quarta-feira, 13 de outubro de 2004
terça-feira, 12 de outubro de 2004
Imprints
Seeking traces of the mind
is like looking for footprints of birds flying in the sky.
They cannot be found,
though intangible karmic imprints exist.
Likewise, when we pass through life,
may we leave no unnecessary traces,
no trail of mental or physical destruction;
only good karmic imprints.
:-)
Marcadores: budismo, não-autorais
Um programa alternativo: Usina de Pensamentos
A cena passou-se em um dia qualquer da década de 1970, fase aguda da repressão militar. O professor de Geografia foi chamado à sala da diretora, que, além de ter seu papel de gestora, comandava a orientação pedagógica e educacional, a Coordenação e muitas outras funções. Não que não houvesse pessoas para realizá-las. Elas existiam, é claro, mas exerciam seu trabalho segundo regras, fundamentos, princípios e justificativas da diretora e dona do pedaço. Travou-se o seguinte diálogo:
— Professor, chamei-o aqui porque é agora necessário ministrarmos aulas de Educação Moral e Cívica e o escolhi para fazê-lo.
— Mas, por que eu, senhora diretora? Não existem por acaso outros professores mais adequados? Não ministro bem minha disciplina? Não seria desperdício usar-me para a rotina, para o servilismo a uma programação imposta?
— Não, meu caro mestre. Se escolher um qualquer, ele por certo fará o que os militares desejam. Ministrará a disciplina sem sabor, sem criticidade, sem criatividade. Fará dos estudantes apenas mentes robotizadas pela ditadura. Escolhi o professor que mais admiro, aquele que mais respeito e sei que ele, e somente ele, será capaz de criar um programa alternativo: ministrar essa tal de Educação Moral e Cívica com a cara que a imposição requer, mas, na sutileza das entrelinhas, fazer os alunos pensarem e despertar neles a criticidade... E, quando se supõe que estes levam para casa uma bagagem sem cor; na realidade, eles, ao contrário, levam na cabeça idéias cheias de vida e de surpresa. Prepare o programa, apimente reflexões, faça surtir a criatividade, mas organize diários de classe com a cara que o governo impõe.
Dois meses depois desse diálogo, a escola mudou. As aulas de Educação Moral e Cívica passaram a ser as mais procuradas e discutidas, deixando escondidas em um manto de pureza as idéias mais expressivas, os pensamentos mais ousados. Para quem olhasse a escola de fora, lá estavam os conteúdos curriculares convencionais e também a Educação Moral que a ditadura sugeria; entretanto, quem a assistisse de perto saberia que a escola transformara-se em uma fábrica de reflexões, um laboratório de experiências. Mais tarde, “filhos” dessa disciplina, surgiram projetos de defesa ambiental, ações de envolvimento comunitário, campanhas de apoio à construção da dignidade e da honra e serviços assistenciais voluntários.
Os tempos mudaram! Não mais existem, nos currículos, uma disciplina imposta, um programa para se praticar a bajulação e se exaltar a autoridade, uma mordaça à liberdade do pensar. Mas será que a criatividade de uma programação alternativa nasce apenas em tempos de censura? Será que, se convocarmos os professores mais críticos e mais brilhantes, sugerindo-lhes a “criação” de uma disciplina alternativa, não ocorrerão idéias experimentáveis, projetos plausíveis? Será que a escola pode exercer a busca do diferente e do inusitado somente em tempos de terror?
Acreditamos sinceramente que não, assim como não menos sinceramente pensamos que o “aperto” do currículo não é tão cerceado de limites que impeça o criar de alguma outra disciplina que possa ensinar relações interpessoais, ações concretas de defesa da cidadania, projetos que exercitem alternativas de pensamento mediadas por espaços de reflexão, análise crítica do cotidiano, atos e procedimentos que solidifiquem amizades, aprendizagens significativas sobre um melhor comer e se exercitar, para um melhor viver. É importante pensar que a tecnologia tornou a informação mais acessível e que, por mais intensa que ela seja, jamais poderão ser impostas, fazendo com que exista conhecimento sem compreensão, aprendizagens que engessam a mente e impedem a significação e a contextualização. Por mais matéria que se tenha, sempre haverá tempo para melhor as discutir.
É chegada a hora de uma nova alternativa no educar. Não seria o caso de se buscarem, nos professores mais criativos e mais reflexivos, os fundamentos de uma usina de pensamentos? Não poderiam eles, voluntariamente, criar modelos e sugeri-los à Coordenação? Se for necessário (e, em último caso), esses professores podem fazer de conta que o tempo não passou e que a democracia não sepultou a criatividade.
