocupantes do veículo e não foi convidada a depor por estar em estado de choque.

Os dois policiais suspeitos se apresentaram espontaneamente à Policia Civil e à Corregedoria da Polícia Militar na última na segunda-feira, 8. Eles disseram que o veículo estava em alta velocidade e atiraram para parar o carro na tentativa de alvejar o pneu. Geovane Cardoso da Silva e Marcelo Sérgio dos Santos foram afastados do serviço operacional da PM e transferidos para o setor administrativo da polícia. O jovem baleado continua em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Santa Mônica.

“Milagre”
Os familiares de Pedro Henrique Queiroz acompanham o caso pela imprensa e estão confiantes na recuperação do jovem. “Temos fé que ele irá se recuperar”, diz o irmão mais velho do bacharel em Direito, Roberto Emanuel de Queiroz Filho. Roberto comenta que testemunhas relataram aos familiares que no dia do crime uma outra viatura da PM teria tentado descaracterizar a cena do crime ao se aproximar do veículo alvejado, mas sem sucesso.

A família está indignada com a ação dos policias e diz não ter dúvidas quanto à ocorrência de abuso da força. “Nós queremos justiça e que os culpados sejam punidos”, disse o pai do jovem, Roberto Emanuel de Queiroz. Ele não concorda com a atitude dos PMs e afirma que eles foram embora após atirar em Pedro Henrique.

(Renato Rodrigues - Jornal Hoje Notícia)

O Dia que ficará na História


RIO de JANEIRO. 30.09.2008 Vivo Rio - Rio de Janeiro, RJ

A concentração de fãs na porta do hotel Copacabana Palace já entregava: o show do Rio de Janeiro prometia. Por ser a única apresentação da Dave Matthews Band sozinha na Turnê Sul Americana, a banda não teria limite de tempo para sair do palco, podendo tocar quanto quisessem. Além disso, em uma ação exclusiva, a DMBrasil promoveu a venda antecipada dos ingressos, 3 dias antes da abertura para o grande público. Somente nesses 3 dias, 1.500 ingressos foram vendidos e a tão concorrida PISTA VIP quase esgotou. Se não bastasse, a DMBrasil organizou uma homenagem ao falecido Leroi Moore. Por ser um show menor e mais intimista (4.500 ingressos vendidos), o Rio era o local perfeito para organizar qualquer tipo de ação que dependesse do público.

A banda curtiu o pouco tempo na cidade passeando pela praia, indo no Cristo Redentor e até acabando em uma noitada na Lapa. No dia do show, a Warehouse - fã clube oficial da banda - organizou um meet & greet para alguns fãs associados (escolhidos por sorteio). As bolas de encher foram distribuídas na entrada por amigos e fãs. Na passagem de som, Say Goodbye, Stolen Away On The 55th & 3rd, Stay Or Leave e partes de várias outras músicas.

Entrando na pista insuportavelmente entupida do Vivo Rio (a casa estava no máximo de sua capacidade e era difícil andar) o lugar já estava fervendo. Poucos minutos depois do horário marcado a DMB subiu ao palco. Um barulho absurdo vindo da platéia mostrou que aquele não era um público qualquer. Assim como em São Paulo, muitas fãs de outros estados viajaram para ver a banda. O set list foi escolhido por Rodrigo Simas, com pequenas alterações: a inclusão de Stay Or Leave e Cornbread, a mudança de ordem de #41 (que vinha antes de Say Goodbye) e - na hora que a banda saiu para o bis - a troca de Rapunzel e Tripping Billies por Burning Down The House. Dave ainda adicionou no set dois outros finais, caso a banda decidisse voltar para o palco mais vezes.

A sensação das 4.500 pessoas vibrando com o começo de Bartender foi indescritível. Mais uma vez, a banda sentiu a diferença da calorosa recepção brasileira.

Warehouse e You Might Die Trying (com direito a dancinha) deram continuidade ao set e Stay or Leave foi dedicada a Leroi Moore (veja o set list completo).

Os olhares emocionados de quem assistia a tudo isso ainda sem acreditar se tornaram ainda mais evidentes quando a inesperada The Stone começou. A arrepiante melodia de Can't Help Falling In Love foi cantada em uníssono, deixando o clássico ainda mais bonito. Em Say Goodbye, que não era tocada desde 2007, mais uma surpresa: Carlos Malta entra no palco com seu pife e faz a introdução matadora com Carter para depois duelar com Jeff Coffin (na flauta) em outro momento memorável. A interação entre os 6 que estavam em cima do palco e o 4.500 que estavam fora dele era impressionante.

