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Pois aí está. Já foi feito o pré-lançamento do novo álbum da série Live Trax da Dave Matthews Band, o décimo-quarto dessa coleção. Pela fántastica foto da capa já é possível notar que não trata-se de um álbum qualquer. Esse álbum contém, nada mais nada menos, do que a última apresentação do LeRoi Moore, o talentosíssimo saxofonista da DMB.
Uma pessoa de personalidade ímpar, muitos inclusive o davam (erroneamente) por cego, tamanha era sua timidez e introspecção no palco. Como músico, podemos dizer que ele conseguiu criar uma nova forma de abordar o saxofone. Em uma banda que já conta com violão, bateria, baixo e violino (quando não com músicos convidados na guitarra e nos teclados) não é nada simples encaixar um bom arranjo desse instrumento mais "jazzístico". LeRoi, entretanto, conseguiu criar uma nova forma de compor, com lindos fraseados ora duelando com o violino, ora ocupando os poucos espaços vazios existentes na música da DMB.
Como se não bastasse, LeRoi ainda explorava uma boa gama de diferentes instrumentos, conforme podemos notar em músicas como "Say Goodbye" e "Bartender", por exemplo. Co-fundador da banda era um membro muito querido por todos integrantes e por quem quer que tivesse contato com ele.
Esse álbum foi gravado em uma apresentação da banda no dia 28 de junho no Nissan Pavilion in Bristow, no estado de Virginia. Dois dias antes de LeRoi se acidentar com seu quadriciclo na sua fazenda, nos EUA. Os ferimentos do acidente foram gravíssimos e com tudo isso LeRoi teve que sair de cena para a sua melhor recuperação. A banda se viu obrigada a encaixar o saxofonista de uma banda muito próxima do DMB - Jeff Coffin da banda Bela Fléck & the Flecktones - para complementar os shows restantes da turnê. Mas todos - músicos e fãs - estavam muito abalados com a ausência de LeRoi nos palcos.
Um mês e meio depois do acidente, quando tudo aparentemente se encaminhava para um quadro mais estável, LeRoi faleceu de forma totalmente inesperada. Eu, particularmente, sofri muito. Já estava com os ingressos na mão para o show da banda no Rio de Janeiro. No dia em que LeRoi se foi faltavam exatamente 41 dias para a apresentação. Diversas dúvidas pairavam sobre o que iria acontecer dali para o futuro. Não havia confirmação oficial sobre o show. A emocionadíssima apresentação da banda no dia 20 de agosto foi um indício de que as coisas não iriam parar por ali. Muito provavelmente LeRoi não iria querer que isso acontecesse. Além disso, por incrível que pareça, Jeff Coffin conseguiu se encaixar de forma perfeita ao som do "novo" DMB. A falta de LeRoi será sentida para sempre. Mas tecnicamente, Coffin conseguiu preencher com maestria uma lacuna que não poderia ser ocupada por mais ninguém. Que bom! Com certeza, LeRoi diria: "The Show Must Go On!!!"
A música da DMB tem sido, de longe, a que escuto com mais frequencia. No entanto, fora algumas postagens com trechos de letras, muito pouco tenho comentado sobre a banda. Talvez seja porque ainda não consegui dimensionar com exatidão o quanto ela representa para mim. Minhas palavras pouco podem expressar o que realmente sinto ao ouvir cada música dessa banda. Impera um "respeitoso" silêncio. Mas na verdade essas músicas pra mim valem quase tanto quanto oxigênio. No entanto, depois de tudo o que aconteceu no Rio de Janeiro, no dia 30 de setembro de 2008, parece que o "O2" passou de verdade para segundo plano. E LeRoi estava presente lá, naquele dia. Tenho certeza absoluta. Meu humilde tributo para ele foi feito. Se esse pouco que fiz lá no Rio foi capaz de emocionar os integrantes da banda e alguns fãs, o que poderíamos dizer quanto ao grande LeRoi.
Infelizmente não pude ver LeRoi tocar ao vivo. Mas tenho certeza absoluta de que não preciso fazer nenhum esforço para sentir, como poucos, a emoção de cada solo que ele fez, o cuidado com cada arranjo, e toda a beleza e sutileza do seu estilo único. Vá em paz Roi. Você cumpriu, com folga, a sua missão por aqui. Muito obrigado.
Não sei como farei para ter acesso a esse álbum. Por contingências de ordem financeira (vulgo, eu sou um "quebrado") confesso que sou obrigado a baixar (ilegalmente) todos os lançamentos da banda. Mas esse álbum tem um gostinho especial. Eu queria muito ter isso em CD. Vale muito a pena. Porque, além de tudo isso que foi dito, toda renda obtida pela venda dos CDs será revertida para instituições de caridade e para o Charlottesville Music Resource Center. Assim é que se faz uma banda da magnitude da DMB. Parece simples, mas é muito complicado de se compreender.
Pra mim, pelo menos, é.
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LIVE TRAX VOL. 14
Track List:
CD 1
1 DON'T DRINK THE WATER
2 OLD DIRT HILL (BRING THAT BEAT BACK)
3 SO DAMN LUCKY
4 THE DREAMING TREE
5 THE IDEA OF YOU
6 CORN BREAD
7 YOU MIGHT DIE TRYING
8 THE SPACE BETWEEN
9 SLEDGEHAMMER
CD 2
1 EH HEE
2 LOUISIANA BAYOU
3 OUT OF MY HANDS
4 EVERYDAY
5 ANTS MARCHING
6 SO MUCH TO SAY>ANYONE SEEN THE BRIDGE?>
7 TOO MUCH
8 SISTER
9 PANTALA NAGA PAMPA> RAPUNZEL
10 THANK YOU (FALLETIN ME BE MICE ELF AGIN)