Celso Antunes
Marcadores: não-autorais, usina
Osama acabou com o 'happy end'
Eu já escrevi aqui que o atentado às torres em NY foi um show de cinema. Foi um massacre onde a visibilidade era essencial para o bom resultado.
Baudrillard também disse isso, mas escrevi antes, modestamente. Era necessário que tudo fosse visto, ao contrário, por ex, do holocausto, quando a ocultação dos fornos era fundamental.
No 11 de setembro, não. Era preciso que ficasse gravada aquela cena do que vai se repetir por toda a eternidade, mostrando o dia em que tudo mudou para sempre.
O que Osama inaugura em 11 de setembro foi um período histórico sombrio de "desconstrução". Bush aproveitou o pretexto e iniciou também a desconstrução da democracia americana, há tanto tempo desejada por seus mentores, como Karl Rove, Cheney e outros. Para isso, ele passou a usar a "política do medo" e a explorar o fato de que é insuportável para o americano problemas não resolvidos. Eles tem de "resolver" os problemas e, no caso das torres e de Osama ,não há solução possível. Já era. Eles pensavam: "Aqui está tudo sob controle, tudo tem princípio meio e fim e termina como nós queremos."
Osama criou um problema insolúvel com o terrorismo suicida. Osama acabou com o conceito de "happy end". A "cultura da certeza" americana foi humilhada por Osama.
Ninguém pode controlar essa guerra sem rosto. Diante dessa impotência, Bush e a direita partiram para um monolitismo paranóico, masoquista, partiram para rever todas as complexidades democráticas, como se elas fossem formas de "fragilidade", de vulnerabilidade, buracos por onde poderia entrar o inimigo.
Todos os movimentos, de um lado e de outro, são regressivos. Osama quer voltar a um islã fundamentalista e, assim, estimula a direita americana de Bush a rever os avanços ocidentais. A direita cristã no poder quer a volta do ego sem inconsciente, quer a volta de Adão e Eva e do homem mínimo diante de Deus. "Give me that old-time religion!"
Não há retorno para o que já está acontecendo. Marx diz que "a economia é uma espécie de luz que dá a coloração do momento histórico, onde tudo acontece com algum reflexo dela". Osama não veio por acaso do deserto. Nem Bush. Ambos são os fetos de um ventre histórico grávido a partir do capitalismo mudado pela globalização, ambos são frutos de um capitalismo gelado, financeiro, não produtivo, que se esvazia a si mesmo, um capitalismo que se auto-aliena e que favorece a manipulação política por gangues como a de Bush.
Só que Osama anseia por um divinismo restaurado. E Bush, em nome de um Jesus mecânico, quer ser o comandante de uma era morta para a razão. Ambos desejam arrasar com uma realidade mundial multiprodutiva, global, inapreensível, o que faz as massas desejarem uma uniformização, algum simplismo ideológico ou clareza religiosa. Ambos desejam redirecionar o progresso e aprisioná-lo num esquematismo religioso e obscurantista. O obscurantismo e a ilusão religiosa são uma vontade mundial. Osama e seu fiel criado Bush vêm satisfazer essa necessidade. Eles vieram para encerrar qualquer esperança platônica, vieram para negar todos os livros, todos os quadros, todos os avanços realmente democráticos que poderiam criar uma revolução laica no futuro, quase a realização de um sonho meio "nietzschiano" de um viver "artístico", um presente dançante e inventivo, sem paraíso, mas também sem desespero.
Assim como o islâmico bate com a cabeça no Corão, nas "madrassas" onde aprendem a ser homens-bomba, Bush (e seus asseclas) quer se vingar dos inteligentes, dos bons alunos que o desprezavam em Yale, onde ele assistia às aulas de ressaca e arrotando de tédio, como nos contam seus professores.
Osama e Bush vieram para trazer de volta a paz da ignorância, o sossego da estupidez, a calma da fé em Alá ou Jesus, eles vieram para nos trazer de volta a proibição, a repressão. A democracia angustia as massas ignorantes.
Assim como Osama quer criar o califado de Alá, quer impedir que o Ocidente continue a poluir a pureza do islamismo "waabista" que ele professa, ameaçado pela nossa liberdade e libertinagem, o Bush quer impedir a continuação da grande e verdadeira América que terminou com Clinton, uma América autocrítica, buscando um diálogo multilateral com o mundo.