Cornbread, sempre bem recebida, Crush (um show à parte de Tim Reynolds), Grey Street, Ants Marching (com mais uma aula de Carter Beauford), Jimi Thing (com um Jeff Coffin endiabrado)... a sequência matadora teve seu ápice em #41. A plenos pulmões, cada palavra cantada por Matthews era encoberta pelo coro de muitas vozes que seguiam a melodia tão familiar a todos nós. Alguns fãs mais exaltados começaram a jogar as bolas brancas no início da parte instrumental e logo o efeito estava criado: o Vivo Rio inteiro segurava e jogava as bolas para o alto, enquanto a banda sem reação presenciava um momento único até mesmo para eles. Os gritos de "Leroi, Leroi" ecoavam no Vivo RIo e alguns membros da DMB não contiveram a emoção. Não foi na hora certa, mas a homenagem a Leroi Moore não poderia ter sido melhor (veja aqui um vídeo da homenagem). Depois de So Damn Lucky e seu final apoteótico, foi a vez de Don't Drink The Water fechar a primeira parte da apresentação com chave de ouro. A banda, ovacionada, deixou o palco e foi se preparar para o obrigatório bis.

Burning Down The House ("Botando Fogo Na Casa") não podia traduzir melhor o espírito da apresentação enquanto Two Step só serviu para sacramentar uma noite histórica, que dificilmente será esquecida por quem esteve presente. Nas quase 3 horas e meia que a Dave Matthews Band esteve no palco um estado coletivo de euforia e emoção tomou conta do lugar. Falta agora aguardar o prometido LIVE TRAX, já que o show foi gravado profissionalmente para ser lançado oficialmente.





(Créditos: DMBrasil)

1001 Discos - 0006


Steely Dan
Can't Buy a Thrill
(1972)

Com o pé direito

Quando conheci Steely Dan eu devia ter uns dezoito anos. Na verdade, meu primeiro contato com a banda foi através de um disco solo do Donald Fagen, o Kamakiriad. Por sinal, mais uma excelente indicação inicial do Fabrição. O cara é foda...

O som do Steely Dan é totalmente diferenciado. Se você para para prestar atenção nos detalhes vai chegar um momento em que você vai achar que está sonhando. É tudo tão perfeito, tão milimetricamente composto para um determinado fim, que você inevitavelmente acaba se perdendo dentro da música. O mais intrigante é que parece ser exatamente essa a intenção dos brilhantes Donald Fagen e Walter Becker. Coloco essa parceria no mesmo nível de Lennon/McCartney. O entrosamento entre os músicos, com seus instrumentos, é algo incomensurável. O estilo musical adotado encaixa perfeitamente com o tema das músicas. Não é à toa que esse álbum se tornou uma forte referência, inclusive para os já comentados "The Chronic" e "Bizarre Ride II the Pharcyde".

À primeira vista, pode ser que o Steely Dan lembre levemente um som sem propósito, como um Dire Straits por exemplo, mas isso nem de longe é uma verdade. As construções harmônicas, evidentes no piano elétrico de Fagen, nos provam que a dupla absorveu muito bem toda influência estilística, do então florescente "jazz-fusion", para aplicá-lo em uma vertente mais "pop/rock/folk" com letras muito irônicas e bem humoradas abrindo caminho para um novo estilo: o "jazz-rock".

No entanto, o melhor de tudo isso está em um detalhe muito importante que não pode passar batido. Este é apenas o PRIMEIRO álbum da banda. Pouquíssimos grupos tem uma discografia tão sólida quanto o Steely Dan.

Entre Can't Buy a Thrill, Countdown to Ecstasy, Pretzel Logic, Katy Lied, The Royal Scam, Aja, Gaucho, Two Against Nature, Everything Must Go não há, de forma alguma, um álbum sequer que destoe do resto.

Se apenas isso já seria algo para se considerar como raro no mundo da música em geral, é importante destacar que menos grupos ainda têm, já em seu álbum de ESTRÉIA, vários dos seus principais sucessos.


Can't Buy a Thrill
Studio album by Steely Dan
Released October, 1972
Recorded 1972 at The Village Recorder, Los Angeles
Genre Rock
Length 40:39
Label ABC Records
Producer Gary Katz

All songs by Becker and Fagen

1. "Do It Again" – 5:56
2. "Dirty Work" – 3:08
3. "Kings" – 3:45
4. "Midnite Cruiser" – 4:08
5. "Only a Fool Would Say That" – 2:57
6. "Reelin' In the Years" – 4:37
7. "Fire in the Hole" – 3:28
8. "Brooklyn" – 4:21
9. "Change of the Guard" – 3:39
10. "Turn That Heartbeat Over Again" – 4:58

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Humano, demasiado humano - 002

Das Coisas Primeiras e Últimas


17. Explicações metafísicas.

" O homem jovem aprecia explicações metafísicas, porque elas lhe revelam, em coisas que ele achava desagradáveis ou desprezíveis, algo bastante significativo; ... sentir-se mais irresponsável e ao mesmo tempo achar as coisas mais interessantes - isso constitui para ele o duplo benefício que deve à metafísica. ... "

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Humano, demasiado humano - 001

Das Coisas Primeiras e Últimas


15. Não há interior e exterior no mundo.

" ... um sentimento é profundo porque consideramos profundo o pensamento que o acompanha. ... se retirarmos do sentimento profundo os elementos intelectuais a eles misturados, resta o sentimento forte, e este não é capaz de garantir, para o conhecimento nada além de si mesmo, tal como a crença forte prova apenas a sua força, não a verdade daquilo em que se crê. "

(F.Nietzsche)

1001 Discos - 0005


The Pharcyde
Bizarre Ride II the Pharcyde
(1992)

Rimas bem temperadas

Criatividade e ousadia. Essas duas palavras ecoaram em minha mente após ouvir esse disco pela primeira vez. Virtudes essenciais para quem se arrisca ao sucesso. Sim, porque todo sucesso é fruto de um risco.

Foi exatamente isso que o grupo de hip hop "The Pharcyde" fez em "Bizarre Ride II". Antes de qualquer coisa, só abro um parênteses antes que digam que minha redação ficou redundante: tudo o que está escrito sobre o álbum "The Chronic" do Dr. Dre se aplica perfeitamente a esse disco do Pharcyde. E vice-versa.

Os dois são discos de rap e hip hop, são contemporâneos e guardam algumas semelhanças e poucas diferenças, bem sutis. O mais interessante a se fazer, então, é pontuar essas diferença entre os discos. Ainda que em "The Chronic" a batida seja boa, tenha suingue e que exista, através dos samples, a influência da música soul negra dos anos 60 e 70, quase tudo no disco é feito de forma eletrônica. É justamente nesse ponto que o "Bizarre Ride II" sai um pouco na frente, na minha opinião.

A primeira faixa "4 Better or 4 Worse (Interlude)" é um prenúncio de algo que poderia ser absolutamente espetacular. Vejam bem, PODERIA SER. Por que "poderia ser" e não "é"? A MÚSICA TEM 0:44 SEGUNDOS!!! Escute e tire suas conclusões. Mesmo assim, não é por ser curta que podemos tirar o crédito do álbum. Isso pode servir como lição em analogia à nossas vidas: "...short but sweet for certain...". A partir daí, o "Bizarre Ride II" segue a fórmula do "The Chronic" e podemos até dizer que com menos competência.

Mesmo com apoio samples muito bem selecionados (James Brown, Donald Byrd, Sly & the Family Stone, The Meters, Quincy Jones, Jimi Hendrix, Roy Ayers and Marvin Gaye) fazendo a base, o grupo "The Pharcyde" faz o rap, mas com muito menos vibração do que Dr. Dre no "The Chronic". Em algumas faixas, para ser bem franco, parece o Gabriel (o Pensador) cantado em inglês. Tem balanço, os músicos são bons, a música pode até ser boazinha, mas você boceja. Isso na primeira impressão, talvez com tempo, ouvindo mais vezes você pegue a "vibe" da música, é até natural que isso aconteça.

No entanto, o aspecto mais interessante do "Bizarre Ride II" não se restringe somente à primeira faixa. Escutando o disco pela primeira vez fiquei com uma idéia de "altos e baixos" na minha cabeça. Como assim?

Porque, se não bastasse essa primeira faixa ser linda, excelente e CURTA, o álbum como um todo é montado de forma tal, que ele intercala diversas músicas dessas mais comuns, do tipo "Gabriel, o Pensador", com outras músicas "lindas, excelentes e CURTAS também". Trocando em miúdos, o disco tem algumas músicas com alguma qualidade e diversas "VINHETAS" brilhantes pululando aqui e acolá. O que exatamente tem de tão bom nessas "vinhetas"?

Elas são tocadas totalmente por uma banda, com instrumentos acústicos. Conforme eu dizia anteriormente, o "The Chronic" é praticamente todo eletrônico, enquanto que o "Bizarre Ride II" talvez por sua tendência mais jazzística conseguiu acertar em cheio nesse escalonamento acústico-remix-acústico de suas faixas.

Inclusive, isso eu não poderia deixar passar, esse som e essa última característica em particular, lembram muito uma ótima banda que meu "cumpádi Robson" me aplicou: o Liquid Soul. Outro contraponto que eu gostaria de fazer entre o "The Chronic" e o nosso álbum tema é o seguinte: por que que, se desconsiderarmos as "vinhetinhas", o "The Chronic" fica esmagadoramente superior ao "Bizarre Ride II"?

Pensando um pouco sobre isso não demorei muito a concluir a idéia. O "Bizarre Ride II" é muito mais voltado pro jazz enquanto que o "The Chronic" pega uma base mais soul. Isso não significa que o ESTILO musical "soul" seja melhor que "jazz". Um comparação assim não tem o menor fundamento. Acontece que, com o "rap", o "soul" parece fazer um CASAMENTO mais harmonioso, porque dá um certo ânimo, vigor, dá um ar mais descontraído e bem humorado, ou seja, eles se complementam bem. Enquanto que com o jazz, a mistura parece, às vezes, ficar relativamente insossa e você, após ouvir duas ou três músicas, na quarta já fica achando que vem por aí somente "mais do mesmo", com toda a razão.