Durante o debate, havia momentos em que Kerry soava quase nostálgico, querendo defender os valores maiores ocidentais, europeus, etc... Bush arquejava, arfava de impaciência diante das palavras mais complexas do opositor democrata. Enquanto o Kerry falava de um futuro "em aberto", um processo e não uma "solução", Bush se defendia com palavras mágicas, holísticas, fervorosas como: "No fundo do coração eu acho... Eu creio, eu tenho certeza que...." Bush discutiu sem nenhum embasamento sob seu desejo, apenas a reafirmação da teimosia de achar que tem de perseverar no erro para resolver o problema. Senão houver solução para o terror, que a América seja então trancada num "shelter" mais profundo, que o Desejo seja uniformizado, que a democracia tradicional seja limitada, para que uma nova nação "forrest-gumpiana" floresça, medíocre e sinistra. Bush quer enterrar a era da autocrítica e dos direitos civis, que existiu até Clinton, último filho dos anos 60, até que foi finalmente esmagado por Ken Starr e pela boca traidora da republicana Monica. E agora esse flagelo deve vencer as eleições. Nos USA, não há apenas uma campanha política. Há um golpe de direita em andamento contra a democracia dentro e fora de casa. God save America.
Arnaldo Jabor - estadao.com.br - Caderno 2 - [05/10/2004]
Marcadores: educação, não-autorais
Lição de humanidade
Vi o documentário sobre o desastre com o Concorde, em Paris, que matou mais de 100 pessoas, em não me lembro mais qual ano. Foi o início do fim do primeiro supersônico disponível na aviação comercial. Pouco depois, os Concordes que sobraram foram retirados de circulação e parece que destinados a museus e exposições.
Não foi o custo do aparelho nem o alto preço das passagens para se voar nele que motivaram a sua aposentadoria. Tampouco o desastre em si, uma vez que qualquer homem e qualquer coisa por ele produzida estão disponíveis ao desastre.
O que espantou os especialistas foi a insignificância da causa que provocou a catástrofe. Ao rolar na pista para a decolagem, um dos pneus do aparelho foi cortado por uma pequena peça metálica, de 40 centímetros, desprendida de um outro avião que decolara pouco antes. O piloto do Concorde não poderia ver objeto tão pequeno e aparentemente tão inofensivo.
A peça fez explodir um dos pneus das rodas que estavam sendo recolhidas. Um pedaço do pneu bateu com violência na asa esquerda, fazendo um furo, pelo qual saiu o combustível, logo inflamado por uma fagulha. Menos de dois minutos após a decolagem, mais de cem mortos, a poucos quilômetros do aeroporto De Gaulle.
A desproporção entre a causa e o efeito me horrorizou. As criações mais sólidas do homem, que parecem indestrutíveis, perfeitas, costumam ir para o brejo por motivos banais, como o iceberg que afundou o Titanic. No caso do Concorde, a tecnologia da época era bem mais adiantada. Mas o resultado foi o mesmo. Os dois casos são uma lição de humildade que habitualmente esquecemos não apenas na vida pública, mas na vida pessoal de cada um de nós.
Carlos Heitor Cony, FSP, 12/10/2004
Marcadores: educação, não-autorais
segunda-feira, 11 de outubro de 2004
Multidão
Uma multidão está ao lado
Entidades cumprem missão
Energias personificam
e os passos mudam de direção
Uma multidão está ao lado
O futuro é incerto
Multidões se cruzam
Nasce o sentimento
Uma multidão mora no interior
Minha personalidade em sua unidade
é sintese, é diversidade
Fluem os pensamentos
Dançando com o Vento
Assisti a dois bons filmes ontem: Paixão de Cristo e Beleza Americana. É curioso mas para mim esses filmes têm muito em comum. O sofrimento inigualável de Cristo em sua crucificação pode ser extrapolado ao sofrimento cotidiano e silencioso dos personagens, retratado tão bem em Beleza Americana.
Aquela cena do saco plástico dançando com o vento é demais!!! Tem tudo a ver comigo, gosto das coisas daquela maneira! Seria legal se todo mundo pudesse ver qnta beleza existe por trás das coisas mas banais...
domingo, 10 de outubro de 2004
Man At Work
Cornitermes cumulans & Cornitermes snyderi
Esses nominhos aí respondem pelo fardo que tenho que carregar até o ano que vem! Amanhã (véspera de feriado) eu estarei em uma área de pasto no campus II UFG às 8 da manhã coletando ninfas de aleluia! ALELUIA!!!