Os destaques do disco, portanto, dentro do meu particular universo musical, ficam com todas essas faixas curtinhas, mas muito bem tocadas, executadas e gravadas, a saber: "4 Better or 4 Worse (Interlude)", "It's Jiggaboo Time", "If I Were President" (essa, que poderia ter sido musica tema da campanha do Obama), "Pack the Pipe (Interlude)", "Quinton's on the Way (Skit)". Das outras faixas, destaque para "Passin' Me By" que tem um sample brilhante de "Are You Experienced?" do Jimi Hendrix, que encaixou muitíssimo bem na música.

Como é possível notar, não faltou ousadia para o "The Pharcyde" na compilação dessa obra. Eles fizeram uma verdadeira salada musical, uma salada requintadíssima, mas que, como toda "salada", corre também o risco de ficar sem graça com muito mais facilidade.



Bizarre Ride II the Pharcyde
Studio album by The Pharcyde
Released November 24, 1992
Recorded 1991–1992
at Hollywood Sounds
(Hollywood, California)
Genre Alternative hip hop
West coast rap
Length 56:41
Label Delicious Vinyl
Producer J-Swift, L.A. Jay, SlimKid 3

1. 4 Better or 4 Worse (Interlude)
2. Oh Shit!
3. It's Jigaboo Time (Skit)
4. 4 Better or 4 Worse
5. I'm That Type of Nigga
6. If I Were President (Skit)
7. Soul Flower
8. On the D.L.
9. Officer
10. Ya Mama
11. Passin' Me By
12. Otha Fish
13. Quinton's on the Way (Skit)
14. Pack the Pipe
15. Return of the B-Boy

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The Mirror Effect?




J. Akiyama wrote on Aikido-L:

I don't think the protocol changes as far as I know -- lefties (those sinister people) are supposed to conform to right-handedness. Conformity -- that awful Japanese quality...

I don't know -- maybe we as a race didn't think it fashionaby correct or something to be a left-handed swordsmen. I think it would have been tactically an advantage, but who knows?

Being that the percentage of southpaws in Japan is less than 7%, trying to teach them to use swords that way may be a waste of time.

Actually, there is a good reason for not carrying your sword on your right hip.

In Japan, we walk on the left side of the path since we are a sword culture. If you had your sword on your left hip and walked on the right, you would be continuously banging your sword against someone else's or against their leg. To avoid that problem, everyone (except for those infernal 7% southpaws) walks on the left.

However, if a southpaw wore their sword on their right hip and walked on the left, they would be banging someone else who would then draw their sword and kill the southpaw. Could the southpaw defend him/her/itself in time? I doubt it. Drawing a sword with your right hand to cut the do of someone on your right is a very natural and direct cut. The southpaw's quickest attack would be to draw from the saya and thrust straight back--a slower and less direct move than the right-hander's cut. Yes, there is the turning away the sword side do cut but it is still not as fast as the one in which the non-sword side is pulled away as in the second kata requirement for many iaido ryu. Perhaps all the people who insisted on carrying their swords on their right hip were killed off due to this reason? Maybe that's why Japan has so few southpaws?

However, given that, there are forms for the jo in which the hand positions are switched for the yokomen attack on either side in order to get the best distance advantage of the jo.

Rock
(Rocky Izumi is the head of the Barbados Aikido Federation in Barbados, West Indies.)
Update:

First, there were very few left-handers in old Japan. Genetically, they made up only about 7 percent of the population. Furthermore, everyone that was born left-handed was made to be right-handed for a couple reasons:

  1. It is difficult, if not impossible to write Japanese left-handed. Good penmanship requires that you write right-handed. Good penmanship was, and still is, an indicator of your level of upbringing. Poor penmanship was thought to go with poor thinking processes and a lack of education. If you weren't right-handed, you were made to be right-handed or you were a social outcast.
  2. Kimonos are put on as if you were right-handed. The left flap goes over the right so that you can reach inside to get your tissues or fan or tanto or whatever was stored in the flap. The only time the right flap went over the left was in your burial kimono. If you wore your kimono in a left-handed fashion, you were already dead. If you wore your kimono right-handed and wore your katana left-handed, the tsuba would catch on your kimono and you would be further dead. If you wore your kimono left-handed and you wore your katana left-handed, you would look like an idiot and no one would anything to do with you.
  3. If you wore your katana for a left-handed draw and you walked according to convention so that you passed on the left, you would always find your katana in everyone elses' way. You would be a social idiot and I don't think anyone would complain if someone cut you down.
  4. As in most cultures that had horses, they were generally mounted from the left side so that you could use your right arm and leg to get up. All horses would be trained that way. Try getting up on a horse correctly when your katana is getting in the way because you are wearing it on the wrong side.
  5. If several people had to sit in a war conference next to each other, if one person had their sword on the wrong side, it would inconvenience everyone else.
Being a left-handed swordsman in old Japan just wasn't an issue. It is a stupid question and I shouldn't be answering all these questions. It is the way it is done and leave it at that! Anyone who tries to wear a katana for a left-hand draw is just another idiot who does not know any better or someone who has little culture or consideration for others.

Rock



"There were no left-handed samurai"



Artistic Freedom?

Tá Chegaaaaando A Hora

domingo, 23 de novembro de 2008

Homo Sapiens, Sapiens?




















" Porque aqui
Na face da terra
Só bicho escroto
É que vai ter... "

sábado, 22 de novembro de 2008

1001 Discos - 0004


Aerosmith
Pump
(1989)

O(s) Cara(s)

O acaso apronta mesmo diversas surpresas conosco. Enfim, o ROCK!!! Daí eu te pergunto: existe uma definição mais crua e pura de rock do que a que este álbum nos oferece?

Escute, então, os primeiros 30 segundos de "Young Lust". Não precisa de mais nada. Você só precisa disso para descubrir se tem ou não "rock'n'roll na veia". Basta que você ameace fazer o "headbangin" ("bater-cabeça" na gíria do rock) ou então bater o pé no chão. Se você o fez, já passou no teste. Se não foi o bastante para se sensibilizar não se preocupe, você tem uma segunda chance.

Na segunda faixa do álbum. Ouça o timbre da guitarra na intro de "F.I.N.E.". Incrível, não é mesmo?

Não??? Então tá bom. Da terceira não passa. Poucas coisas são mais rock'n'roll do que aquelas estrofes de "Love In Elevator" do tipo call-and-response. Dá pra imaginar o Steven Tyler no palco dando suas piruetas, cantando como poucos e a galera respondendo "uô-ô" - "uô-yeaaah". É demais!

Se você conseguiu captar a idéia logo na primeira música ou então se já conhece esse álbum de trás pra frente, espero que esteja concordando comigo, portanto lhe indico uma coisa a fazer: VAI CURTIR O ROCK, meu filho!!!!!! Deixa esse negócio de ficar lendo blog pra lá...

Mas se você está com tempo e paciência e quer saber a minha opinião sobre o resto de disco, continuemos...

Ah! Aproveitando a pausa, agora falando um pouco mais sério, deixarei aqui registrado outro agradecimento, mas esse bem mais significativo e mais intenso porque dessa vez é do fundo da minha alma mesmo...

Perdoe a cacofonia, mas esse som é a cara do cara. Ele é tão pouco fã de Aerosmith que tem a guitarra Gibson Les Paul Joe Perry versão assinatura em edição limitada e numerada. Uma "bagaceira" dessa hoje vale uns $10k num ebay da vida. E o pior: lembremos a guitarra não funciona sozinha. Não basta TER o instrumento, tem que saber TOCAR e o cara TOCA DEMAIS! Sei que devo muito pra muitas pessoas, sobretudo em termos de influência musical, mas esse cara me ensinou a ter uma sensibilidade, principalmente no âmbito do rock, que pra mim é bem complicado de se dimensionar. Aprendi demais com ele. Começamos a ouvir rock juntos, ainda bem moleques.

Lembro-me de começar ouvindo os CD's antigos do Bon Jovi (que são bons, sim, diga-se de passagem :P) e depois um loooongo tempo ouvindo basicamente Iron Maiden e heavy metal. Depois, o nosso campo musical foi se abrindo alguns preconceitos de adolescente caindo e chegamos ao Aerosmith.

Lembro-me de ir visitá-lo para gente ouvir os cd's que comprávamos na época e me lembro perfeitamente do dia em que eu PIREI ouvindo o Get A Grip. A última faixa especificamente. Nesse dia ele me emprestou esse álbum (pow, é mesmo, ainda não existia NEM DE PERTO um mp3 ou internet ou qualquer coisa que o valha) e eu escutei essa música umas 15 vezes seguidas. Ela é instumental, achei ela a maior viagem. Claro, escutei o álbum na íntegra inúmeras vezes também.

Outro álbum do Aerosmith que tive o imenso prazer de conhecer através de uma gentileza desse garoto foi o "Permanent Vacation" que, na minha opinião compete com o "Pump" para melhor disco dessa banda. Lembro-me perfeitamente que eu gravei o "P.V." numa fita k-7. Fita que gastei de tanto ouvir.

Então, como vocês podem notar, é difícil falar de Aerosmith sem mencionar o nome desse rapaz. Então, VALEU DEMAIS FABRIÇÃO! Saudade tua, irmão...


Agora, voltando ao PUMP, onde estávamos? Ainda na TERCEIRA FAIXA??? Interessante... Talvez seja esse o motivo pelo qual eu estava tão ansioso para que o "1001 Discos" caísse em um CD de rock. O leque de possibilidades a ser explorado por mim é um pouco maior. O lance, foi que logo de cara, caiu num dos CDs favoritos do Fabriçágenos. Não só isso. Esse é o disco que mais define esse cara pra mim. Compreende? Aí é covardia...