Acordo as 7 pego 2 ônibus levo uma hora até o campus; pego a picareta, vidrinhos com alcool 70 e pinças no laborátorio e vou "solito" para a companhia dos cupinzeiros e das vaquinhas que mansamente pastam na área utilizada para coletas. Respeitando o meu limite físico, quebro três ninhos por turno levando umas duas horas e meia para tal. Isso quando a coleta é bem sucedida, ou seja, qndo existem aleluias nos ninhos escolhidos.
A cada mês preciso quebrar seis ninhos, sendo três de cada espécie (designada no título). Isso significa dois dias, no mínimo, para a coleta de cada mês. Para diminuir o efeito do tempo nas amostras é interessante que as coletas das duas especies sejam feitas com a mínima diferença possível de tempo, ou seja, que as coletas sejam realizadas sempre na primeira semana do mês, por exemplo.
Essa é a primeira parte do meu trabalho... tem q triar, analisar, escrever!!!
É mole a vida de estagiário?!
Improviso tagarela
Vocês devem ter percebido que estou mais tagarela que o normal. É verdade!!! Se olharem o "Arquivo" dificilmente encontrarão mais de dois posts em um msm dia. É uma nova fase de algo que definitivamente não pode cair numa mesmice e , pelo contrário, estará sempre se transformando!
Funcionando como o jazz, entendem?! ;-D
Abandono ou Solidão
Ultimamente venho acordando irritado pela manhã... Hoje acordei lá pelas 11 e não estava me sentindo legal, revigorado!!! Venho dormindo mal, talvez pelo calor ou pelo descontrole geral que aparentemente tenho em relação a minha vida! Muito tem sido feito e pouca realização tenho sentido! Pouco retorno...
Parece que afasto as pessoas de mim para me sentir mais à vontade! O abandono alimentando minha solidão...
Jazz
Não sei explicar direito porquê, mas tô numa fase muito jazzística... Os últimos três pacotes de arquivos que baixei no eMule foram arquivos do Miles Davis... A gana por jazz está tamanha que meu espaço nos dois HDs se esgotaram (assim como os CDs virgens!) e aguardo minhas finanças se equilibrarem para desafogar essa situação!
Estou escutando o "Miles Davis - Bitches Brew The Complete Sessions - digitally Remastered - 4 CD" que é um excelente album de vanguarda do jazz. Possui muitos elementos inovadores... Sua "digestão" não é trivial mas a música sem sombra de dúvida é de extrema qualidade!
Os outros pacotes foram o "Miles Davis - The Complete In A Silent Way Sessions - Digitally Remastered - 3 Cd Set" e o VCD do "Miles Davis - Miles in Paris"
Marcadores: 1001 discos, autorais, dicas, internet, música
quarta-feira, 6 de outubro de 2004
The Buddha, the Dhamma, the Sangha
The goal of the Buddha's teachings is freedom - freedom from the bondage of passions, freedom from the distress we inflict upon ourselves through our ignorance, and ultimately, freedom from the rounds of birth and death - Nirvana. Like the dazzling peak of a snowcapped mountain that we can see in the distance but not yet touch, the freedom of Nirvana lies at the end of a path, the Noble Eightfold Path. But the path is a long one, sometimes smooth and sometimes rough, with many twists and turns, and if we are to walk it with steady steps and without being sidetracked, we will need help. To the Buddhist this help comes in the form of the Three Refuges - the Buddha, the Dhamma and the Sangha.
The Buddha is a refuge because his life and attainments remain living proof that Enlightenment is possible, that human perfection is the true purpose of life. He is the supreme archetype for all who quest for spiritual maturity. Reflecting on the Buddha's life and example fills us with the enthusiasm needed to walk the Path. The Dhamma, the Buddha's teachings, are a refuge because they provide us with a realistic and complete description of reality as well as advice on ethics, social relationships, meditation and almost every other aspect of life. The Sangha is the fellowship of the Buddha's disciples, past and present, enlightened or unenlightened, bound together by their common commitment to attaining what the Buddha attained. The Sangha is a refuge because those who have preceded us on the Path can give advice on the journey ahead, while those who walk with us can provide companionship on the journey, bring us back to the Path when we deviate, and help us when we stumble and fall.
While the Buddha realized the Dhamma and then proclaimed it, the Sangha aspires to become like the Buddha by practising that Dhamma. Thus we can say that the Dhamma is pre-eminent among the Three Refuges. The Buddha himself said he lived dependent on Dhamma, honouring Dhamma, respectful and deferential to Dhamma, with Dhamma as a banner, with Dhamma as a standard, with Dhamma as overlord.