Agora sim, voltando ao "PUMP", podemos resumi-lo da seguinte forma. O álbum tem 10 faixas. Dessas, cinco, ou seja, METADE são hits consagradíssimos que dispensam qualquer comentário. Cito. Qualquer coisa que eu fale sobre "Love In Elevator", "Monkey On My Back", "Janie's Got A Gun", "The Other Side" e "What It Takes" vai ser inócuo.

Um álbum de ROCK que vendeu tanto quanto esse já fala por si. Não é fácil um disco de hard-rock obter tanto sucesso. Principalmente para o Aerosmith que vinha de uma fase complicada de brigas internas no início da década de 80. Mesmo que você NÃO seja um fã da banda, tendo você nascido antes de 1990, tenho certeza de que já ouviu todas essas, mesmo que não saiba disso. Em uma rádio, em clipes, filmes, premiações, bandas fazendo covers (nem que seja carinha inventando uma versão em sertanejo ou pagode), etc, etc, etc. Aerosmith já tocou muito.

A outra metade que separo desse disco, que na minha opinião é ainda melhor, não propriamente pela qualidade das músicas, mas justamente por não ter sido tão saturada pela mídia, separa músicas como "Young Lust", "F.I.N.E.", "My Girl", "Don't Get Mad, Get Even" e "Voodoo Medicine Man". Não por acaso a parte mais pesada do álbum. =)


Outro detalhe importante a ser mencionado. Não me recordo da última vez em que havia escutado esse disco. Coisa de 3 ou 4 anos, talvez mais. Mas quando coloquei ele para rodar eu parecia ter 15 anos novamente.

Não simplesmente pelas memórias e experiências aqui mencionadas, mas pela qualidade da música em si. Vibrei muito. Um dos melhores discos de hard-rock já lançados, sem dúvida. Ele voltará a figurar na minha playlist com maior frequência. Pra mim, não é simplesmente um disco qualquer, da banda do "pai da Liv Tyler". Não. Esse álbum está marcado, para sempre, na minha vida.



Pump
Studio album by Aerosmith
Released September 12, 1989
Recorded February-June 1989
Genre Hard rock, blues-rock
Length 45:37
Label Geffen
Producer Bruce Fairbairn

1. "Young Lust" – 4:18
2. "F.I.N.E.*" – 4:09
3. "Going Down" – 0:17 / "Love in an Elevator" – 5:21
4. "Monkey on My Back" – 3:57
5. "Water Song" – 0:10 / "Janie's Got a Gun" – 5:28
6. "Dulcimer Stomp" – 0:49 / "The Other Side" – 4:07
7. "My Girl" – 3:10
8. "Don't Get Mad, Get Even" – 4:48
9. "Hoodoo" – 0:55 / "Voodoo Medicine Man" – 3:44
10. "What It Takes" – 6:28

* After the end of "What It Takes" there is a brief, untitled, instrumental hidden track.

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Hmmm.... Será???


Um livro de rara beleza escrito para aquelas pessoas que, perdidas em meio ao corre-corre do mundo atual, não encontram tempo para pensar nas coisas que realmente importam na vida. Uma obra que nos estimula a seguir em busca do crescimento pessoal.



Ser especialista e generalista ao mesmo tempo. Lidar com um grande volume de informações. Fazer várias coisas ao mesmo tempo, obtendo a qualidade de tarefas de dedicação exclusiva. Multiplicar o tempo, que parece cada vez mais raro. O xis da questão é encontrar uma forma de lidar com tudo isso de modo menos traumático.

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Sei não... sei não...

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

1001 Discos - 0003


Dr. Dre
The Chronic
(1992)

Exceção?

É... Se analisarmos pelo lado do meu "currículo" musical é possível dizer que não tenho tido muita sorte nessa jornada dos 1001 Discos. Passei toda minha vida mergulhado em um mar de, basicamente, "pop-rock-soul-jazz-funk-mpb". Definitivamente, a sorte não parece estar do meu lado.

Aí é que tá. PARECE. Estou cada vez mais percebendo que "sorte" ou "azar" são conceitos por demais relativos. Na maioria das vezes, só levamos em conta o que já conhecemos, nossa "safe-house", ou seja, nosso terreno seguro. Queremos ter certeza de que o que estamos fazendo está correto ou, pelo menos, não está tão desvirtuado assim da nossa realidade e da nossa identidade.

Falo isso porque não tenho nenhuma identificação com o rap ou hip-hop. Também não acho rap um estilo de música necessariamente ruim. A questão é que o rap/hip-hop em particular, na minha maneira de pensar, envolvem todo um contexto social, contexto esse que está absolutamente fora do meu escopo. Isso é bom? É ruim? Não há como saber com exatidão. Até porque essa pergunta não tem o menor fundamento. Cada um tem a sua realidade, as suas verdades e a sua forma de tomar decisões. Por isso eu afirmo: é bom e é ruim ao mesmo tempo.

Pois esse album "The Chronic" constitui-se como uma bela exceção a essa regra. Por diversos motivos. Esse
álbum é considerado um clássico do hip-hop. Por que ele é clássico? Porque ele fez com muita competência o que os produtores de hoje sonham em alcançar.

Sem cair na pieguice, na mesmice de samplear hits consagrados com a finalidade única de encher de zeros a contagem de vendas de discos (e por consequência, da conta bancária dos produtores). Eles ficaram milionários? É obvio que sim. Mas essa galera sim, fez por merecer, talvez não na exata proporção da realidade, mas isso não vem ao caso, porque no final das contas, todos esses caras parecem mesmo ter um ímã gigante (secreto) só para atrair níqueis. O que então o Dr. Dre fez de tão diferente?

Muito simples. Ele teve muito critério na hora de escolher o que samplear.

E, permita-me, peço agora um minuto de silêncio, não pela morte de ninguém, nada disso, em verdade deixo aqui o meu imenso agradecimento e peço também a sua companhia para louvar por um breve instante à nossa excelente WIKIPÉDIA. Quer saber o porquê desse agradecimento agora? Sério, olha
isso!!!

Pense. Porque eu me imaginei simplesmente com as músicas em mãos escutando os "mano fazendo as rima, saca méo?". O trabalho seria hercúleo. De fato, foi muito mais fácil compreender a dimensão dessa obra com a ajuda da nossa querida enciclopédia livre. "Hands down, Wikipedia".

Então, ao olhar a seleção das músicas que foram sampleadas você entende porque esse disco tem tanta qualidade. É só filé da soul music, jazz-funk e acid-jazz. E mais: a música "Lyrical Gangbang" que sampleou a batida de "When the Levee Breaks" do Led Zeppelin e ficou demais!
Outro ponto alto do disco são as músicas que samplearam o gênio "Donny Hathaway" que têm no fundo uma flautinha que dá uma vibe sensacional à canção.

Trata-se, portanto, de um album de RAP musicalmente muito rico. O que, convenhamos, não é muito comum. Por isso digo que esse álbum foi uma grata surpresa. Fica agora a missão de descobrir se surpresas assim são apenas raras exceções no mundo do rap.


The Chronic
Studio album by Dr. Dre
Released: December 15, 1992
Recorded: June 1992
at Death Row Studios (Los Angeles, California)
Bernie Grundman Mastering (Hollywood, California)
Larrabee Sound (mixing) (West Hollywood, California)
Genre: West Coast hip hop, gangsta rap, G-funk
Length: 62:52
Label: Death Row, Interscope (distributed by Priority Records) P1-50611
Producer: Dr. Dre

# Titles - Lenght (Performers)

* Samples

1. "The Chronic (Intro)" - 1:57 (Dr. Dre, Snoop Dogg)

* "Impeach the President" by The Honeydrippers
* "Get Out of My Life, Woman" by Solomon Burke
* "Funky Worm" by Ohio Players
* "Country Cooking" by Jim Dandy

2. "Fuck wit Dre Day (And Everybody's Celebratin')" - 4:52 (Dr. Dre, Snoop Dogg, Jewell, RBX)

* "Atomic Dog" by George Clinton
* "(Not Just) Knee Deep" by Funkadelic
* "Funkentelechy", "The Big Bang Theory" & "Aquaboogie (A Psychoalphadiscobetabioaquadoloop)" by Parliament

3. "Let Me Ride" 4:21 (Dr. Dre, Jewell, Ruben, Snoop Dogg)

* "Mothership Connection (Star Child)" and "Swing Down, Sweet Chariot (Live)" by Parliament
* "Kissin' My Love" by (Drums) Bill Withers
* "Funky Drummer" (Drums) by James Brown
* "Do It Again" by Steely Dan

4. "The Day the Niggaz Took Over" - 4:33 (Dr. Dre, Daz Dillinger, RBX, Snoop Dogg)

* Samples live news reports and other soundbites of the 1992 Los Angeles riots
* "Love's Gonna Get'Cha (Material Love)" by Boogie Down Productions

5. "Nuthin' but a "G" Thang" - 3:58 (Dr. Dre, Snoop Dogg)

* "I Wanna Do Something Freaky to You" by Leon Haywood
* "Uphill (Peace of mind)" by Frederick Knight

6. "Deeez Nuuuts" - 5:06 (Dr. Dre, Daz Dillinger, Snoop Dogg, Nate Dogg, Warren G)

* "Chestnuts" by Rudy Ray Moore

7. "Lil' Ghetto Boy" - 5:29 (Dr. Dre, Snoop Dogg, Daz Dillinger)

* "Little Ghetto Boy" by Donny Hathaway
* "The Get out of the Ghetto Blues" by Gil Scott-Heron

8. "A Nigga Witta Gun" - 3:52 (Dr. Dre, Snoop Dogg)

* "Big Sur Suite" by Johnny "Hammond" Smith
* "Who's the Man (With the Master Plan)" by the Kay Gees
* "Friends" by Whodini
* "Fuck wit Dre Day (And Everybody's Celebratin')" by Dr. Dre

9. "Rat-Tat-Tat-Tat" - 3:48 (Dr. Dre, RBX, Snoop Dogg)

* "Vegetable Wagon" by Donny Hathaway
* "Brothers Gonna Work It Out" by Willie Hutch
* "Pot Belly" by Lou Donaldson

10. "The $20 Sack Pyramid" (skit) - 2:53 (Big Tittie Nickie, The D.O.C., Samara, Snoop Dogg)

* "Papa Was Too" (live) by Joe Tex

11. "Lyrical Gangbang" - 4:04 (Kurupt, The Lady of Rage, RBX)

* "Damn" by The Nite-Liters
* "When the Levee Breaks" by Led Zeppelin

12. "High Powered" - 2:44 (Dr. Dre, RBX, The Lady Of Rage, Daz Dillinger)

13. "The Doctor's Office" (skit) - 1:04 (Jewell, The Lady of Rage)

14. "Stranded on Death Row" - 4:47 (Bushwick Bill, Kurupt, The Lady of Rage, RBX, Snoop Dogg)

* "Do Your Thing (Live)" by Isaac Hayes
* "If it Don't Turn You On (You Outta Leave It Alone)" by B.T. Express

15. "The Roach (Outro)" - 4:36 (Daz Dillinger, Emmage, Jewell, Lady of Rage, RBX)

* "P-Funk (Wants to Get Funked Up)", "Colour Me Funky" by Parliament
* "Impeach The President" (Drums) by The Honeydrippers

16. "Bitches Ain't Shit (Bonus Track)" - 4:48 (Dr. Dre, Daz Dillinger, Kurupt, Snoop Dogg, Jewell, The Lady of Rage)

* "Adolescent Funk" by Funkadelic

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1001 Discos - 0002


Joe Ely
Honky Tonk Masquerade
(1978)


Urbs Rural

Meu preconceito com o country tem algum fundamento. É só olhar pro mapa, para o lugar onde moro. A cultura country está tão impregnada no cotidiano das pessoas dessa região que é difícil desvincular uma coisa da outra. Pois foi então que, pelo sorteio a que me submeti para ouvir os 1001 Discos, tive o "azar" de ter que escutar esse album do Joe Ely.

Desconhecia completamente a existência desse sujeito. O desgosto pela música sertaneja me afastou muito de tudo que estivesse ligado ao country. Mas eu encarei de frente e resolvi cumprir a missão e pensei comigo mesmo "Vou ouvir SIM Joe Ely". Rangi os dentes, peguei o mp3, coloquei os fones e fui caminhar no parque.

Aaahh!!! A tentação de voltar para trás, por qualquer desculpa que fosse, pra carregar outra coisa no mp3 foi muito muito grande. Mas eu bravamente resisti. Não exatamente "resisti" eu me adaptei. Para fazer exercícios, o meu costume é ouvir algo "uplifting", algo que te dê moral, um rock, algo bem ritmado, enfim algo que te facilite ou pelo menos te faça suportar mais facilmente a obrigação de se exercitar habitualmente.

Mas, para o Joe Ely, eu me adaptei da seguinte forma: Simples! Deixei o volume do aparelho beeem baixinho! Claro que não tão baixo que não desse pra escutar, não era pra tanto, afinal eu também queria "sacar" essa obra. E vou te falar uma coisa. Consegui captar um pouco da essência do som do Joe Ely.

Apesar de toda essa minha barreira pessoal. Ouvindo esse som andando pelas ruas de Goiânia não teve como não lembrar da saudosa "Urbs-Rural" brilhantemente composta pelo Vícios da Era no início da década de 90 que falava sobre essa "moda texana" que existe até hoje nessa cidade, música essa, que encerrava-se com um hard-core pesadíssimo!!! Fenomenal!!!


O disco, em si, nem é tão ruim quanto a máscara que eu havia feito dele não. É muito bem executado, mas mesmo assim, aquela levada me lembra muito o lado dos EUA que eu mais tenho repulsa, que por consequência me lembra o Texas, que me lembra da cara do Bush.

De bom mesmo, tem uns blues, algum country e até um rock'n'roll beem tradicionais que vou inclusive vou apresentar para o meu pai. Pode até ser que ele goste, quem sabe.


Honky Tonk Masquerade
Studio album by Joe Ely
Released 1978
Recorded Murfreesboro, Tennessee
Genre country
Length 33:57
Label MCA
Producer Chip Young

All songs by Joe Ely except as indicated.

Side one

1. "Cornbread Moon" – 3:29
2. "Because of the Wind" – 4:02
3. "Boxcars" – 4:03
4. "Jericho (Your Walls Must Come Tumbling Down)" – 2:54
5. "Tonight I Think I'm Gonna Go Downtown" – 2:12

Side two

1. "Honky Tonk Masquerade" – 3:46
2. "I'll Be Your Fool" – 2:52
3. "Fingernails" – 2:13
4. "West Texas Waltz" – 5:03
5. "Honky Tonkin'" – 3:27

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